Levinse estava imerso em suas memórias, revivendo o momento em que ele e Mike se aventuraram naquela casa misteriosa. Sentiu um aperto no peito ao lembrar da presença do amigo, agora ausente e presumivelmente falecido. No entanto, a lembrança trazia consigo um sentimento de conforto, uma conexão com um passado mais simples e menos assustador do que o presente.
Com um suspiro, Levinse decidiu continuar explorando o corredor da casa. Cada porta parecia esconder segredos e mistérios que ele mal podia imaginar. O tempo passava lentamente naquela atmosfera opressiva, alimentando a crescente sensação de isolamento e desespero.
Enquanto ponderava sobre abrir novamente o primeiro quarto, uma lembrança vívida de Mike o interrompeu, trazendo à tona uma sensação de nostalgia misturada com tristeza. Levinse se viu transportado de volta ao momento em que ele e Mike estavam juntos, enfrentando o desconhecido com coragem e curiosidade infantil.
A imagem da casa, com seus detalhes surreais e enigmáticos, contrastava com a simplicidade e alegria daquela aventura passada. Levinse se viu perdido em suas lembranças por um momento, antes de retornar à realidade sombria da casa sinistra.
– Ainda sabe abrir fechaduras com clipe?
– perguntou Levinse, com um tom de surpresa.
– Eu nunca esqueci – respondeu Mike, com um sorriso confiante.
– De quem era essa casa mesmo, Mike? – indagou Levinse, enquanto acendia um cigarro.
– Lembra da velha que ficava carpindo o quintal de madrugada? – lembrou Mike.
– Ah, sim... Não acredito que é dela! Jared costumava falar dela, mas eu sempre achei que fossem histórias inventadas – comentou Levinse, com um misto de espanto e incredulidade.
– Pois é, ela morreu há algum tempo. Sem família nem amigos, a casa ficou abandonada – explicou Mike, enquanto tentava abrir a porta com o clipe.
– Como ela está morta, talvez não se importe de ter visitas – sugeriu, dando de ombros.
– Pronto, consegui! – anunciou, triunfante, ao abrir a porta.
– Cara, você tem que me ensinar a fazer isso. – sugeriu Levinse, admirando a habilidade de Mike.
– Na próxima eu te ensino. – concordou Mike, com um sorriso de cumplicidade.
A casa encontrava-se em um bairro distante de Averlines. Era uma moradia modesta com dois quartos, uma sala, um banheiro e uma cozinha. Mike e Levinse estavam ali com apenas uma intenção: vasculhar em busca de algo de valor.
Ao adentrarem a casa, depararam-se com um ambiente desgastado pelo tempo. O primeiro objeto que chamou a atenção foi um relógio de parede antigo, já parado há muito tempo. Na sala, um sofá desgastado e uma televisão obsoleta sobre um antigo criado-mudo compunham a mobília. Um tapete branco de crochê, visivelmente envelhecido, decorava o piso desgastado.
– Essa casa fede a chulé. – comentou Mike, enquanto revirava as cortinas das janelas.
– Bem, uma senhora morava aqui. O que mais esperava? – observou Levinse, enquanto vasculhava a sala com a lanterna.
– Talvez um cheirinho de bolo... – sugeriu Mike, com um leve sorriso.
– Ou de tortas... – completou Levinse, arrancando um riso do amigo. – Não há nada de interessante aqui. Vamos dar uma olhada nos quartos?
– Você cuida dos quartos e eu darei uma olhada na cozinha. – propôs Mike.
– Combinado. – concordou Levinse, adentrando o primeiro quarto do corredor.
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A Casa com 14 Bilhões de Quartos.
HorrorAo ler essa história você entrará em um mundo fictício de drama, terror e suspense. A Casa com 14 Bilhões de Quartos, nome que deliberadamente justifica o enredo da história, onde os personagens irão caminhar por um corredor sem fim, fugindo d...