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Estava pronta para enfrentar o meu pior medo(ou não), avião. Eu tenho medo de muitas coisas mas de avião, eu tenho pavor eu tenho aerodromofobia ou acrofobia ou os dois, nem consigo pensar direito. Só de ver aquela coisa gigante de metal pelo vidro, me dá vontade de sair correndo, sinto minhas bochechas queimando, de medo.

Nunca viajei de avião antes, mas minha mãe tem uma amiga que diz que tem turbulências, 50% de chances do avião cair e balança muito. Viu? Já começaram os problemas muito antes de eu chegar na França. Bom se eu fosse mais sortuda, me mudaria para um lugar mais perto.

Sento na cadeira que vagou perto de uma senhorinha, aquelas cadeiras coladas umas nas outras estam a me deixar chateada, eu preciso me concentrar em coisas boas... Medo...Avião...França, isso não está dando certo. A senhora do meu lado também parece inquieta. Ela não parece ter medo, atrás daqueles olhos negros tinham inquietação, mas não medo. Ha, esse era o incentivo que eu precisava, uma velhinha mais corajosa que eu, palmas pra Carol gente...

A senhora, olhou para mim e pude ver com mais clareza o seu rosto, ela é muito bonita, e qualquer pessoa daria tudo para envelhecer e ser igual aquela senhorinha, ela sorriu mostrando seus dentes alvos e alinhados em perfeição, sorri de volta para ela, ainda admirando sua beleza , ela parecia estar acostumada com esse tipo de atenção, seus cabelos grisalhos eram tão lisos , parecia ser de mentira. Suas sombrancelhas em perfeita ordem, sua boca bem modelada com uma leve tonalidade natural de vermelho, seu nariz parecia ter sido esculpido por anjos juntamente com as bochechas levemente coradas.

-Você tem medo de avião?- saiu da minha boca sem eu nem sequer perceber. Ela me olhou e sorriu, balançou a cabeça negativamente mas afirmou que tinha bastante medo antes. Daí partiu uma longa conversa ela explicou que estava indo a New York visitar sua filha Nora que estava prestes a se casar. Ela tem 67 anos e se chama Amber, nasceu nos EUA mas veio para o Brasil com seu marido , que morreu alguns anos atrás, e agora ela está retornando.

A conversa estava muito boa, mas chamaram o meu vôo.

"Passageiros do vôo 278 para França, por favor comparecer a área de embarque. Obrigado !"

Logo borboletas medonhas atravessaram minha barriga, fui ao encontro dos meus pais e eles pareciam bem calmos. Como ficar calma? A cada passo que eu dava até a bendita área de embarque, mais medo me dava, a aflição me consumia e a frustração transbordava em meu corpo. As nossas malas foram despachadas naquela grande esteira rolante. Chegamos aquela mulher que ficava em pé na porta do pequeno túnel que dava para o avião, minhas pernas liquidaram, entregamos o bilhete em sua mão, e ela nos desejou um bom vôo.

Ai meu Deus é agora!

Entramos e sentamos nas poltronas azuis depois de por a bagagem de mão no bagageiro. A minha mão suava e meu peito subia e descia descontroladamente, qualquer hora meu coração podia simplesmente saltar dali.

Uma garota sentou ao meu lado , parecia ter minha idade, ou menos, ela usava uma touca preta escondendo o topo da sua cabeça e tinha roupas pretas, meio roqueira ou meio gótica.

"Senhores passageiros, por favor apertem os cintos pois iremos decolar em minutos.''

Que Deus me ajude!

Caroline: Verdades&MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora