Andar de bicicleta relaxava Peter, era algo simples e que lhe proporcionava sensação de liberdade. No entanto, depois do desastre as ruas estavam com um cenário pós-apocalíptico, árvores caídas e crateras no asfalto.
Enquanto pedalava suavemente, alguns alunos o olharam com certo desprezo, provavelmente por ter sido suspenso. Além da suspensão, alguns boatos de que ele teria invadido a sala e agredido Mr. Jeff foram espalhados.
-Eu mereço! –Pensou. Uma leve sensação de estar sendo seguido passou por sua cabeça.
Os prédios do campus iam sendo deixados cada vez mais para trás, dando lugar a árvores e mato. Nos fundos da universidade existia uma grande imensidão de grama e mais adiante mata fechada. Lendas diziam que aquela enorme mata teria se formado há poucos meses, em um dia era apenas grama e no outro ela havia simplesmente aparecido.
Ele desceu de sua bicicleta e começou a caminhar na grama, ele realmente acreditava que acharia "plantas medicinais" ali. Apenas mato foi o que encontrou e quando se dava conta estava cada vez mais próximo da mata.
-Onde é que eu estava com a cabeça? –Pensou decepcionado.
Um barulho de galhos se quebrando o assustou. O som ia ficando cada vez mais próximo dele, ele se escondeu atrás de uma árvore. Peter se lembrou da sensação de estar sendo perseguido na rua, seria essa pessoa? Com a mão direita ele pegou uma pedra do chão e saiu de trás da árvore num movimento rápido. Tudo que viu foi alguém caindo no chão de susto.
-Você enlouqueceu? –Lívia disse com as costas na grama. Ela estava usando muletas e uma faixa no corte da perna.
-O que você ta fazendo aqui? Você deveria descansar. –Peter disse enquanto a ajudava a se levantar. –Você não poderia ter vindo de muletas.
-Uma pedra? Foi o melhor que encontrou? –Lívia riu.
-Você não me deu muito tempo. –Ele sorriu.
-Como vai indo a busca?
-Não achei nada. Aquele velho tinha razão! Esse projeto é loucura. To pensando em entrar na mata. –Ele riu.
-Você ta louco? Essa mata deve ser perigosa. Você sabe a lenda.
-Eu não acredito nessas coisas mulher. Aliás, isso só me dá mais vontade desbravar ela. –Peter lançou um olhar malicioso.
-Então partiu? Eu sempre tive curiosidade também. –Lívia foi se esgueirando entre as folhas.A mata era igual a qualquer outra, árvores e insetos. Os dois entraram sem nenhum medo. Conforme iam andando, tiveram a sensação de estarem descendo cada vez mais.
-Não sabia que tinha essa depressão no solo. –Lívia disse.
Depois de alguns minutos caminhando, encontraram uma clareira.
-Uau. Isso é incrível. –Peter disse olhando pra cima. Era como se os dois estivessem no fundo de um buraco.
-Como é que ninguém descobriu isso? –Lívia disse espantada. Ao notar uma das árvores que os cercavam, ela estranhou. –Essas árvores são antigas, olha o tronco. –Passou a mão na madeira.
-É como se estivéssemos no fundo de uma cratera. –Peter segurou no ombro de Lívia.A clareira estava bem iluminada por conta do sol da manhã, a grama estava brilhando num verde limão que deixava tudo muito lindo. Além de grama, flores e rochas enormes compunham o lindo cenário. O ar era mais leve e gostoso de respirar.
Os dois continuaram a andar, até que sensação de um leve tremor os fez parar.
-De novo isso? –Lívia disse aflita.
-Esse ta bem mais leve. –A terra parou de tremer depois de alguns segundos. –Eu acho que esse aconteceu só aqui.Os dois caminharam em direção a um rochedo.
-Tem uma abertura ali. –Disse Peter apontando.
-Pirou? Se acontecer mais um tremor isso tudo desaba em cima da gente.
-Acho que estou louco mesmo, sinto que tem algo lá dentro. Eu te ajudo com as muletas. –Peter passou o braço de Lívia em seus ombros.
-Eu não sei por que eu ainda ando com você. –Lívia riu e deixou que Peter a ajudasse.A abertura pela qual os dois passaram tinha em cerca de uns dois metros de altura por três de largura. A gruta não era escura, ela era iluminada na cor vermelho escuro e tinha um cheiro muito convidativo.
Depois de alguns segundos adentrando eles se depararam com a origem da luz. Eram como grandes rochas luminosas cobrindo todo o interior.-Que tipo de rocha é essa? –Peter disse se aproximando da extremidade. Ao tocar em uma delas ele se assustou. –É quente!
-Eu não sei, nunca vi antes. Mas eu estou com um mau pressentimento sobre isso. –Lívia disse olhando com desconfiança ao seu redor. O som de algo sendo quebrado a fez sair do transe. Peter estava tentando quebrar uma das pedras. –Oque você está fazendo? –Lívia tentou o alcançar com suas muletas, mas acabou tropeçando. –Larga isso! Nós não sabemos oque é!
