Cap. IV - A Wicca

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Carlos já estava quase chegando na escola quando viu a banca de jornal aberta, parou e procurou revistas sobre magia, a maior parte do seu dinheiro era dedicada a sua fé. O jornaleiro olhou brigado para Carlos, cruzadas suas costumeiras roupas pretas e acessórios bruxos.

- já saiu a nova edição de magias rituais esse mês? - perguntou Carlos Ao jornaleiro.

- chegou ontem- respondeu num resmungo o homem e apontou mal educado com o indicador a prateleira onde estava a revista.

Carlos notou diversos outras revistas de outras religiões. Ele entortou os olhos para o teto, considerava que aquelas pessoas não eram tão espirituais quanto ele. Puxou a revista grossa de magias e rituais pagou o homem foi para o colégio.

No pátio da escola ele viu Samanta chegar com vestido curto rosa choque, apanhou na outra extremidade do pátio. Carlos encheu o peito decidido em direção a garota, mas por um breve momento quando ela virou o rosto na direção que ele vinha, ele perdeu a pose e mudou o rumo. Olhou para trás e viu que ela e Rafael conversavam, Não continuou ele para ver mais caminhou pesadamente até a sala de aula.

- entre logo antes que eu lhe deu uma suspensão! - advertiu de um professor magrelo de óculos redondos enquanto Carlos passava porta a dentro.

A aula de era biologia, Carlos não estava prestando atenção e assim foi a manhã toda daquele dia, por todas as aulas. Na saída da escola procurou na multidão por Samantha, não a encontrou.

Decidiu que ia matar o trabalho aquela tarde, isso lhe custaria uma porcentagem do seu salário, mas valeria a pena.

Quando chegou em casa, Carlos passou pela mãe sem a cumprimentar, enquanto a senhora cortava alface na cozinha.

- está tudo bem meu filho? - a mãe andou alguns passos atrás dele.

- não enche! - falou entre dentes, batendo à porta do quarto jogando a mochila contra a parede que bateu e caiu na cama.

A mãe de Carlos, uma mulher gorda de rosto bondoso e cabelos grisalhos, tinha o filho como um dos seus bens mais preciosos, mas não evitava ralhar com ele todas as vezes que precisava. E naquele momento ela não tinha dúvidas de que ele deveria ouvir um sermão. Esmurrou a porta com o punho.

- Márcia, me deixa em paz! Eu estou ocupado! - disse Carlos amarrando a cara ao abrir a porta e lançando um daqueles olhares que os filhos dão aos pais quando exigem respeito.

- Pare de me chamar pelo nome! Sou sua mãe e é assim que deve me chamar.

- tá bom - Carlos apoiou o braço no batente da porta - mãe - falou enfatizando a palavra - o que você quer?

- que pare de ser tão grosseiro, só pra começar- Ela apontou o indicador gordo contra o rosto de Carlos, e continuou - não saia por aí batendo portas. Lembre-se: enquanto morar aqui as regras são minhas.

- Mais alguma coisa Dona ditadora? - ele entortou os olhos para o teto, essa mania estava mais constante ultimamente.

- você vai ver! - ameaçou a mãe - vou te dar uma surra para ensiná-lo a ter educação.

Carlos já ia fechando a porta do quarto novamente, quando a mãe segurou a porta no caminho.

- e para de fazer macumba dentro da minha casa! - ela advertiu.

- pelo amor mãe! - Carlos riu - você não entende nada do que eu faço!

A mulher deu as costas, e Carlos fechou a porta novamente, dessa vez, sem fazer barulho e girando a chave.

Agora sozinho em seu quarto, ele finalmente tinha a privacidade que queria para poder fazer a magia que conquistaria Samantha. Procurou entre Sua Estante os elementos necessários para isso. Carlos possuía uma infinidade de coisas esotéricas, velas, Pedras, incensos, folhas, utensílios, livros e objetos exóticos.
Uma vez separados os elementos para magia, ele destrancou a porta e foi tomar um banho, afinal, isso era um dos princípios para a prática de magia, pois o banho trazia mais do que limpeza higiênica, era espiritual. De banho tomado, ele voltou pro quarto sentando na beirada da cama e acendendo uma vela, fechou os olhos concentrado e iniciou o ritual.

