Meu dia seguinte correu normalmente. Acordei 5 horas e continuei deitado até a minha mãe ir lá no quarto e me chamar pra ir pra escola. Tomei um banho bem demorado e comi o café bem devagar. Estava sem a menor vontade de ir pra escola.
Cheguei atrasado e levei uma advertência por não ter copiado a tarefa. Estava sem disposição para fazer nada. Cheguei em casa 13:00 porque fui caminhando devagar e olhando a paisagem.
Não sei porque estava tão triste e calado. Me joguei na cama assim que cheguei em casa. Não estava com fome.
Fiquei pensando em tudo de novo: ballet, mãe, Ane, meus colegas, minha vida acabando e chorei. Chorei muito. Todos estavam dormindo então eu podia chorar a vontade. Estava sentindo uma dor horrível no peito. Não tinha ninguém pra conversar e contar meus problemas.
Eu sempre fui o estranho. Gostava de coisas que não eram pra um menino gostar. Fui tachado de gay milhares de vezes. Não tinha muitos amigos e nem era o aluno ou o filho exemplar.
Minha mãe nunca chegou pra mim e me abraçou, disse que me amava, nunca recebi nenhum elogio quando tirei notas boas. "Só fez a sua obrigação" era o máximo que eu recebia. Estava doendo demais. Tudo. Eu queria que algo desse certo pra mim.
Eu me tranquei no banheiro e peguei o barbeador do meu irmão. Passei-o pelo meu pulso e senti o sangue quente escorrendo pelo meu braço.
Parei de chorar. Senti um alívio tão grande. Instantâneo.
Na aula havia aprendido que qualquer coisa que lhe fizesse sentir mais dor do que a que você estava sentindo liberava endorfina. Endorfina alivia.
Depois do meu momento de fraqueza, chorei de novo. Não conseguia parar de chorar. Por que eu fiz isso?
Lavei os cortes e eles ardiam no meu pulso.
Como eu iria escorder aquilo?
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Non-FictionEssa história é sobre um garoto pobre, que viveu em meio à um lugar inadequado para uma criança, passou por muitas dificuldades, mas apesar de tudo, nunca desistiu de seu sonho. É uma história de superação, feita para mostrar que nada é fácil, mas s...