Carlos já estava quase chegando na escola quando viu a banca de jornal aberta, parou e procurou revistas sobre magia, a maior parte do seu dinheiro era dedicada a sua fé. O jornaleiro olhou brigado para Carlos, cruzadas suas costumeiras roupas pretas e acessórios bruxos.
- já saiu a nova edição de magias rituais esse mês? - perguntou Carlos Ao jornaleiro.
- chegou ontem- respondeu num resmungo o homem e apontou mal educado com o indicador a prateleira onde estava a revista.
Carlos notou diversos outras revistas de outras religiões. Ele entortou os olhos para o teto, considerava que aquelas pessoas não eram tão espirituais quanto ele. Puxou a revista grossa de magias e rituais pagou o homem foi para o colégio.
No pátio da escola ele viu Samanta chegar com vestido curto rosa choque, apanhou na outra extremidade do pátio. Carlos encheu o peito decidido em direção a garota, mas por um breve momento quando ela virou o rosto na direção que ele vinha, ele perdeu a pose e mudou o rumo. Olhou para trás e viu que ela e Rafael conversavam, Não continuou ele para ver mais caminhou pesadamente até a sala de aula.
- entre logo antes que eu lhe deu uma suspensão! - advertiu de um professor magrelo de óculos redondos enquanto Carlos passava porta a dentro.
A aula de era biologia, Carlos não estava prestando atenção e assim foi a manhã toda daquele dia, por todas as aulas. Na saída da escola procurou na multidão por Samantha, não a encontrou.
Decidiu que ia matar o trabalho aquela tarde, isso lhe custaria uma porcentagem do seu salário, mas valeria a pena.
Quando chegou em casa, Carlos passou pela mãe sem a cumprimentar, enquanto a senhora cortava alface na cozinha.
- está tudo bem meu filho? - a mãe andou alguns passos atrás dele.
- não enche! - falou entre dentes, batendo à porta do quarto jogando a mochila contra a parede que bateu e caiu na cama.
A mãe de Carlos, uma mulher gorda de rosto bondoso e cabelos grisalhos, tinha o filho como um dos seus bens mais preciosos, mas não evitava ralhar com ele todas as vezes que precisava. E naquele momento ela não tinha dúvidas de que ele deveria ouvir um sermão. Esmurrou a porta com o punho.
- Márcia, me deixa em paz! Eu estou ocupado! - disse Carlos amarrando a cara ao abrir a porta e lançando um daqueles olhares que os filhos dão aos pais quando exigem respeito.
- Pare de me chamar pelo nome! Sou sua mãe e é assim que deve me chamar.
- tá bom - Carlos apoiou o braço no batente da porta - mãe - falou enfatizando a palavra - o que você quer?
- que pare de ser tão grosseiro, só pra começar- Ela apontou o indicador gordo contra o rosto de Carlos, e continuou - não saia por aí batendo portas. Lembre-se: enquanto morar aqui as regras são minhas.
- Mais alguma coisa Dona ditadora? - ele entortou os olhos para o teto, essa mania estava mais constante ultimamente.
- você vai ver! - ameaçou a mãe - vou te dar uma surra para ensiná-lo a ter educação.
Carlos já ia fechando a porta do quarto novamente, quando a mãe segurou a porta no caminho.
- e para de fazer macumba dentro da minha casa! - ela advertiu.
- pelo amor mãe! - Carlos riu - você não entende nada do que eu faço!
A mulher deu as costas, e Carlos fechou a porta novamente, dessa vez, sem fazer barulho e girando a chave.
Agora sozinho em seu quarto, ele finalmente tinha a privacidade que queria para poder fazer a magia que conquistaria Samantha. Procurou entre Sua Estante os elementos necessários para isso. Carlos possuía uma infinidade de coisas esotéricas, velas, Pedras, incensos, folhas, utensílios, livros e objetos exóticos.
