DUX: A Restauração do Império

Prólogo

 Eu nunca pensei que no último semestre da faculdade eu iria desistir da carreira pela qual eu estudei cinco anos e meio, a medicina não me cativa mais. Começo a me perguntar, eu realmente queria ser um médico? Desde quando eu tenho esse "sonho"?

-Tem alguém aí? –Lívia estava sentada ao lado de Peter no laboratório. O cabelo dela estava preso num rabo de cavalo castanho claro e ela estava vestindo jaleco e calças jeans. –Peter? Acorda!
-Desculpa tava viajando. O que achou do meu projeto de extensão? –Perguntou para Lívia, ela parecia muito entusiasmada lendo o projeto que ele havia criado. –Topa?
-Com certeza! Nós temos várias espécies de plantas medicinais por aqui. Vai ser divertido.

Peter tinha criado um projeto para o último semestre; catalogar plantas medicinais. Ele não se interessava nem um pouco por plantas. Um projeto fácil para terminar a faculdade era o que ele queria, ainda mais se esse projeto fosse uma parceria com Lívia.

-Quero um resumo de tudo que aprenderam no último mês. Vocês tem uma hora. –gritou Mr. Jeff. Ele era o mais cruel professor do campus. Peter certa vez foi obrigado por ele a escrever mais de cinco cadernos com a frase "Eu sou um estúpido e imaturo aluno.", tudo por que Peter não pediu licença ao entrar na classe.
-Eu com certeza não vou sentir falta dele. –Lívia deu um sorriso de canto de boca e olhou para Peter. –Ta a fim de almoçar no AKKA hoje? –AKKA era o restaurante do campus. Todos comiam lá na sexta, pois tinha desconto de preço.
-Claro! Eu só tenho que passar na sala do Mr. Jeff depois da aula. –Mr. Jeff chamara Peter em sua sala no dia anterior, para que falassem sobre o projeto.

Peter era órfão. Ele morava na universidade e mantinha suas notas acima de 90%. Era um exemplo de superação, todos admiravam sua história. Desde criança sempre via a figura dos médicos como algo realmente muito nobre, e sempre desejou ser um. No entanto, durante as férias de verão a sua mente havia mudado, ele queria ser um líder, alguma coisa que o tornasse importante.

-Antes que vocês comecem a escrever, tenho que mostrar algo. –Mr.Jeff disse num tom sarcástico. Ele estava segurando algo em suas mãos, era muito familiar para Peter. –Quando eu pedi pra vocês criarem um projeto de encerramento do curso, eu esperava muito mais que isso. –Ele ergueu o braço mostrando a todos o projeto de Peter. –Não tem absolutamente nada haver com o que estamos estudando no momento.

-Professor! A ideia foi trazer algo novo. Nossa região possui muita vegetação medicinal, os índios que aqui viviam sabiam disso. E vai ser interessante para que...
-Cale-se! Eu não pedi nenhuma explicação. Só quero que saiba, se você fizer essa merda, não vai ganhar seu diploma. –Mr.Jeff parecia estar feliz em dizer tudo isso. Todos no laboratório estavam olhando para Peter, parecia que o tempo tinha parado. Nenhuma palavra foi dita por ambos durante uns 30 segundos; Peter se levantou.
-Qual é o seu problema comigo? –Ele estava muito envergonhado e ao mesmo tempo enfurecido. Desde o terceiro ano, Mr.Jeff o tratava como lixo e ele nunca descobriu o motivo de tal discriminação.
-Perdão? –O professor começou a caminhar até Peter. Todos estavam espantados com a coragem dele, ninguém nunca havia o desafiado daquela forma.
-Não vale a pena cara! –Luan disse do outro lado do laboratório. Ele era o melhor amigo de Peter. Nunca o deixaria cometer qualquer besteira.
-Senta e cala a boca! –Lívia estava tentando evitar algo pior.
-Eu nunca fiz nada pra você, tiro notas ótimas. E você só sabe criticar tudo o que eu faço. Eu to cansado de você! –Peter estava fora de si. Depois que a adrenalina passasse ele com certeza se arrependeria disso. –Por que é que você faz isso comigo?
-Porque eu posso. –Um sorriso malicioso iluminou o rosto de Mr.Jeff, ele parecia estar assistindo ao seu filme favorito.

Peter ficou sem reação, e sem se preocupar com o que poderia acontecer ele apenas saiu da sala. –Espera! –Lívia tentou impedi-lo.
-Se você seguir ele... Considere-se suspensa. –Mr.Jeff disse caminhando de volta para a mesa dele.

Lívia ficou indignada e se sentiu totalmente de mãos atadas. O Silêncio dominou a sala.
–Eu não acredito que você fez isso com ele pai. -Luan disse explodindo em fúria.
-Sinta-se a vontade para segui-lo Luan, você sempre tende a tomar o caminho errado não é mesmo? –Mr.Jeff nunca mostrou carinho pelo seu filho Luan. Ele sempre o tratou como mais um de seus alunos e somente isso. Sua esposa havia desaparecido quando Luan tinha apenas um ano de idade, mas ninguém nunca soube nada sobre quem ela era ou o que houve.

Luan pegou suas coisas e saiu furiosamente da sala. A Porta se bateu e o silêncio predominou novamente. Lívia estava com raiva e sentia seu coração bater mais forte, ela poderia xingar o Mr.Jeff e fazer ele se arrepender, mas isso não apagaria o que havia acontecido.

Peter estava sentado do lado de fora do campus. Era um banco de madeira envolto por árvores, flores e grama. O Campus era muito lindo e extenso, algumas pessoas diziam que podia ser considerado cidade. A maioria dos estudantes não era adolescente, fugia dos padrões comuns e clichês das universidades comuns. Usando um moletom vermelho, Peter parecia arrasado, mas ao mesmo tempo zangado.

-Hey Cara! Desculpa pelo meu pai. –Luan tentou amenizar o que acabara de acontecer. –Ele está de mal humor hoje.
-Foda-se. Não é de hoje que ele faz isso. Fica tranquilo cara, a culpa não é sua. Ele que me deve desculpas. –Peter estava com o rosto inchado, ele sempre chorava quando estava com raiva. Luan sentou no banco, os dois permaneceram em silêncio por alguns instantes. –Às vezes me pergunto se é isso mesmo que eu quero pra mim.
-A medicina? –Luan perguntou confuso.
-Ser apenas mais uma pessoa. Estamos todos condenados a isso? Eu queria ser alguém que marcasse a historia. –Peter disse num tom determinado.
-Que papo é esse, cara? Você pode ser quem você quiser.
-Querer não é poder Luan. Todos nós queremos poder, mas do que somos capazes para isso? A Frase certa é "O Poder mostra quem as pessoas realmente são."

-Porque você está dizendo isso?Você ta se sentindo bem? –Luan ficou assustado com oque Peter dissera.
-Não. –Peter se levantou e pegou sua mochila. –Fala pra Lívia que eu não vou ao AKKA hoje.