Prólogo.

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Capítulo sem revisão.

Prólogo

Berkeley, Califórnia, 1992.

    Estou escondido dentro do armário da cozinha embaixo da pia, com as mãos escondendo minhas orelhas. Queria saber onde mamãe está, assim que ele chegou ela mandou eu me esconder. Sempre é assim quando o monstro chega, tenho que ficar escondido, ouvindo os gritos de dor da mamãe até cair no sono.

    Minutos ou horas depois, sou acordado por um afago na minha cabeça, olho para ver quem está fazendo isso, mas já sei quem é. Mamãe está sentada no chão da cozinha com os olhos vermelhos cheios de lágrimas, e encarando insistentemente a parede branca a sua frente. Levanto-me e saio do pequeno espaço onde me encontrava e a abraço, tomando cuidado com seus machucados. Ela me abraça de volta, depois me olha com sua carinha cheia de manchas roxas e vermelhas e me da um sorrisinho sem dente.

    Apesar disso ela é a mulher mais linda do mundo! Dou beijinhos em todos os seus machucados, assim como ela faz quando eu caio e ralo meu joelho.

    – Mamãe, vamos embora. – sussurro pra ela, com medo do mostro escutar.

    – Querido, um dia iremos morar em uma linda casinha, só nós dois, e seremos muito felizes. – ela responde com sua voz doce, me dando um beijo na bochecha.

    – Mas mamãe, ele vai bater em você de novo! Eu não quero mais ficar aqui! – respondo querendo chorar.

    Eu queria morar em outra casinha, e poder ir pra escolinha. Quero ficar longe do monstro!

    Porque ela não entende isso? 

    Porque temos que continuar aqui?

    – Meu anjo, não chora. – limpa as lágrimas do meu rosto – A mamãe jura para você que iremos embora, só não será hoje. – diz e me abraça. – Vamos para o seu quarto dormir, está muito tarde para você ficar acordado.

    – Mas eu já sou grande mamãe! Já tenho quatro anos! – mostro nos dedos quantos anos tenho. Ela ri, e levanta comigo nós braços. Apesar de machucada, ela consegue me levar para cama, e como todos os dias, deita-se junto comigo.

    – Você já é um homenzinho, Rush, já é grandinho, mas também precisa descansar, assim como a mamãe. – beija minha testa e eu me aconchego mais nela, sentindo seu cheiro – Boa noite meu bebê.

    – Boa noite mamãe.

2 anos mais tarde...

    Estou brincado, sozinho na sala, faço de conta que o controle remoto da televisão é um carrinho. Eu queria ter um carrinho de verdade, mas o mostro não me deixa ter brinquedos ou amiguinhos. Mamãe disse que amanhã, vai comprar para mim um carrinho, porque é meu aniversário de seis anos, estou muito feliz, será meu primeiro carrinho! Mas eu terei que escondê-lo quando o mostro estiver por perto, se não ele irá quebra-lo.

  

    Hoje é meu aniversário, acordo cedo, pois estou muito ansioso. Levanto da cama, e saio correndo em direção à cozinha. Sei que o monstro não está em casa, ele quase nunca está.

    Quando chego á cozinha, encontro-a linda como sempre, vestida em um vestido amarelo e com os cabelos pretos soltos. Ela se vira para mim e sorrir.

    – Bom dia, meu amor! Feliz aniversário Rush. – me pegando do chão, ela me beija diversas vezes e me coloca em cima da pequena mesa. – A mamãe fez um café da manhã especial pra você querido. E também comprei um presente!

    Dizendo isso ela coloca o café da manhã na mesa, um mingau de aveia e um pão duro. O meu preferido, porque às vezes aqui não tem comida, e minha barriga dói, mas eu não reclamo muito para a mamãe, porque se eu reclamar ela irá chorar, e eu não quero vê-la chorar!

    – Mamãe, cadê meu presente, cadê? – pergunto me remexendo na mesa, quase não aguentando de ansiedade. Ela me olha sorrindo, e sai da cozinha. Minutos depois volta com um embrulho vermelho, e me entrega. Eu o abro quase gritando de alegria, e encontro um carrinho preto. Não aguento e começo a chorar. Mamãe vendo minha reação me abraça, e me pergunta o que aconteceu. Mas eu não consigo responder, só chorar.

    – Rush querido, responde pra mamãe filho, o que ouve? Você não gostou do presente? Não tem problema amor! Só me diz o que foi! – ela continua perguntando o que está acontecendo. Mais calmo eu respondo.

    – Eu adorei o meu carrinho mamãe!

    – Então porque você esta chorando? Em? – pergunta limpando minhas lágrimas.

    – É porque eu nunca tinha visto um carrinho de perto, ele é tão bonito! Mais do que eu pensei. E ele é meu! Não é mamãe? – falo quase gritando, de tão feliz que estou. – Hoje é o dia mais feliz da minha vida! Amo você mamãe, obrigada!

    – Eu também amo você , Rush!

    Mais tarde naquele dia, estou brincando com meu carrinho, e não paro de sorrir. Olho para mamãe, que está sentada no sofá perto de mim, ela me olha de volta e me da um sorrisinho também. De repente seu sorriso some, e ela está olhando para porta, olho na mesma direção e gelo quando vejo o monstro parado, ele chegou mais cedo hoje.

    Ele olha para mim, e eu sinto a maldade nele. Levanto e saio correndo, tenho que esconder meu carrinho, e também tenho que me esconder! Mas não vou muito longe, logo sinto suas mãos me agarrando pela camisa e me suspendendo no ar.

    – Solte-o! Agora! – escuto mamãe gritar desesperada. Mas ele não me solta.

    – Cala boca sua vadia de merda! Hoje vou ensinar uma lição para esse bastardinho! – ele fala com desprezo – Uma lição que deveria ter dado a ele, há muito tempo!

    – Pelo amor de Deus, Robert! Largue o menino, ele é só uma criança inocente! Não tem culpa de nada! Solte-o, se quer bater em alguém, bata em mim! – mamãe fala desesperada, e pela sua voz sei que está chorando.

    Ele não faz como ela pede, simplesmente me arremessa contra o chão e começa a chutar minha barriga. Dói, dói muito! Mas pelo menos não esta batendo na mamãe. Enquanto ele me bate eu faço uma oração silenciosa a Deus, pedindo ajuda para mim e para ela.

    "Papai do céu, por favor, me ajuda, não quero mais viver com esse monstro, me leve pra longe dele junto com minha mamãe, onde vamos ser felizes, só eu e ela, por favor, papai do céu! Salve-nos!"

    Não sei se orei certo, ou se o papai do céu irá me escutar, mas mamãe me disse uma vez, que sempre posso contar com ele nas horas difíceis.

    Robert continua a me bater, me pegando do chão ele me deixa a altura de seus olhos, e me olha com um sorriso de dar arrepios. Estou tentando não dormir ou chorar por causa da dor. De repente estou com sono, mas se eu dormir agora ele pode fazer algo ruim contra a mamãe, e eu não vou deixar!

    Olhando com para o lado, vejo mamãe esmurrando o monstro, mandando ele me soltar. Mas ele finge que não a vê, e começa a me dá tapas, e depois socos no meu rosto. E nesse momento, olhando minha linda mãezinha, não consigo mais segurar e sou levado pela escuridão.

  

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RUSH (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora