Dois

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Valentina girou o corpo na direção da voz. Rever Mark foi a melhor e a pior coisa que acontecera até o momento, as lembranças de sua última noite na cidade a atacaram. Ele se encostava em uma árvore, poucos metros de distância da garota.

– Não se deve desrespeitar os mortos – Ele advertiu, sorrindo levemente.

– Mark? O-que você está fazendo aqui? – A garota perguntou, gaguejando – Digo, em Paradise? 

– Voltei há algumas semanas, resolvi assumir o bar de meu avô – Mark começou a se aproximar – E você? O que te traz aqui?

– Eu... – Valentina buscou as palavras – Vim resolver algumas coisas... – Mark a estudou, ainda aproximando-se. Ela não queria falar que fora obrigada.

– Quer um conselho? – Ele estava há menos de três metros de distância e não parava – Vá embora, essa cidade está um caos.

– Não posso – Ela sorriu, abaixando a cabeça. Ele a levantou pelo queixo com o dedo

– Então fique e junte-se a mim, vamos acabar com os Casanova.

– O quê? Por que os Casanova? Qual o problema com eles? – Valentina perguntou, confusa.

– Vamos para o bar, explico tudo lá.

O lugar era simples, mas aconchegante. De um lado, Mark e Valentina compartilhavam um drink, do outro, as mesas vaziam acumulavam poeira e ao fundo, um palco parecia ter sido recém montado.

– Já estou bebendo o drink que combinamos, agora fala. Qual é o problema com os Casanova? – Valentina perguntou. Mark impôs uma condição: só falaria se ela o acompanhasse numa bebida. O rosto de Mak, que se curvava num sorriso, ficou sério.

– Eu andei fazendo umas pesquisas e contatando algumas pessoas – Ele começou, a ansiedade tomava conta de Valentina – E descobri que o verdadeiro culpado pela morte de meu avô é Conrad Casanova.

– Pensei que seu avô tivesse morrido de infarto – Valentina disse, sem entender.

– Ele sobreviveu ao ataque, mas na mesma noite em que deu entrada no hospital, alguém misteriosamente desligou os aparelhos que mantinham o coração de meu avô batendo – Valentina tinha um olhar de desdém – E nessa mesma noite, Helena Casanova teve mais um desmaio, falso segundo minhas fontes,  Conrad foi visitá-la – Ouvir o nome da mãe de William deu calafrios em Valentina, que encarava Mark. Um silêncio se pôs no local.

– Eu acho que você está delirando – Disse, por fim, dando um gole em sua bebida. Mark suspirou – Afinal, que motivos ele teria para fazer isso?

– Conrad quer esse bar. Ele quer transformá-lo em mais um de seus bordéis. Matou meu avô porque ele nunca venderia o bar, então seria mais fácil negociar comigo. Ele pensa que não quero assumir o local e é bom que continue pensando assim, pelo menos por ora. 

– Ainda não me convenceu – A garota anunciou, tomando o último gole de seu drink.

– Você não mudou nada, não é? – Mark colocou o cabelo platinado da garota atrás da orelha, acariciando levemente seu rosto – Não se preocupe, não é a única coisa que eles fizeram, tem mais. E foi com você – Mark deu ênfase na palavra.

Paradise CityWhere stories live. Discover now