Catch Fire

Preciso Que Me Ajudes

- Porque é que ele havia de fazer isso? – Pergunta-me o Michael, depois de lhes ter explicado o que se passou naquela noite, antes de termos acabado no hospital.

- Como eu disse, ele é violento. Depois de ver que estava com o Luke, provavelmente pressupôs que já o estivesse a ver durante a nossa relação. Não foi isso que aconteceu de todo, mas pronto. – Respondo, ao mexer no cabelo.

- Não achas boa ideia fazeres queixa à polícia? – Pergunta a Amanda, sem mostrar preocupação com a minha história.

- Acho que isso vai dar muitos problemas. Sei que houve quem testemunhasse o que aconteceu, e isso podia dar-lhe algum tempo de cadeia, mas acho que não é isso que quero. Ele deve estar arrependido e não quero que passe disso.

Ela levanta-se rapidamente ao ver o médico dirigir-se na nossa direção e pergunta se há novidades.

- Venho com boas notícias, felizmente. – Diz, ele, depois de todos nós nos levantarmos. – O Ashton está a recuperar muito bem. Se tudo correr bem, dentro de pouco tempo poderão vê-lo. Podem não se preocupar porque está tudo a correr como os nossos médicos esperam. Agradeço a paciência.

Fico muito contente, especialmente pela Amanda que fica radiante e noto que as lágrimas lhe vêm aos olhos com a ótima notícia.

- Fico tão contente. – Diz o Michael, enquanto abraça a Amanda.

O médico abandona-nos.

- Vamos poder vê-lo daqui a nada, oh meu Deus. – A Amanda senta-se, a chorar emocionada, aos braços do Michael.

***

- A Rita? – Pergunta-me ele, assustado, a olhar nos olhos. – Não...

- É difícil, mas agora não há nada que possamos fazer do outro lado do mundo, Luke. – Digo-lhe.

- A tua mãe tem razão. O aniversário da tua avó é daqui a poucos dias e nós não podemos estar aqui muito tempo, perto de ti. Tens de te preocupar em descansar e em nada mais, querido. – Diz o Andrew, a concordar comigo.

- Eu sei, pai. É só difícil de... - Ele tenta manter o choro e nós acenamos. Queríamos que ele se sentisse compreendido, e que ele soubesse que nós percebêssemos o quão mau deve ser receber uma notícia horrível como esta.

- Ouve, se quiseres que nós saiamos, nós saímos. Agora o que importa mesmo é que corra tudo bem e que recuperes como deve ser. – O Andrew volta a focar-se no que realmente importa. Estava mais preocupada como ele se estava a sentir depois de saber da Rita, mas se ele não tomasse precauções, o que poderá ter repercussões no futuro vai ser a saúde dele, enquanto que o facto de ele agora estar triste, não tarda terminará.

- Querido, eu acho que é melhor nós irmos andando. É melhor tu ficares sozinho por um bocado. Espero que saibas que nós estamos aqui para o que quer que precises, a sério. – Beijo-o na testa e ajeito o casaco depois de me levantar.

Vamo-nos embora e chegamos ao carro. Ficamos parados e não entramos. Respiro fundo e olho para o Andrew nos olhos.

- Achas mesmo que foi boa ideia não lhe termos dito? – Pergunto-lhe.

- Sim, Liz. Seria demasiada coisa duma só vez. Havemos de ter tempo para lhe contar. Ele vai recuperar rapidamente e, quanto tiver alta, contamos-lhe. Vais ver que vai ser melhor assim. – Diz-me ele, reconfortantemente.

- Acho que o nosso divórcio não vai ser uma coisa difícil de se conformar, ele vai continuar a poder ver-nos com regularidade juntos. Não vai ser isso que vai mudar.

- Ele vai ver as coisas de maneira diferente... – Diz ele, enquanto tira os óculos de cima da testa.

- Não sei o que dizer. Isto da prima já é complicado o suficiente, não achas? – Começam-se a sair lágrimas dos olhos. Fungo.

- Acalma-te, Liz. Vai tudo correr conforme planeado.

***