Saio do escritório e passo pelas ruas escuras de Lugar Nenhum. O céu estava completamente escuro exceto por um clarão ao norte da praça principal, pego uma lamparina de um poste antigo e uso meu isqueiro para acendê-la. Corro por entre os prédios tentando imaginar o que teria causado tanto transtorno, já que geralmente naquela parte da cidade não acontecia nada de interessante. Tudo aquilo só aumentava a minha curiosidade e o meu desejo de explorar o desconhecido, mas tudo aquilo parou repentinamente por um barulho vindo em minha direção. Rapidamente apago a pequena chama da lamparina e abaixo junto a parede, logo vejo as caçadoras marchando em formação andando pelas ruas da cidade em direção ao clarão. Felizmente eu sabia um atalho, eu subo pelas escadas laterais de um prédio e corro pelo telhado. Essa era a melhor opção já que a chance de dar de cara com uma das caçadoras ali era próxima a zero e além disso os prédios eram bem próximos um do outro de modo que eu consiga pular de um telhado para o outro do modo que uma criança pula em poças de lama em dias chuvosos.
Por cimas das casas era possível ver a movimentação das caçadoras nas ruas da cidade e assim me manter longe de problemas quando descer para as ruas novamente. A luz da lamparina por hora não era necessária uma vez que a luz da lua fosse o suficiente para não tropeçar em nada e assim vou correndo pelos telhados e coberturas até que chego a uma grande esquina onde não era possível ir para outro prédio. Era a hora de voltar para o chão.
Procuro por uma escada e vejo uma na lateral do prédio, olho em volta e não vejo nenhuma caçadora na frente do prédio ou andando pelas redondezas. Começo a descer a escada que estava praticamente congelada devido ao frio, porém quando desço aproximadamente três degraus duas caçadoras chegam e começam a conversar praticamente abaixo de mim.
Não podia fazer barulho, meu coração acelerava, eu não conseguia respirar e sentia as minhas mãos tremendo. Estar tão perto delas novamente só trazia aquela imagem traumatizante que vem me seguido em meus sonhos há tanto tempo. Uma delas saiu de perto e a outra continuava ali parada, apenas olhando para a parede sem mexer um músculo e eu também não fazia nenhum movimento pois sabia que se o fizesse seria o meu fim. Estava ficando difícil me segurar na escada, sem luvas o gelo estava a ponto de queimar as minhas mãos, era a pior situação possível. Até que a caçadora ouviu a voz de outra caçadora e começou a andar em direção ao chamado, ela andou aproximadamente 15 metros a frente até quase sair do meu campo de visão passando por um prédio.
Não poderia ficar ali parada, a dor nas minhas mãos era insuportável e eu não teria a sorte de não ser vista por elas novamente. Desci mais um degrau, depois mais outro então escutei um estalo seguido de um barulho de ferro entortando, os parafusos que seguravam a escada a parede estavam frouxos e estavam de soltando um por um. Quando o numero de pregos soltos foi o suficiente para soltar metade da escada da parede o peso do meu corpo entortou a escada para trás me tornando incapaz de ficar de pé, fico pendurada pelas mãos que já estavam doloridas por causa do gelo. Então vi meus dedos soltarem a barra da escada, um de cada vez me fazendo escorregar até ficar somente com uma mão e ver o movimento se repetir, falei baixo suplicando pela minha própria vida "Não, não, não, não, por favor não". Então o último dedo soltou e eu caí da altura de cinco andares.
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Como Sair de Lugar Nenhum
Misterio / Suspenso"Lugar Nenhum" é uma cidade isolada que fica permanentemente trancada. Ninguém entra ninguém sai exceto pelas escolhidas do parlamento. Uma das poucas questionadoras dessa realidade é uma garota chamada Faith que depois de perder sua irmã em uma ten...