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Carlos foi até a rua onde Samantha morava. Ficou ali abaixado atrás de uma árvores robusta, espiando a porta de entrada da casa da garota. Não saberia dizer quanto tempo ficou ali, apenas que seus quadris já começavam a doer. 

De repente, viu que da outra extremidade da rua vinha Rafael. Esforçou-se para levantar. Uma vez de pé, acelerou os passos em direção do outro rapaz, detendo-o antes de ter chance de aproximar-se casa de Samantha. 

Carlos juntou toda sua energia para expressar um ar de importância intimidador para Rafael, que distraído não percebeu que o outro vinha.

Os dois se cruzaram. Carlos aproximou-se o suficiente para quase encostarem o nariz.

Rafael piscou algumas vezes antes de falar.

Oi - seu tom era quase um questionamento.

Olha só - começou Carlo interrompendo o Rafael com um gesto impaciente com a mão esquerda suada.  

Você não vai falar - continuou  ele quase encostando o peitoral no rapaz - Eu vou falar. Quero você longe da Samantha. 

Quem é você? - apesar do medo, Rafael conseguira se impor. 

Não importa. Quero você longe dela, ou isso não vai ser só um aviso. - os olhos de Carlos brilhavam. 

Eu já te vi - Rafael falou dando um passo para trás - Estuda na mesma escola que eu - aproveitou para ir mais um pouco para trás.

Eu não vim aqui bater papo. - Carlos o empurrou com ambas as mãos.

Nós somos apenas amigos - protestou Rafael erguendo as mãos em paz. Ele desviou de Carlos e continuou andando em direção da casa de Samantha.

Carlos, furioso, foi em direção dele jogando-o no chão. 

Me solta! - empurrou Rafael

Carlos já estava fora de controle, e esmurrava Rafael onde conseguisse alcançar. 

Você vai fi-car lon-ge de-la! - falava com dificuldade por causa dos golpes. Rafael defendia-se.

Conseguiu retribuiu um soco que causou em Carlos uma reação assassina. Ele puxou um canivete do bolso e pressionou na barriga de Rafael. 

Rafael pediu socorro a Deus em seus pensamentos. 

Calma cara! Por favor, não faz isso! 

Cale-a-boca! - berrou Carlos 

Por um segundo, que pareceu uma eternidade, os dois se encararam. Rafael com medo, Carlos com o ódio percorrendo o corpo todo, mas naquele breve momento, Carlos quase sentiu pena ou talvez até, se pode dizer, arrependimento, enquanto enfiava a pequena navalha fundo o suficiente em Rafael para sentir que tinha lhe causado um dano irreversível. 

Alguém na rua gritou. Carros começaram a parar.

Ambulância! Alguém liga pra ambulância! - um homem pedia desesperado.

Chamem a polícia! - uma mulher aproximava-se.

Carlos arregalou os olhos, sentiu sua cabeça girar em quanto via a pequena aglomeração se juntando ao redor deles. 

Assassino! - a mulher apontou pra ele - Segurem-no! 

Carlos apoiou-se nem um joelho rapidamente e saiu o mais rápido que pode em direção a qualquer lugar. 

No caminho Samantha vinha andando com os cadernos apoiados no braço. Ele a encarou e continuou correndo. 

Aproximando-se de casa, ela viu as pessoas ao redor de um acidente. Curiosa aproximou-se.

Rafael! - gritou indo para perto do rapaz. 

Samantha. Fica calma. - Rafael tinha sangue saindo da boca quando a ambulância chegou. 

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⏰ Última atualização: Oct 21, 2019 ⏰

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