7 Motivos que me levaram até você

O tempo trouxe

-Bom dia Raio de Sol- minha mãe foi me cumprimentando a medida que saia pronta do quarto com o uniforme, minha mochila ou melhor meu kit sobrevivência.
-Bom dia mãe- disse me sentando na mesa posta com inúmeros comes e bebes.
Ainda não estava acostumada com aquele apartamento minúsculo que iria ficar durante meu ensino médio todo, tinha uma mesa pequena e redonda, uma televisão, dois sofás e uma cozinha completa. Além de dois quartos os quais um ficava minha cama e o outro era meu quarto de estudo, e apensa um banheiro no meu quarto então.... Era bem pequeno, cabia apenas eu e mais uma pessoa além da sala que cabia mais duas.
Aquele era último dia dos longos 3 anos que iria ir de carro para escola,depois eu pegaria uma van. A escola era um pouco longe do meu prédio, mas foi o que deu para arranjar em apenas 3 meses.
-Vamos filha sua aula começa as 08h.
-08h? Mãe agora são 07h! Porque eu não dormir mais!- falei enquanto colocava um pedaço de pão com manteiga na boca e dava um gole no meu suco de abacaxi.
-Filha a van irá passar 06h40 todos os dias então é bom não dormir muito.
-Eu não posso crer, minha aula começa as 08h e nem vou poder usufruir desse benefício. Vou ter que acordar as 06h30! - falei para ela me deslocando da cadeira até o sofá para colocar o tênis. Se fosse em uma escola norma iria de chinelo meu sapato favorito em todo universo. Mas não, era proibido usar chinelo. Então mais um ponto para lista de perdendo costumes do interior.
-Outra coisa, tome esse cartão. Você vai ter que almoçar todo dia na escola porque você está no integral.- falou me passando o cartão.
Eu já sabia daquilo. Eu decide na verdade aquilo. Ficar mais tempo na escola não me dá muitas opções para ficar pensando em certas pessoas.
-Ta bom mãe obrigada.- peguei o cartão e guardei na minha bolsa
-Vamos então mãe.
-Vamos.- ela pegou a bolsa,trancamos a porta e guardei a chave no minha bolsa.
Hoje minha mãe voltaria para o Buraco, e pensar em ficar sozinha me assustava bastante. Já que eu nunca tinha dormido em quarto sem minha irmã. Ou morado em alguma casa sem meus pais. Mesmo assim pensei positivo hoje o dia iria ser maravilhoso ia conhecer pessoas novas e estudar em  um local incrível. E voltar tão morta para casa que nem notaria a ausência de pessoas.

Quando chegamos na porta da escola. Minha mãe me desejou boa sorte e me deu um beijo e pediu para que ligasse caso acontecesse algo. Minha avó,  meu padrinho e vários primos meus e amigos antigos dos meus pais moravam na cidade, se algo acontecesse podia contar com eles.
-Tudo bem, vai dar tudo certo, eu ligo no almoço e quando chegar em casa.- abri a porta e desci.
Naquele instante uma ansiedade constante tomou conta do meu ser. Queria pular de novo no carro e falar. Tudo bem mãe vamos embora péssima ideia. Mas dei uma avançadinha para as catracas que ficavam na entrada da escola. Dei um bom dia para o guarda e segui em frente firme e forte.
Cheguei até alguém vestido com o uniforme de funcionário, parecia uma professora, eu acho,de cabelos loiros e franja, parecia ter 30 e poucos anos meio gordinha e não muito alta mesmo com o salta que usava.
-Moça, você pode me ajudar eu sou do primeiro ano integral. A Sra. sabe onde é minha sala?- falei entregaram  um papel com o número da sala e o andar.
-Olá, sim. Você sobe até o último andar e pega a direita quando chegar a um pátio e procura seu nome em uma das salas que está com o nome das pessoas de cada turma.- falou educadamente e foi em direção a um homem rechonchudo.
E assim começou minha caminhada árdua até o terceiro andar e minha vida nova.
Subi, subi e subi que lugar cheio de escadas. Nunca vi tantas. Quando cheguei ao local, mas não tinha mais teto. Que probreza essa sociedade.
Olhei estranhando aquele lugar sem nenhuma cobertura e me toquei que era uma cobertura. E por fim me lembrei. Estava no panfleto os recreios dos alunos do integral eram naquela cobertura. Linda cobertura com palmeiras e um refeitório com mesinhas e bancos espalhados.
Desci para o andar de baixo e percebi que ali estavam as sala e me pus a procurar a sala que estudaria.
Estava deserto o corredor e logo achei meu nome na porta da primeira sala a direita.
Quando cheguei e olhei no lugar onde deveria estar uma maçaneta,não tinha nada. E tentei entender como abrir aquilo. Como assim sem maçaneta? Eles abrem com a mente isso? Dei uns ponta pés na porta e olhei pela janelinha. Tinha gente na sala! Como essas pessoas entraram. Então um menino veio até porta e a abriu para mim.
Então é assim que se abre, por dentro. Deixei meu devaneios sobre a porta que só abre por dentro e me sentei,tirei meu material e fiquei matando o tempo ali. Enquanto os alunos se acomodavam nas carteiras. Não queria conhecer ninguém. Nenhum menino. Nenhuma menina. Iria me focar.
Claro não deu nada certo. Quando me levantei para ver o horário, meu espanto foi que não tinha matérias no horário ao invés de história, matemática, filosofia... Tinham nomes. Putz, vamos estudar pessoas agora. Fiquei mais confusa que um cego no tiroteio e resolvi perguntar a um garoto que estava sentado atrás de mim o que significava tudo aquilo.
-Com licença- falei me debruçando na cadeira de frente para ele- você sabe como entender aquele horário?- falei enquanto apontava para o papel no mural da sala.
-Você não sabe ver o horário?- perguntou confuso.
-Que horário, só tem nome de pessoas ali, como se vê isso?-falei meio acanhada.
-A você é da onde?- ele perguntou levantando a sobrancelha.
-Sou de um Buraco bem fundo do interior desse estado- falei com um pouco de raiva, afinal me desculpa se nunca olhei um horário com nomes de pessoas ao invés de matéria.
-Isso explica, vem aqui- pegou me braço e me virou pro horário apoiou as costas na parede e iniciou a explicação- os nomes ai são os respectivos professores de cada matéria, eu não sei quais matérias eles dão. Mas a medida que as aulas forem acontecendo a gente descobre... Seja lá qual for seu nome.
-Marcela, mas pode me chamar de Ma, não gosto muito de Marcela-olhando para ele e anotando os nomes dos professores.
-Gosto de Marcela. Prazer Luan.- oferencendo a mão para apertar.
E foi aí que meu primeiro melhor amigo surgiu na terra. Com cabelos negros,olhos profundos e negros também e a pele tão branca quanto o leite, e claro, muito alto, mas todos eram altos em relação a mim...
Nossa amizade foi ficando forte. Mas aí veio uma prova tosca de nivelamento.
E do nada...