II. O Raide

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Jayson saiu da oficina pensando no que o sábio lhe tinha dito. Era impressionante o que sabia sobre ele, mas aquilo que previa para o seu futuro não faziam qualquer sentido, pelo menos por enquanto.

Não havia fogueiras no acampamento gelado nos arredores da cidade. O acampamento estava perfeitamente camuflado de branco e verde. Algumas armas eram afiadas pela última vez antes de serem utilizadas. O frio parecia não se fazer sentir pois os Dao continuavam a usar o seu uniforme fino e arroxeado. Nunca tinham estado tão a norte de Dao Tevea e Drimer era uma paisagem inospitamente gelada face às florestas sombrias do reino élfico.

Os dao, os elfos e os nori eram todos descendentes da mesma raça que a séculos atrás tinham seguido caminhos diferentes. Nos primórdios de Ancro, Drimer, Olanis e Dao Tevea eram um só reino, antes dos desentendimentos das principais famílias élficas que resultaram em anos de guerra e que levaram a formar duas novas raças: Os Nori e os Dao. Os Nori seguiram para o território gelado e aí acabaram por se fixar e por se aliarem aos Humanos com os quais se fundiram, dando origem a elfos robustos e ligeiramente maiores. Da raça híbrida de humanos e elfos, chamou-se de Nori, significando na antiga língua dos elfos os que vivem a norte. Os Dao por sua vez não se aliaram a nenhuma outra raça mas ao contrário das outras duas deixaram-se levar pelas trevas e passaram adorar deuses e entidades malignas, levando-os a aliar-se no ultimo século a Nimonger que lhes prometeu administrar as terras ocupadas pelos seus eternos rivais. Os Dao tornaram-se fechados em Dao Tevea, raramente saindo do reino, com um quotidiano que nada tinha a ver com o seu passado alegre em Olanis.

- Hoje meus bravos companheiros os Nori pagarão com sangue os erros cometidos contra os nossos pais! – Proferia Rodnëa moralizando os outros Dao. – Não estarão à nossa espera! Sejam breves, matem tudo o que se mexa e destruam as casas deles!

Os restantes Dao batiam com os punhos no peito. Sabiam que nem todos sairiam de Arnok com vida, mesmo não estando os Nori à sua espera.

Rodnëa vestia vestes arroxeadas. Como qualquer general importante de Dao Tevea, a roupa era trabalhada e decorada com símbolos do reino Dao. Possuía um capuz e duas espadas afiadas e reluzentes, colocadas sobre as costas. Em ambos os pulsos uma banda de pano arroxeado envolvia-os. Era dotado fisicamente com músculos fortes e definidos. Tinha cicatrizes um pouco por todo o corpo, sinal de um passado dedicado a lutas e a guerras. Não aparentava ter mais de vinte e cinco anos, mas isso não o fazia menos mortífero, por isso, e mesmo até o seu sorriso fazia gelar os inimigos de medo. Tinha uma voz extremamente grave e rouca, o que fazia dele ainda mais temido com os seus gritos de guerra. Tinha dentes aguçados que pareciam devorar homens só de o olharem. Era um ser temível e respeitado por todos os soldados.

- General Rodnëa, devemos partir dentro de alguns minutos.

- Sim, eu sei. Ordena aos homens para se preparem para o ataque.

- Sim, meu senhor. – O homem anuía com uma vénia.

Os homens de Rodnëa preparavam as lâminas para um ataque veloz, silencioso e mortal em Arnok. Estavam perto do meio-dia e escolheram essa hora para o ataque à cidade. Seria de esperar que atacassem durante a noite mas os Dao eram conhecidos por atacar em pleno dia, esperando certamente que a hora do almoço os encobrisse. Os ataques de dia eram mais violentos e os Dao aproveitavam para lançar o caos e deixar que o pior dos medos fossem as recordações trágicas repletas de morte durante o dia. Queriam que o terror fosse bem visível no coração de cada um.

O pequeno exército encaminhou-se para a cidade, espreitando por entre os pinheiros cobertos de neve. Haviam algumas sentinelas nas amuradas, mas em turnos devido ao almoço. Rodnëa levantou o braço direito dando sinal para o ataque. Dois arqueiros apontaram setas aos dois sentinelas posicionados a sul. A mira foi certeira e os guardas caíram nas muralhas inanimados sem que se ouvisse barulho algum. Alguns dos restantes apressaram-se a chegar junto da muralha sul de Arnok, lançando alguns arneses para içaram-se muralha a cima. Lá em cima, os Dao levantaram as portas da cidade permitindo aos que esperavam no solo, a entrada na cidade. Quando os restantes guardas se aperceberam do levantar da porta causado pelo barulho das correntes a subir, era tarde de mais. Já tinham os dao no seu encalço e a morte foi quase instantânea. Um guarda foi apanhado de costas e o Dao não hesitou, cortando-lhe a garganta com uma espada, lançando-o muralha abaixo para junto das casas. Na zona norte da cidade, o alarme soava. Os guardas que se aperceberam do que se passava a sul de Arnok alertaram a cidade gerando o caos e mobilizando a guarda real para a zona do conflito.

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⏰ Última atualização: Jan 06, 2016 ⏰

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