1 Capítulo

112 7 3
                                    

Song: Give Me Love - Ed Sheeran (Ver no link externo.)

Recordo-me dos teus longos cabelos e dos teus olhos relusentes sempre que despertavas o teu sorriso carinhoso e os pormenores das covinhas que fazias em cada canto desse mesmo sorriso e todas aquelas sardas que tinhas marcadas na maçã do teu rosto. Ainda me lembro desse rosto mesmo que não o tenha visto por muito tempo, aquele tempo que foi deitado fora, quando tu te foste embora e deixaste-me sozinho num mundo que não me diz nada, porque de tudo o que existe no mundo apenas o teu nome me despertava a atenção. Tudo o que eu conheci foste tu e tudo o que eu era perdeu-se quando partiste.
Tu lembras-te? Éramos duas crianças ingénuas à procura de algo que não sabiamos o que era, naquela altura era normal não saber o que era o amor. Para duas crianças não existiam namorados, mas existiam melhores amigos e era praticamente a mesma coisa, porém de um modo inocente como qualquer outro míudo.
Eu preso num seminário, ela livre; o facto de estar preso não era nenhum impedimento, arranjava sempre escapatória no tempo de recreio e fugia contigo para os mais variados sítios. Tu davas-me asas para que pudesse voar contigo. Quantas vezes não fiquei de castigo no seminário por tua causa. Eu não me importava, estar lá já era o próprio castigo, fugir contigo era a única coisa que me fazia feliz. Passeávamos no jardim, brincávamos no parque, pregavamos partidas às pessoas e ria-mos que nem uns perdidos; éramos uns verdadeiros traquinas, como qualquer criança.
Tive uma infância feliz do teu lado, mesmo que ao meu lado nunca eu tivera os meus pais que me abandonaram nesse mesmo seminário, havia algo que nos unia, talvez essa ausência de pais, pois tu também não os tinhas - deixaram-te da mesma maneira que tu me deixas-te.
- "Eu, eu gosto de ti Sarah.." - Já eu dizia a gaguejar do nervosismo que percorria o meu corpo. Estavamos sentados junto ao rio do pequeno bosque em que costumavamos passear em busca de aventuras. Assim que ouviste a minha declaração pela primeira vez ris-te-te e olhaste para os meus olhos como se não houvesse algo mais forte na palavra gostar, ou melhor sabias, porque te estavas a rir da minha cara de parvo enquanto eu tentava dizer o quanto te amava.
- "Eu também gosto de ti Harry, tu sabes disso. O que se passa contigo? "- Ela queria que eu desenbuchasse de vez. Este teria sido provavelmente o momento mais vergonhoso da minha vida e também o mais lamechas.
- "O que se passa é que... Eu sempre gostei de ti Sarah, eu percebi que te amo." - Apartir desse momento a vida deu-me o melhor que tinha para me dar. Os últimos dois anos que estive no teu lado, a amar-te cegamente sem dizer que eras o amor da minha vida, mas a desmostrar que o eras.
Éramos jovens e namoravamos às escondidas por causa dos teus avós. Nesta altura a gente costuma pensar que vive para sempre. Um dia disseste-me que ias viajar com os teus tios e o teu primo por uma semana, prometeste-me que chegavas rápido e, por isso, disseste que nem sequer iria sentir a tua falta. Fiquei descançado ao ouvir as tuas palavras. O problema foi que depois dessa semana nunca mais voltaste. Eu próprio descobri e posso-te dizer que a partir desse momento tudo mudou.
Notícia do Jornal:
"(...) Um adulto e uma jovem de 16 anos morreram no passado dia 23 de Agosto, vítimas de um acidente de automóvel na auto-estrada a caminho de uma localidade no sul do país onde iriam passar férias. Os ferimentos da jovem Sarah, sobrinha do condutor, eram demasiado graves e a jovem já no hospital com o apoio dos médicos acabou por não sobreviver (...)."
Devias de ter ficado comigo, mapa do meu ser, ganhaste asas,voas-te do meu peito e eu perdi-me.

Espero que tenham gostado deste primeiro capítulo.
Se tiverem algum comentário podem o fazer, irei gostar de ver as voças opiniões. Beijinhos x

Olivia Winchester




Roses In My LettersOnde histórias criam vida. Descubra agora