Enfim, Levinse e Briana se afastaram o bastante para poderem caminhar. Não era realmente um alívio, afinal, estavam presos em uma floresta cuja, por fatos definidos, não havia portas para voltar à casa. O clima permanecia tenso entre eles, sempre preocupados olhando para os lados, suspeitando que alguém estava acompanhando seus passos.
Briana estava apreensiva e mais pálida do que o normal. Pelo jeito, não tinha sido um prazer rever aquela coisa. Levinse olhava os detalhes do lugar e percebia que algo não estava certo. Além dos seus conceitos traçarem uma batalha constante para juntar peças, era como sentir remexer o seu estômago, como um café da manhã que não o fez bem.
— Estranho... — começou Levinse.
— O que é estranho? — perguntou Briana, caminhando a passos medianos.
— Não sei, acho que estou tendo um déjà vu.
— Faz tempo que não tenho isso. Aliás, eu nunca gostei de ter. É um pouco esquisito, não é?
— Sim, parece que já estive por aqui — disse ele, boquiaberto. — É o mesmo do sonho! — berrou Levinse. — Eu sabia! — continuou ele. — Tipo, esse lugar, a floresta... tudo se encaixa, mas é claro, está diferente. — disse ele, frangindo a testa. — Está muito mais iluminado, menos frio e mais real.
— Certamente — concordou Briana, olhando em volta.
— Se realmente for o mesmo lugar que eu sonhei, é bom sairmos o mais rápido possível daqui.
Briana lhe deu um olhar pavoroso, mas continuou caminhando pisando firme sobre os galhos e folhas úmidas. O lugar era estranhamente tranquilo, ainda mais para uma floresta. Não ouviam sequer um grilo roçando suas pernas, apenas os passos de uma dupla que quando parados, havia só o silêncio, e aquilo era perturbador.
— Você não acha estranho? — perguntou Briana. — Esse sonho que você teve, está acontecendo agora mesmo?
Levinse a olhou surpreso, não esperava que ela fosse fazer essa pergunta.
— Nem tanto, eu tenho sonhos assim a vida inteira. Bom, não assim como essa floresta, mas é muito parecido. Desculpe, você não está entendendo nada, não é? — disse ele, percebendo a expressão de Briana.
— Hum... mais ou menos.
— Eu tenho visões estranhas. Antes de entrar nessa casa, eu tive um sonho, mas não me lembro dele. Foi o único que sonhei e não me lembro. Então, chamei o meu amigo. Ele conhecia a minha história e sabia que meus sonhos sempre acabam acontecendo, de um jeito ou de outro.
– Você está querendo dizer que sonhou com essa casa? – perguntou Briana, desviando de uma pedra enquanto caminhavam.
– Não tenho certeza, porque não me lembro de quase nada. Eu só lembro de ter visto algumas folhas e... – Levinse deu uma pausa antes de continuar.
Ele parou subitamente e olhou para cima, sentindo um arrepio percorrer seu corpo. A lua brilhava com fulgor em um amplo céu estrelado, com poucas nuvens movendo-se lentamente para o Sul, destacando a luz azul acinzentada que passava entre os grandes troncos das árvores. Era algo diferente do sonho: havia luz na escuridão. Mesmo podendo ver o caminho, não sabiam para onde ir, apenas seguiram em frente, entre as árvores imponentes. Mas o que lembrava do sonho que teve antes de entrar na casa o fez tremer.
– Levinse! – gritou Briana, preocupada.
– Estou bem – respondeu ele.
– O que aconteceu?
– Você ainda está com o livro? – perguntou ele.
– Sim, eu guardei na mochila antes de sair – disse ela, apertando os laços da bolsa.
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A Casa com 14 Bilhões de Quartos.
HorrorAo ler essa história você entrará em um mundo fictício de drama, terror e suspense. A Casa com 14 Bilhões de Quartos, nome que deliberadamente justifica o enredo da história, onde os personagens irão caminhar por um corredor sem fim, fugindo d...