Capítulo 1 - APENAS UMA VOLTA

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O relógio batia exatamente vinte e duas horas na cidade de Averlines, uma vila distante do centro urbano, onde mora um rapaz de nome estranho que acabará de acordar de um terrível pesadelo. Muito perplexo, resolveu ligar para o seu melhor amigo Mike, para falar sobre tudo o que havia sonhado.

— Alô, Mike! Bora dar uma volta? Preciso espairecer um pouco — disse ele, com um tom animado.

— Levinse? Por que tá ligando desse número? Geralmente você usa o celular da sua mãe — questionou Mike, visivelmente surpreso.

— Ah, é o celular da minha tia. Ela tá aqui em casa... Mas e aí, topa sair? — insistiu Levinse.

— Não sei, cara. Já tá tarde — respondeu Mike, meio na dúvida.

— Vamos lá, Mike. Tenho que te contar do pesadelo que tive — insistiu Levinse.

— Você teve outro daqueles sonhos? Isso me preocupa — expressou Mike, preocupado.

— Não sei, não lembro direito... Mas preciso desabafar sobre o que vi — admitiu Levinse, incerto.

— Não dá pra conversarmos por telefone? — sugeriu Mike.

— Não, precisamos sair — respondeu Levinse, decidido.

— Cara, já falei pra você se afastar dessas coisas. Sabe que só faz mal — disse Mike, soltando um suspiro audível.

— Você não entende, Mike — interrompeu Levinse. — Essa coisa atormenta minha mente desde sei lá quando. Não sei o motivo, mas sei o quanto sofro com isso.

Um breve silêncio se seguiu antes de Levinse continuar:

— Vamos, preciso espairecer um pouco — insistiu ele.

— Tá certo, Levinse. Passa aqui em casa e decidimos o que fazer — cedeu Mike, resignado ao pedido do amigo.

– Certo, já estou indo – respondeu Levinse, preparando-se para sair.

Levinse estava genuinamente apreensivo com seu sonho. Não era o primeiro pesadelo carregado de sangue, fumaça negra e o som inquietante de correntes. Ele se sentia confuso e desconcertado com essas visões recorrentes. Por isso, buscava desesperadamente a companhia de seu melhor amigo Mike, o único que compreendia verdadeiramente seu sofrimento. Para Levinse, investigar seu passado e suas origens era uma mistura aterradora de fascínio e medo, uma jornada pela qual ele ansiava, na esperança de encontrar algumas respostas.

Naquela noite fria, Levinse se vestiu rapidamente. Optou por uma calça jeans escura e uma camiseta branca, complementando com seu tênis preto e sua jaqueta favorita, adornada com a estampa do OM, um símbolo misterioso que o intrigava profundamente. Enquanto saía de casa, lembrou-se de pegar seu maço de cigarros, quase esquecido no quarto.

Caminhando pelas ruas, Levinse avistou Mike sentado na calçada de casa, contemplando o céu nublado que encobria timidamente a lua cheia. Uma brisa suave balançava as folhas de uma glicínia próxima, adicionando um toque de serenidade à noite.

Mike, apesar de não demonstrar grande preocupação com o sonho de Levinse, estava ansioso para contar uma história sobre uma colega de escola, uma história mal contada que esperava desviar a atenção do amigo do pesadelo.

Mike era alto e robusto, com cabelos loiros espetados, contrastando com Levinse, mais baixo e de físico mais delicado. A pele pálida de Mike estava levemente avermelhada pelo frio, mesmo com todos os agasalhos que usava.

– Mike, está um frio danado, mas essa touca... – Levinse não resistiu a uma provocação enquanto se aproximava do amigo.

– Deixa minha touca em paz, cara! – respondeu Mike, um tanto irritado.

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