-Tem alguma coisa dentro delas, eu sinto! Preciso saber o que é. –Ele quebrou uma das rochas menores, ela se desintegrou no ar formando uma pequena nuvem cor vinho. –Lívia eu acho que essas coisas não são rochas. –Peter disse olhando para o anevoamento que se formou da pequena rocha.Lívia puxou a barra da calça de Peter e apontou para cima. Todas as demais rochas que os cercavam começaram a trincar. O chão começou a tremer novamente, dessa vez de forma extremamente agressiva.
-Peter a gente tem que sair daqui! –Lívia disse tentando se levantar.As rochas se quebraram criando uma força quase elétrica que lançou os dois contra a extremidade de pedra. Eram como raios vermelhos que apesar da aparência hostil não os causaram nenhuma dor, pelo contrário, os proporcionou uma leve sensação de prazer.
Lívia perdeu totalmente sua visão, não conseguia se mexer e nem pedir ajuda. Aos poucos ela começou a enxergar novamente, mas não estava na caverna. Ela via um campo imenso e repleto de girassóis, não conseguia andar, mas podia ver claramente todas as flores apontando em direção ao céu. Ao olhar pra baixo ela viu um vestido branco, longo o suficiente para cobrir alguns centímetros da grama. No entanto, ao virar-se para a direita na finalidade de identificar o local um borrão preto a cegou novamente.
Os raios se expandiram para fora da caverna, alcançando o campus e fazendo com que toda a eletricidade fosse dizimada. Uma tempestade de relâmpagos vermelhos cercou tudo e todos. Era como o fim do mundo, as pessoas ficaram em pânico, os prédios atingidos estavam em chamas.
Foi aí então que aconteceu o maior fenômeno, um relâmpago enorme atingiu a estátua da praça central fazendo com que todos num raio de cem quilômetros simplesmente fechassem os olhos e caíssem no chão.Alguns minutos antes...
Luan após voltar da enfermaria, aliviado pelo bom estado de Lívia, decidiu passar no AKKA e buscar um café. O céu estava lindo e sem nuvens, aquela visão quase o fez esquecer-se dos desastres anteriores. Não estava lotado, mas a fila estava um pouco grande.
Ele entrou atrás de duas garotas que estavam rindo de alguma. As duas eram estudantes de música, ele lembrou-se de vê-las num SARAU há alguns meses.
-Ficou sabendo que o Peter deu uma surra em um dos professores dele? –Uma delas cochichou. –Sempre soube que ele tinha atitude, mas não tanto assim.O comentário o levou ao incidente com seu pai, Peter teria feito alguma bobagem?
Uma onda de vento quebrou todas as janelas e a porta de vidro numa fração de segundos. As pessoas começaram a gritar e movimentar-se em direção a saída. Quando o vento finalmente alcançou os cabelos ruivos de Luan, uma sensação de preenchimento se espalhou da ponta da cabeça até seus pés, um calor inexplicável. Ao virar-se para trás notou que o AKKA estava vazio, ele correu até a calçada.
Ao sair se deparou com uma nuvem negra cobrindo todo o céu, pessoas correndo desesperadas, e raios caindo mais perto do que o de costume. O som dos relâmpagos era ensurdecedor e o desespero das pessoas podia ser sentido no ar. Ele, no entanto, sem reação para tudo que estava acontecendo ao seu redor começou a caminhar em linha reta observando todo o caos.
O som de um dos relâmpagos o tirou do transe, ele olhou pra cima e contemplou a enorme estátua de cobre na praça central, era Joseph Anderson o fundador da universidade. Antes que pudesse pensar no perigo que ele estava correndo, um enorme raio vermelho atingiu a estátua. A força o jogou a alguns metros de distância e o fez apagar.Uma imagem surgiu da escuridão, era o chão da sala da casa dele, como se estivesse enxergando de uma altura baixa. Não conseguia se mover e nem falar, apenas assistir o que acontecia. Alguém estava batendo muito forte na porta de entrada, até que seu pai apareceu e abriu.
Sua mãe entrou empurrando a porta, ele a reconheceu das fotos antigas.
-Onde está o Robert? Eu vou levar ele comigo!!! –disse frenética enquanto olhava os cômodos.
-Então você volta depois de anos e pensa que vai encontrar tudo como deixou Jessica? –O pai dele gritou.
-O que você fez com ele Jeff? Devolve o meu filho! –Ela apontou o dedo para o rosto dele.
-Você não tem só um filho. –Jeff bateu na mão dela.
-Eu te amo, eu juro. –Jessica olhou para Luan.
Jeff a agarrou pelos cabelos e a jogou no chão, ao cair ela bateu com a cabeça na quina da mesa. Luan ouviu um choro de bebê e logo um borrão negro o tirou de lá.
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DUX: A Restauração do Império
FantasyPeter é um estudante de medicina que desistiu da carreira no ultimo semestre do curso. Ele percebe que tudo que ele sempre quis é ter controle sob outras pessoas, ser um líder. Juntamente com sua amiga Lívia, encontra algo capaz de realizar suas amb...