Brincadeiras do tempo

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-Você não vem?- gritou minha amiga Loira do lado de fora da minha casa.
-Meus pais não deixaram, não posso- falei olhando para sala pela janela iluminada pela TV lá dentro de casa.
-Ele veio de bicicleta da casa dele só para te ver!- falou olhando para rua deserta e batendo os pés no chão.
-Espera já sei- mordi os lábios e passei as mãos nos cabelo, sabendo que precisava fazer algo e não morrer na praia- Você me espera na esquina ali, eu vou falar que levarei a bicicleta que esqueceu aqui em casa, e assim tenho alguns minutos para ver o que ele quer- eu sabia que nunca seria alguns minutos e meus pais também. Assim me deixaram ir porque se não,fugiria.
Cheguei meio acanhada com bicicleta nas mãos até a casa da minha amiga que era praticamente minha vizinha. Por fim entrei naquela garagem onde eles estava deixei a bicicleta e o encarei. Sentado ali naquela cadeira, naquele iluminação que deixavam seus olhos mais verdes e seus cabelos mais palpáveis. Tudo nele era lindo e odiei cada parte de mim por achar isso.
Ele levantou por fim veio até mim, enquanto estava na frente da casa de minha amiga pronta para ir embora. Me beijou nos lábios, e acomodou as mão na minha nuca e a outra na minha cintura já tremula por aquele ato.
Disse por fim.
-Esse é ultimo beijo que lhe dou- distanciou pouco do meu rosto para me dizer isso com a respiração ofegante. E eu só pensava. Logo agora que estava ficando bom!!! Não podia acabar! Coloquei minhas duas mãos na nuca dele e acariciei os cabelos negros rentes ao coro cabeludo e puxei sua boca a minha.
-Não, esse é o último beijo que eu lhe dou- e me soltei dele. Mas quando me virei vi minha avó me encarando com cara de decepção!
Não entrarei em detalhes, já que para mim aquele ato foi mais um ato de conjuração do poder que eu tenho sobre meus atos do que um ato pecaminoso. Mas mesmo assim fui dilacerada! E repreendia pelo 7 mares juntos. E nunca mais pelo jeito ficaria com os olhos verdes novamente. Eu já estava conformada aquele era nosso término mesmo. Era óbvio que tinha prazo os olhos, o cabelo e os beijos. Como tudo na vida envelhece e se vai, os olhos verdes se foram. O que o tempo me deixou foi a missão quase impossível de substituir o que os Olhos Verdes me causavam. E adiantando aqui, demorei longos 2 anos para superar aquele infeliz.

Por fim, ou por começo. Foi assim que decide ir embora do Buraco, assim nomearei o lugar onde tudo começou, mas não onde tudo terminou. Nesse dia decide que tinha que ir embora, esquecer as pessoas, a pessoa. E tentar em um novo lugar uma nova vida. Não que abandonaria meu passado, o tempo não me deu isso. Mas de mudar o que tinha tempo. Me dar um rumo, digamos a verdade. Eu não era um flor muito cheirosa.
Adormeci por fim com aquelas ideias em mente e com lágrimas no meu rosto e com a desaprovação da minha família. Menos dos meu irmãos. Da minha irmã melhor dizendo, já que meu irmão tinha meros 5 anos e não entendia nem o significava "Na rua, logo no meio da rua". Minha irmã foi a única que antes de adormecer me disse.
- A vida é sua, foda se eles.
E eu levei ao pé da letra. Queria sair daquele lugar. E ir embora! Para longe daquela cidade, dos amigos, dos Olhos Verdes, dos meus pais e porque não de mim mesma? A questão era, o que eu era? E o que eu queria ser?

7 Motivos que me levaram até vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora