Capítulo 8 - A mudança

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- V-v-você vai mesmo? - Daniel acha que é brincadeira.
- Sim.
- É brincadeira!... né?
- Queria eu que fosse.
- Isso... Isso... Isso é sério?
- Desculpe, Daniel. Eu sei que nós prometemos que nunca ficaríamos longe um do outro... Mas até minha mãe concorda... - Carla tem dificuldade para falar enquanto chora.
- Vamos logo, Carla! Nova York nos espera! - Ricardo grita mais uma vez.
- Eu tenho que ir. - Carla abraça forte Daniel e dá um beijo... na bochecha. - Os trigêmeos vão comigo, mas se quiser, você pode ficar com eles.
- Eles vão ficar melhor com você...
- Vamos, Carla! - Ricardo impaciente.
- Adeus. - Carla se distancia.
- Adeus. - Daniel se distancia.

Pela primeira vez desde conheceram-se, eles vão se separar. Eles sabiam que um dia isso ía acontecer, mas eles não sabiam que seria tão cedo. Daniel pensou em um monte de jeitos para eles ficarem juntos, ele se esconde em uma das malas e várias outras. Mas se não desse certo, seria uma encrenca daquelas.

Carla ficou triste a viagem inteira, até os trigêmeos não ficaram muito felizes. Ela desceu do avião, triste, e foi o mais rápido possível para o seu quarto no apartamento.

- O que achou de Nova York, Carla? - Luana tenta animá-la.
- Triste.
- Olha a Times Square!
- Triste.
- Que tal irmos para Las Vegas, só mãe e filha?
- Parece... - Carla engana Luana falando animada. - Triste.
- O que é isso, Carla? Vamos! Se anime!
- Como eu vou me animar em um lugar que eu não queria estar?
- Carla, querida! Quanto tempo! - Carla nunca mais se esqueceria daquela voz, uma voz repugnante, dá raiva só ao ouvir aquela voz.
- Mãe, por acaso meu pai tá fazendo "oportunidades" com...
- Meu papi! - Christine aparece, mais esnobe e repugnante do que antes.
- Oi Christine. - Carla fala decepcionada.
- Cadê o Negrinho da Senzala?
- Ele não é escravo! - Carla gritou no mesmo tom que na escola. Causou vergonha no Hotel.
- Você gosta dele, não é mesmo?
- E-e-eu n-não s-s-sei d-do q-que v-você t-tá f-f-falando.
- Gaguejou até demais!
- Christine, eu já tô tenho dia ruim aqui sem você.
- Eu não vim aqui para irritar-te. Toma aqui, presente para os trigêmeos. - Christine mudou de esnobe e repugnante para amável e ajudante?
- Sei...
- Deixa disso, bobinha! O passado é passado!
- O passado é dois dias atrás?
- Agora é! O presente é bife! Cão adora bife. Aí têm quatro bifes.
- Foi feito apenas para cachorros?
- Não, é para humanos também. - Christine fala não entendendo nada.
- Então, come um pedacinho.
- Eu não estou com fome.
- Come e diz se é bom!
- Se os pulguentos... Quer dizer, trigêmeos são seus, você deve comer.
- Mãe, prova esses bifes? - Carla sabe que os bifes estão envenenados e ela quer saber até onde Christine vai chegar com isso.
- Claro, querida. - Luana corta um pedaço.
- Não! - Christine grita ainda mais alto do que Carla.
- Eu vou para o meu quarto, os gritos de vocês me deixaram surda. - Luana confusa.
- Os bifes têm veneno, não é mesmo?
- Sim.
- O que eles fizeram para você querer eles mortos?
- Nasceram.
- Eu disse uma vez e digo de novo: Como uma mulher tão doce e gentil morreu por você? Naquele incêndio. Você podia ter evitado aquilo tudo, mas você não quis. Ela pode te perdoar, mas você nem sequer vai ao túmulo dela. Você e seu pai, os dois se merecem. - Carla indignada. Christine não derramou uma lágrima.
- Ela foi para lá porque quis! - Carla se surpreende, Christine fala tão fria.
- Você ainda fala desse jeito sobre a pessoa que te salvou?
- Ela foi porque quis! E você não vai pôr a culpa em mim!
- Você iniciou aquele incêndio! A culpada é você!
- Cala a boca! - Christine dá um tapa na cara de Carla. - Não se intrometa onde não é chamada. - Christine vai embora.

Um Amor ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora