Capítulo 4 - Chamas

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     Caí com todo peso do meu corpo no meu braço direito e sinto uma dor aguda e solto um gemido de dor, felizmente a minha queda foi amortecida pelo acúmulo de neve no chão que evitou maiores complicações. Colo meu copo junto a parede atrás de uma caçamba de lixo para tentar me recuperar para continuar a minha investigação, eu realmente precisava de respostas e desistir agora estava fora de questão. Mesmo tonta, consegui ouvir passos de pessoas se aproximando e escutei uma das vozes femininas dizendo "O barulho veio daqui!". Novamente elas estavam se aproximando e dessa vez mais atentas, deviam ter escutado o barulho da escada ou o barulho do meu corpo caindo no chão. Uma das caçadoras começou a andar na minha direção.

     Fico escondida atrás da caçamba de lixo esperando pelo meu fim, os passos estavam cada vez mais próximos. Eu estava suando frio e estava ofegante, era a mesma sensação daquele sonho só que dessa vez era real. Ela estava chegando perto, aquele som metálico característico estava cada vez mais alto na minha cabeça e eu já conseguia ver a sombra dela ao meu lado. A caçadora parou um pouco ates de mim e começa a se inclinar para ver a parte de trás da caçamba, onde eu estava tremendo de medo. Repentinamente um barulho vem de dentro da caçamba, a caçadora para de olhar na minha direção e volta sua atenção para o lixo. Pensei "Ela não me viu" então eu suspirei aliviada.

     A caçadora ficou parada, esperando algum sinal de vida entre as sacolas de lixo e segurando a sua lança, ela parecia apreensiva. Subitamente um gato pulou de dentro da caçamba direto na armadura da caçadora, que soltou um grito. Uma caçadora gritando de susto? Isso realmente era algo que eu nunca esperava ver. A caçadora soltou um suspiro de alívio e olhou para os lados para ver se alguma outra pessoa estava ali e havia presenciado o que aconteceu. A outra caçadora aparentemente já havia saído faz tempo, então ela apenas saiu de perto da caçamba e continuou fazendo a sua ronda noturna.

     Levantei segurando o meu braço ferido e fui andando até a rua, não havia ninguém então fui andando cautelosamente até os limites da cidade. Seja lá o que aconteceu, aconteceu do lado de fora. O clarão estava cada vez mais perto e cada vez mais eu podia sentir o calor que vinha dele. Fui andando entre as árvores, não estava esperando dar de cara com nenhuma caçadora, uma vez que todos estavam em suas camas e ninguém se atreveria a sair no escuro, elas só precisavam garantir que ninguém saísse de suas casas. Andava me apoiando nas árvores, torcendo para que a minha dedução estivesse correta e então cheguei ao local.

     Algum tipo de coisa que eu nunca havia visto na minha vida estava em chamas em cima da rede de geração de energia e o fogo parecia estar se espalhando. Até que ouvi uma voz, não era possível distinguir o que ela estava falando então eu fui apenas seguindo o som até me deparar com uma figura alta e um pouco magra tentando apagar o fogo com um pequeno balde cheio d'água. Não conseguia ver o seu rosto, uma vez que estava usando um capuz e estava um pouco longe para tentar reconhecer.

     -Ei! Você! - gritei para a pessoa do balde - O que está acontecendo aqui? Quem é você?

     -Ninguém importante! - a pessoa parecia assustada com o fato de mais alguém estar ali.

     -O que é essa coisa?

     -Era um protótipo... - ela me olhou de cima a baixo - O que houve com o seu braço?

     -Eu tropecei. - menti.

     Parecia que a pessoa ia falar mais alguma coisa mas foi interrompida pelo som de passos e correu para a floresta, eu fiz o mesmo. Atrás de uma árvore eu vi guardas parlamentares observando as chamas, o que elas estavam fazendo aqui? O que um dia já havia sido protótipo de alguma coisa, agora não passava de cinzas e estava impossível de distinguir o que era. Essa era a minha deixa para sair dali o mais rápido possível, voltei para a cidade e subi pelas escadas de um outro prédio e fiz o caminho de volta para a minha casa. Entrei pela janela da minha casa para não ser vista nas ruas e exausta deitei em minha cama segurando o meu braço tentando esquecer da dor e pensando em tudo que havia acabado de acontecer.


Como Sair de Lugar NenhumOnde histórias criam vida. Descubra agora