Uma vez separados os elementos para magia, ele destrancou a porta e foi tomar um banho, afinal, isso era um dos princípios para a prática de magia, pois o banho trazia mais do que limpeza higiênica, era espiritual. De banho tomado, ele voltou pro quarto sentando na beirada da cama e acendendo uma vela, fechou os olhos concentrado e iniciou o ritual.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Carlos foi até a rua onde Samantha morava. Ficou ali abaixado atrás de uma árvores robusta, espiando a porta de entrada da casa da garota. Não saberia dizer quanto tempo ficou ali, apenas que seus quadris já começavam a doer.
De repente, viu que da outra extremidade da rua vinha Rafael. Esforçou-se para levantar. Uma vez de pé, acelerou os passos em direção do outro rapaz, detendo-o antes de ter chance de aproximar-se casa de Samantha.
Carlos juntou toda sua energia para expressar um ar de importância intimidador para Rafael, que distraído não percebeu que o outro vinha.
Os dois se cruzaram. Carlos aproximou-se o suficiente para quase encostarem o nariz.
Rafael piscou algumas vezes antes de falar.
Oi - seu tom era quase um questionamento.
Olha só - começou Carlo interrompendo o Rafael com um gesto impaciente com a mão esquerda suada.
Você não vai falar - continuou ele quase encostando o peitoral no rapaz - Eu vou falar. Quero você longe da Samantha.
Quem é você? - apesar do medo, Rafael conseguira se impor.
Não importa. Quero você longe dela, ou isso não vai ser só um aviso. - os olhos de Carlos brilhavam.
Eu já te vi - Rafael falou dando um passo para trás - Estuda na mesma escola que eu - aproveitou para ir mais um pouco para trás.
Eu não vim aqui bater papo. - Carlos o empurrou com ambas as mãos.
Nós somos apenas amigos - protestou Rafael erguendo as mãos em paz. Ele desviou de Carlos e continuou andando em direção da casa de Samantha.
Carlos, furioso, foi em direção dele jogando-o no chão.
Me solta! - empurrou Rafael
Carlos já estava fora de controle, e esmurrava Rafael onde conseguisse alcançar.
Você vai fi-car lon-ge de-la! - falava com dificuldade por causa dos golpes. Rafael defendia-se.
Conseguiu retribuiu um soco que causou em Carlos uma reação assassina. Ele puxou um canivete do bolso e pressionou na barriga de Rafael.
Rafael pediu socorro a Deus em seus pensamentos.
Calma cara! Por favor, não faz isso!
Cale-a-boca! - berrou Carlos
Por um segundo, que pareceu uma eternidade, os dois se encararam. Rafael com medo, Carlos com o ódio percorrendo o corpo todo, mas naquele breve momento, Carlos quase sentiu pena ou talvez até, se pode dizer, arrependimento, enquanto enfiava a pequena navalha fundo o suficiente em Rafael para sentir que tinha lhe causado um dano irreversível.
Alguém na rua gritou. Carros começaram a parar.
Ambulância! Alguém liga pra ambulância! - um homem pedia desesperado.
Chamem a polícia! - uma mulher aproximava-se.
Carlos arregalou os olhos, sentiu sua cabeça girar em quanto via a pequena aglomeração se juntando ao redor deles.
Assassino! - a mulher apontou pra ele - Segurem-no!
Carlos apoiou-se nem um joelho rapidamente e saiu o mais rápido que pode em direção a qualquer lugar.
No caminho Samantha vinha andando com os cadernos apoiados no braço. Ele a encarou e continuou correndo.
Aproximando-se de casa, ela viu as pessoas ao redor de um acidente. Curiosa aproximou-se.
Rafael! - gritou indo para perto do rapaz.
Samantha. Fica calma. - Rafael tinha sangue saindo da boca quando a ambulância chegou.
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Leite e Mel
Misteri / ThrillerÉ fato que passamos por altos e baixos. Mas quando, necessariamente, o alto se torna baixo para o outro? Quero dizer, minha alegria vem da agonia alheia? Minha alma estava mesmo condenada ou havia a mais clichê luz no fim do túnel? De qualque...