Por volta das 14h40 ela chegou na minha casa. Eu ainda não tinha almoçado, dormi a tarde toda e estava assistindo TV quando ela tocou a campainha. Estava usando um vestido azul claro meio rodado e o cabelo com um coque frouxo e bagunçado. Estava linda, como sempre.
- Oi - eu disse.
- Oi - ela respondeu e foi entrando. - Sua mãe não tá em casa?
- Não. Tá trabalhando.
- Hum. Seus irmãos? - ela apontou para o porta retrato na estante.
- É.
- Já almoçou?
-Ainda não. Dormi depois que cheguei.
- Tava penando em a gente ir lanchar no shopping. - ela falou.
- Ok. Eu vou tomar banho e me arrumar e a gente vai. Vem conhecer me quarto.
Ela sorriu e me acompanhou.
O clima tava meio estranho depois que a gente se beijou. Já não era mais amizade, mas também não era um namoro. A gente ainda era tão criança. Eu não estava pronto pra um relacionamento. E aposto que ela também não.
- Quarto, essa é a Ágata, Ágata, esse é o Quarto.
- Prazer quarto. - Ela disse e sorriu.
- Você pode ficar aqui enquanto eu me arrumo. Não vai demorar. - Escolhi uma roupa e fui pro banheiro. 15 min depois estava pronto.
- Uau. - Ágata disse. - Assim eu me apaixono. - E começou a sorrir.
- Bobona. - Peguei uma almofada e joguei nela. - Vamos?
- Claro. Mas não me responsabilizo por nenhuma morte se alguma menina olhar pra você.
Sorri e disse:
- Também não me responsabilizo.
Não conversamos muito no caminho, mas era bom só andar do seu lado. Ela quebrou o silêncio e disse:
- Olha, eu sei que você pensou que a gente sei lá, teria algo mais sério, ou ah... você entendeu - Assenti. - Mas, eu só tenho treze anos sabe? Você agora que vai fazer catorze e não sei. Acho que estamos nos precipitando.
- Fico aliviado. - respondi sem pensar.
- Sério? - ela parecia meio decepcionada.
- Não, assim... eu também penso isso e no futuro quem sabe, a gente possa ter algo. Mas agora eu sinto que não estamos preparados.
- Mas nada impede uns beijinhos de vez em quando né?
Comecei a sorrir.
- Safada.
- Eu?! Imagina. Só estou querendo deixar as coisas claras. - E então ela sorriu o mais malicioso dos sorrisos.
- Tá, mas já que a gente não tá namorando nem nada, não é proibido ficar com outras pessoas né?
- Claro que é proibido seu safado! A gente não tá namorando mas você é meu. Só MEU.
- Nossa que ciumenta.
- Sou mesmo. E é bom você se comportar.
- Tá bom mamãezinha. - sorri e ela retribuiu.
Nós lanchamos e perto de escurecer voltamos pra casa caminhando.
- Eu gosto de estar com você - eu disse.
- Eu também - ela respondeu e me deu um selinho. - Já vou indo.
- Tchau amor.
- Ai não faz assim por favor - ela fez cara de tristinha e eu dei outro selinho.
- Tchau meu bem - ela disse por fim e eu sorri.
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Non-FictionEssa história é sobre um garoto pobre, que viveu em meio à um lugar inadequado para uma criança, passou por muitas dificuldades, mas apesar de tudo, nunca desistiu de seu sonho. É uma história de superação, feita para mostrar que nada é fácil, mas s...