Cap. III - A Igreja

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- Pai, hoje chego por volta das dez. Está bem?

- Vai aonde Samantha? - indagou o pai.

- Um amigo me convidou para ir à igreja.

O homem torceu o nariz e com um suspiro indignado perguntou:

- para quê?

Samantha o fitou durante uns longos segundos

- Sinceramente, eu não faço ideia - concluiu.

O pai olhou-a tentando decifrar o que realmente Samantha estava querendo com isso.

- bem, - disse ele por fim - você quem sabe, só não vá se confundir...

- confundir? Como assim pai?

- Ora - ele riu - você não sabe Samantha? Essas pessoas religiosas mexem com a cabeça dos outros. Filha, entenda você pode ir, mas não deixe que confundam você, essa gente usa um livro que foi escrito pelos próprios homens - ele fez voz de desdém - dizendo ser de algum espírito maior e Incomparável, afirmam serem os únicos corretos, tentam comprovar histórias cheias de furos e quando não encontram explicações arrumou outra desculpa qualquer - o dentista pigarreou e continuou - é tudo bobagem, eu já fui e não me impressionei. Mas não é ruim realmente...

- pai - interrompeu Samanta rindo - relaxa, eu vou ver como é, não vou ceder e me tornar como eles. Sabe? É mais como um encontro - disse ela colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.

- Um encontro? - perguntou Doutor Rouf endireitando-se na cadeira - agora gostei! - e puxou um sorriso no canto da boca exibindo dentes alinhados e absurdamente brancos.

Samantha foi para seu quarto, puxou uma blusa rosa de dentro do seu guarda roupa. "Não, decotada demais!" Pensou, o show em seguida um vestido verde esmeralda tomara que caia "Esse também não" disse ela para si mesma, jogando a peça para longe. Passou os dedos entre os cabides, na realidade não havia nada ali se ela pudesse usar para ir a uma igreja.

Abaixou a cabeça pensando o que poderia fazer por alguns segundos.

- Quer saber? - intimou ela para dentro do guarda roupa - eu vou como quiser, não sou como eles!

E tirou outra peça do cabide, desta vez uma blusa vermelho rubro e uma saia de soft preta que chegava um palmo e meio antes do joelho. Foi até a sapateira e pegou um par de sandália prateadas que eu usara na formatura do ano anterior do seu primo Nicolas. Já vestida, ela cambaleou até o espelho por causa do salto alto. Pegou de cima da penteadeira o estojo de maquiagem. Passou sombra vermelha nos olhos afim de combinar com a blusa e um brilho labial com muito glitter nos lábios. Cobriu as espinhas do rosto com pó compacto. Com uma presilha juntou todo o cabelo empreendeu em um coque solto, sinalizou perfumando-se.

O doutor Alex Rouf era um homem alto e forte, cabelos loiros jogados de maneira casual em cima da cabeça, olhos verdes muito claros e marcantes, boca fina e o nariz quase grande. Era um homem muito bonito, seu tom de pele branca sempre combinava com as cores das camisas sociais que tinha. De fato, Alex Rouf não usava aliança, sua mulher o deixara sem pestanejar quando decidiu seguir carreira de aeromoça, deixando uma pequena Samantha de 6 anos para trás e um marido desolado. Desde então, o dentista ele estava relacionamento sérios, ele tinha alguns casos mas nada que eu fizesse pensar em novamente se casar.

Ele lia um livro grosso de capa dura, usava óculos para leitura que o deixavam mais elegante, quando ouviu passos nervosos descendo as escadas olhou boquiaberto.

- caramba! Aonde vai vestida assim? - atropelou o doutor a perguntar.

- À igreja - disse novamente Samanta.

Leite e MelOnde histórias criam vida. Descubra agora