- Você tem certeza que não precisa de mais nada, Alteza?
- Mas é claro, Joana! Vai logo, que saco!
Já era a terceira vez que ela me perguntava a mesma coisa em menos de cinco minutos, não julgue meu comportamento brusco, por favor.
- Está bem, está bem. Mas, caso precise de mim, estarei no...
Arrasto Joana até a entrada do meu quarto e fecho a porta, sem deixa-la terminar sua frase.
Enfim, sozinha.
Tiro o meu roupão, ficando com a roupa que Leony havia me emprestado dias atrás. Vou para perto dos meus muitos livros entediantes e aperto um da cor creme, quase que imperceptível dentre aos outros, mas com esse simples ato, uma passagem secreta surge no chão. Enquanto desço as escadas com cuidado, me lembro do que Leony tinha me alertado: de agora em diante, quando os guardas e serviçais captarem qualquer barulho ou ruído suspeito, irão atrás para descobrir o que é. Sim, sinistro, eu sei.
Quando estava prestes á chegar ao meu destino final, tropecei em uma pedra que estava no meio do caminho, fazendo muito mais barulho que o normal para um simples tropeço. Porém, por sorte, nenhum guarda ou empregado apareceu, então corri o mais rápido que pude, chegando finalmente no final da passagem, aliviada.
- Atrasada.
Quase pulo de assusto no momento em que uma mão agarra meu ombro.
- Desculpe, Leony, não consegui tirar a Joana do meu quarto tão cedo... - Digo e reviro os olhos relembrando de sua insistência.
- Tudo bem, talvez eu te desculpe, vou pensar no seu caso. - Leony sorri e com rapidez memorável, me rouba um beijo.
- Ei! - Dou-lhe um soco de leve no braço. - E então? Trouxe o que você prometeu?
- Mas é claro, Alteza. Eu nunca quebro promessas.
Leony abre um pequeno saco feito de pano que estava em suas mãos. Dou uma rápida olhada no conteúdo que havia dentro.
- Tem certeza de que isso são morangos? - Pergunto, desconfiada.
Ele sorri.
- São sim, eu garanto. Olhe, pegue um, são muito suculentos, principalmente os da minha cidade natal.
Apanhei uma aquelas coisas vermelhas e dei uma mordida.
- Humm... Aprovado.
Leony riu pelo nariz.
- Sabia que iria gostar...
Uma tarde, Leony me contou que quando criança, adorava roubar morangos do jardim de seu vizinho. O vizinho, obviamente, sempre dedurava-o para sua madrasta, que lhe dava surra tão forte, que ele não conseguia sair de casa por causa dos feios hematomas que ficavam. Fiquei pasma com sua "história de infância", porém, Leony me assegurou que a fruta era tão boa que valia a pena apanhar. Como tive curiosidade em saber o gosto do tal fruto, pedi para ele me trazer alguns quando fosse visitar sua casa novamente... e bom, aqui estamos nós.
- Kyara? - Leony me chama, despertando-me de meu transe.
- Oi?
- Você é linda, sabia? - Ele coloca uma mecha rebelde do meu cabelo atrás de minha orelha. - Principalmente quando está assim, distraída, olhando pro nada, com a boca aberta... quase babando...
- Bom, agradeço os elogios... - Dou um sorrisinho e logo após volto minha mente para o lugar onde se encontrava antes: o vazio.
- Ei - Leony pega meu queixo e me obriga encarar aqueles seus lindos olhos. - Eu te amo muito, você sabe disso, não sabe?
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Agente Princesa
RomanceAo contrário de como sugerem as histórias infantis, ser uma princesa não é nenhum conto de fadas, segundo Kyara, o título é apenas um fardo que a prende em uma vida monótona e escondida por trás das torres de seu castelo. No entanto, a mesmice de su...