Era uma madrugada fria, ventava demais, Ayla estava com sua única amiga, Sophia, na sala de sua casa. Conversavam sobre a escola, como estavam no terceiro ano do ensino médio tinham bastante assuntos para falar, principalmente sobre a formatura, que seria dali há uns dez meses. As garotas falavam sobre quais vestidos usariam e o sapato. Era óbvio que iriam juntas e com seus pares, que ainda não haviam decidido quem seria, mas havia bastante tempo para pensar sobre isso. Depois de muito conversar, as garotas viram que já era tarde e decidiram ir dormir, pois no dia seguinte ainda teriam aula pela manhã.
Ayla foi ao banheiro e sentiu que algo estava bem errado, um frio na espinha e um arrepio desconfortável se fez presente em seu corpo, mas a garota não deu muita importância. Achou ser só sua imaginação. Depois disso ela saiu do banheiro e foi para seu quarto, sua amiga já estava na sua cama - que era grande para as duas. Ficaram ainda conversando um pouco, mas logo caíram no sono, porém, uns 20 minutos depois, Ayla acordou com a sensação de que alguém estava observando-a, não conseguia dormir por culpa daquela sensação. Vendo que não iria conseguir ignorar decidiu abrir os olhos, primeiro olhou para sua amiga para ver se não era ela, mas a mesma dormia profundamente ao seu lado, passou os olhos pelo quarto escuro, olhou para a porta e não havia nada, mas quando seus olhos passaram pela janela ela sentiu o frio na espinha novamente e paralisou encarando aqueles olhos, mesmo com medo, era assustador mas a garota não conseguia desviar os olhos. Foi então que um clarão devido os faróis de algum automóvel tomou conta do quarto e ali ela percebeu tanto que estava chovendo quanto que os olhos que a observavam não tinham pálpebras e pertenciam ao que parecia um garoto muito branco e com cabelos negros, ela então notou o rosto sorridente com sangue e fechou os olhos com medo. Algum tempo depois abriu os olhos vagamente e viu que o garoto não estava lá, respirou pesadamente e tentou ignorar pensando ser sua mente lhe enganando, virou de lado e tentou dormir, mas na sua mente só vinha aquele par de olhos lhe encarando.
No dia seguinte, pela manhã, ambas as garotas estavam arrumadas para irem à escola. No momento estavam tomando café quando Ralph, o cachorro da família, apareceu na porta de vidro da cozinha. Ayla abriu a mesma e o cão adentrou na casa, logo recebendo carinho da parte das duas garotas. Assim que terminaram de comer deixaram as coisas na lava louça e, depois de trancar as portas e janelas, saíram da casa trancando a porta principal. A mãe de Ayla estava viajando à trabalho, e como a garota já tinha seus dezenove anos, a progenitora decidiu dar o voto de confiança e responsabilidade para a filha única.
No caminho para a escola Ayla falava sobre uma prova de Biologia que iria ter no quinto tempo hoje. Como estudavam em tempo integral, era normal chegarem em casa às cinco da tarde, muitas vezes chegavam às seis horas. A escola não era muito longe da casa da garota, logo chegaram no local e se juntaram a outras amigas e amigos. As aulas foram longas e os trabalhos também, só naquele fim de semana a morena tinha um trabalho de Física para resolver e um resumo com mais de quinhentas palavras sobre a Segunda Guerra Mundial. Era óbvio que o estudo era puxado, mas ela conseguia sempre estar na média em suas notas. Quando o sinal de saída finalmente tocou Ayla guardou suas coisas rapidamente e saiu da sua sala vendo alguns amigos no corredor. Saíram todos juntos, como de costume, e logo cada um seguiu para uma rua diferente ao decorrer do caminho até a casa de Ayla, que era a última. Conversas e risadas reinavam no grupo de adolescentes, este que era constituído por pessoas diferentes; como roqueiros, alguns viciados em cigarros, outros mais calados, outros com vários problemas psicológicos. Mas todos eram tratados com respeito um com o outro no grupo, se tratavam como uma verdadeira família.
Ayla chegou em casa e ouviu latidos do seu cachorro, este que correu até si com o rabo abanando freneticamente de felicidade. Ralph sempre fora um cão amável e manso. A garota decidiu deixar sua bolsa no sofá, pois voltaria para a sala, subiu até seu quarto tirou o uniforme - somente a blusa da farda escolar e a calça jeans. Dentro do banheiro a garota cantarolava uma música qualquer, não demorou muito a sair do banho e, com a toalha amarrada no corpo, foi até seu guarda roupa, vestiu sua peça íntima e optou por um short e uma regata, e ficou sem sutiã pois para ela aquilo incomodava muito e além disso estava em casa.
Já eram sete horas da noite, - havia chegado tarde -, Ayla estava sentada no sofá com livros sobre o mesmo e algumas folhas sobre a mesinha de centro. Seu celular era usado para ouvir músicas e fazer pesquisas, a televisão estava desligada. Ralph estava deitado do outro lado da mesinha de centro, porém o cão se levantou de supetão e começou a latir. A garota ignorou, achando que era seu animal queria sua atenção depois de passar mais um longo dia sem ela em casa, mas logo foi perdendo a paciência. Ela queria muito estudar e fazer os trabalhos para ficar livre no final de semana, mas seu cachorro não estava ajudando.
- O que foi, Ralph? Eu não posso te dar atenção agora, eu tenho que estudar!
Foi só ali que Ayla percebeu que o cão não latia para si e sim para algo atrás dela. Seus olhos detectaram um movimento espelhado na televisão, quando forçou seus olhos a se fixaram naquele reflexo a garota sentiu aquela sensação novamente e seu corpo ficar gelado de medo, havia alguém atrás de si de cabeça baixa e coberto por algo que parecia um capuz de um moletom. Ela não queria virar, e nem iria virar. Com os olhos ainda focado na pessoa atrás de si, Ayla viu a pessoa se aproximar erguendo a mão, não conseguia identificar o objeto, mas assim que a luz refletiu naquilo que a pessoa erguia viu o metal, era uma faca. O coração da garota batia rapidamente contra seu peito, seu corpo tremia e seus olhos estavam lacrimejantes mesmo que nenhuma lágrima caísse. Quando a pessoa levantou a mão que tinha a faca em punho, Ralph rosnou e pulou sobre a mesinha e o sofá mordendo a mão do desconhecido. Ayla juntou suas últimas forças e correu para a cozinha, procurou por algo para se proteger e tudo que achou foi uma faca. A garota pegou a faca e, com uma coragem que não sabia que tinha, foi de mansinho na sala, porém não viu nada além de seu cachorro totalmente sujo de sangue e, consequentemente, ferido. Assobiou chamando a atenção do animal para si, ele correu em sua direção.
- Ralph, eu preciso que você fique seguro. Você é tudo o que eu mais amo!
A morena falou abrindo a porta de vidro da cozinha, empurrou o cachorro para fora com um aperto no coração. Quando fechou a porta se assustou quando viu a figura refletida no vidro, a garota se virou dando de cara com aquele garoto com a cabeça abaixada e com uma faca em punho. Ayla notou que o braço do mesmo estava machucado, provavelmente onde Ralph mordeu-o. Se assustou levemente quando ouviu a risada estridente direcionada a si, aquele som estremeceu todo seu corpo. A mais baixa - já que aquele garoto era explicitamente mais alto - apertou o cabo da faca com firmemente juntando coragem suficiente para poder se mexer. Ele foi andando em sua direção, a faca suja em mãos e o sorriso permanente no rosto só fez o medo da garota aumentar. O garoto desconhecido parou na frente da garota e deu uma risada baixa e totalmente fria e, sem pensar duas vezes, Ayla levantou a faca tremula até o peito alheio surpreendendo o garoto encapuzado. Mesmo tremendo a garota levantou seu olhar da faca até o rosto alheio e notou a fisionomia do garoto, os olhos de íris claras e sem pálpebras fizeram seus pelos arrepiarem e uma friagem subir pela sua coluna.
Os olhos da garota se focaram no sorriso alheio, obviamente sua boca fora cortada num sorriso permanente e doloroso para a eternidade. Os olhos da menina se arregalaram quando o garoto deu alguns passos fazendo a ponta da faca perfurar levemente seu abdômen, ela não sabia o motivo daquela atitude até porque ninguém gostaria de levar uma facada. Ayla puxou a faca para longe quando viu o moletom branco começar a se sujar de sangue, quando observou a faca viu a ponta dela suja daquele vermelho quente e escarlate, sua mente divagou por múltiplos pensamentos. Ayla se assustou quando ouviu o latido de Ralph e alguém bater na sua porta, a garota deixou a faca cair no chão e só voltou a realidade quando as batidas começaram a ficar mais altas, olhou ao redor e viu seu cachorro aos seus pés latindo. "A porta está aberta... Ele fugiu?" pensou. Balançando a cabeça garota se abaixou pegando a faca e jogando a mesma na pia e correu para atender a porta, olhou pelo olho mágico e viu que era Sophia, sua melhor amiga, logo abriu a porta.
- Meu Deus, que demora Ayla! Você não me ouviu quase derrubando a porta não? - a amiga perguntou.
- Me desculpa, eu estava de fone. - falou apontando para a mesinha de centro, que ainda tinha seus livros e folhas além do seu celular e fone de ouvido.
- Você deveria começar a ouvir música mais baixo, vai acabar surda. - Sophia falou ligando a televisão.
Ayla suspirou confusa quando Ralph apareceu na sala completamente limpo, só assim percebeu que ele não estava machucado. "Ele limpou o Ralph?". A garota então se lembrou da faca suja em sua pia e correu para lavar a mesma, porém quando chegou lá não tinha faca nenhuma, nem mesmo as manchas de sangue estavam na pia ou no chão. A cabeça da garota girava tentando não pensar que ele havia limpado tudo em tão pouco tempo, será que estava louca e imaginou tudo? Será que o estresse na escola havia afetado sua imaginação ou tudo aquilo era real?
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Apaixonada Pelo Jeff The Killer (Sendo TOTALMENTE adaptada)
HorrorAyla era uma simples garota, se metia em algumas confusões mas nunca chegava ao extremo de sua raiva. Mas tudo mudou, quando aquele psicopata entrou em sua vida, de início fora assustador mas algo dentro de si lhe acalmou. E foi ali quando tudo com...