Capítulo 2 - 1° QUARTO

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Tudo no quarto exalava uma atmosfera tranquila e acolhedora. As paredes floridas criavam um ambiente agradável, complementado por uma bela cama de casal com lençóis de malha branca, uma poltrona de couro escuro e uma elegante mesa de cabeceira repleta de perfumes e batons. Levinse e Mike sentiram-se transportados para um estado de conforto e calma. Era como caminhar sobre um tapete macio de veludo branco que cobria a maior parte do quarto. Um ventilador de teto girava suavemente, embora não produzisse qualquer brisa. No entanto, o elemento verdadeiramente estranho era um armário antigo de madeira, com portas pregadas, de onde vinham ocasionalmente ruídos de movimento em seu interior.

Apesar da aparente normalidade, Levinse e Mike não podiam ignorar o perigo que os cercava. Levinse sentiu-se profundamente culpado por terem entrado naquela casa.

– Mike, acho que foi um erro termos entrado aqui – confessou Levinse, com um tom de preocupação.

– Você acha? Estamos em uma enrascada! Viu o que aconteceu lá fora? Isso é coisa do capeta, e você sabe! – Mike expressou sua preocupação de forma irônica.

– Você acha graça? – perguntou Levinse, confuso com a reação do amigo.

– Relaxa, com certeza há uma maneira de sairmos dessa – tentou acalmar Levinse.

– Cara, a porta sumiu! – disse Mike, frustrado.

– Você está certo – concordou Levinse, deitando-se na cama. – Mike, me desculpe. Reconheço que tudo isso foi minha culpa.

– Vamos conversar sobre isso depois, Levinse. Agora, precisamos descobrir como sair daqui – disse Mike, olhando ao redor do quarto em busca de uma solução.

– Mike, você está com o meu cigarro – lembrou Levinse, estendendo a mão para pegá-lo.

– E então, qual é o plano? – perguntou Mike, entregando o maço de cigarros a Levinse.

– Não sei, cara. Primeiro, vamos analisar os fatos – disse Levinse, abrindo o maço de cigarros e acendendo o segundo com seu isqueiro Zippo prateado, tomando uma tragada para aliviar a tensão. – Sabemos que a porta desapareceu, o que é bastante estranho, mas de repente nos deparamos com um corredor repleto de portas.

– Não podemos deixar de lado os detalhes – concordou Mike, sentando-se na poltrona ao lado da cama. – Aquele velho maluco, a transformação da casa... você viu como tudo mudou tão rapidamente?

– Uma loucura! – concordou Levinse, soltando uma nuvem de fumaça. – E de onde diabos surgiu aquele velho? Ele simplesmente apareceu do nada.

– E aquelas coisas lá fora... seriam... almas? – perguntou Mike, visivelmente perturbado.

– Pessoas vivas que não são mais – respondeu Levinse, com uma expressão sombria.

– Isso é horrível! Não podemos ficar presos neste quarto para sempre – lamentou Mike.

– E não vamos ficar! – declarou Levinse, levantando-se para vasculhar as gavetas da mesa de cabeceira.

– O que você está procurando? – indagou Mike.

– Levanta daí e vem me ajudar a encontrar alguma coisa – respondeu Levinse, apagando o cigarro em um cinzeiro de ferro sobre a mesa de cabeceira.

Os dois reviraram o quarto em busca de pistas. Levinse examinou todas as gavetas da mesa de cabeceira, enquanto Mike vasculhava a cama. Agitavam-se pelo quarto como duas crianças em busca de um tesouro perdido. Mike aproximou-se do estranho armário, observando-o atentamente por um momento antes de tentar abri-lo. As portas estavam pregadas, e ao espiar pelas rachaduras, percebeu a escuridão dentro dele. Um cheiro desagradável de urina emanava das fendas, e uma pequena fenda perto do chão gotejava um líquido negro, embora Mike não notasse essa peculiaridade. Enquanto isso, Levinse continuava sua busca, mas só encontrava batons, perfumes e muitas meias brancas. Sem muito sucesso até então, decidiu verificar debaixo da cama, embora estivesse escuro demais.

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