A Morte Fica-Vos Tão Bem

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É Verão e decidimos ir a algum lado separados. Os nossos guarda-costas já nos tinham pedido isso várias vezes, mas continuávamos a quebrar essa regra, que nos tinha sido imposta há algum tempo, por razões de segurança. Sempre achámos que nada de mal fosse acontecer, até há umas semanas, quando a banda ia ficando sem o Ashton com fãs a puxarem-no.

Conduzi até um bar não muito perto de minha casa, mas a uma distância razoável, de maneira a que, se lá estivesse algum fã, não ficasse a saber onde moro, isso é algo a evitar. Ao chegar, olhei pela janela e reparei numa rapariga que olhou para mim. Ficámos a olhar um para o outro durante alguns segundos. Sorri para ela, sem mostrar os dentes. Ela desviou o olhar e continuou a andar.

 Saí do carro, com o telemóvel na mão enquanto punha a carteira no bolso de trás das calças. Cheguei perto da porta do bar, onde estava uma fila grande, cheia de gente aos pares, e o segurança faz-me sinal, dizendo que posso entrar imediatamente, sem ter de esperar, nem pagar. Provavelmente reconheceu-me

Ao chegar ao bar da discoteca, peço uma bebida cujo nome tinha ouvido ser mencionado quando cheguei. Quando ma entregam, pergunto se o barista tinha reparado na rapariga que tinha visto. Descrevo-a com precisão.

- Lamento, não a vi, rapaz. Tente procurar melhor por ai. – respondeu-me, depois de lhe ter pago.

- De quem é que 'tás à procura? – pergunta um rapaz perto de mim.

- Ninguém, não te preocupes. – respondo, ao tentar não fazer com que desvie as atenções.

- Descreveste a minha dama ao homem, preocupo sim.

- Ei, desculpa, meu. Não me meto com ela, descansa. – Acabo de beber, e saio sem dizer mais nada. Quando olho para trás, noto que ele continua a olhar para mim, fixamente.

Depois de pousar a minha bebida num tabuleiro qualquer, vou à casa de banho lavar a cara e ponderar se ter vindo aqui sem companhia foi boa ideia. Estava a chegar à porta quando, repentinamente, uma rapariga a olhar para o telemóvel choca comigo. Quando olha para cima, reparo que é ela, quem eu tinha visto e descrito. Depois de saber que tem namorado, sei que não devia mesmo meter-me, mas é ela que intervém.

- Oh meu Deus, não acredito que isto está mesmo a acontecer. – Diz ela extremamente feliz ao ver-me. Reparo numa bracelete antiga de plástico e suja que ela tem ao pulso com o nome da banda.

- Olá! Eu vi-te lá fora. – Digo, um tanto embaraçado.

- Eu sei. Também te vi. É uma pena não poder ficar aqui muito tempo, disse ao meu namorado que não havia de demorar muito tempo.

- Como é que entraste tão rápido? Estava uma fila enorme.

- Conheço gente. Mas podemos tirar uma foto? - Ela sorri.

- Claro. 'Bora lá. – Antes de responder, já estava ela com o telemóvel e com a câmara frontal ligada, apontada às nossas caras. Tirámos a foto, e ela apressadamente dá-me um papel, com um número de telemóvel.

- Encontramo-nos aqui daqui a quinze minutos, combinado?

- Tens a certeza? Eu não quero confusões,... – Espero que ela me complete a frase com o seu nome.

- ... Britney.

Entro na casa de banho com um enorme peso na consciência. Não consigo deixar de pensar se aquilo seria bom ou mau. A nossa carreira estava a começar e eu não queria estar no TMZ com notícias com o meu nome, a dizer que estava a roubar raparigas a namorados, minhas fãs. Não consigo parar de pensar nos problemas que podiam afetar-me não só a mim, mas também ao resto da banda e à editora que tanto nos apoia, e que aposta em nós e que não espera que deitemos tudo a perder.

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