13 DE ABRIL DE 1912 - Um beijo

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Acordei de manhã, o sol estava batendo na minha cara. NA MINHA CARA!

- Breno, sabe quem está aqui? - disse o papai

- Não. Quem é? - eu disse, pensativo.

- A sua vó materna - disse minha mãe.

Ai, ai. A minha vó é mais safada das safadas da terceira idade.

***
Minha vó entra, que disgrama.

Ela conversou tanto com a minha mãe, depois veio falar comigo, droga.

- filho como você está?

- Eu estou bem. Graças a Deus - disse.

- Olha Breno, Quando você dé seu primeiro beijo, que seja com uma moça bela, nem tanto, e rica. Você não quer que seu primeiro beijo seja uma pessoa pobre. Imagine se ela tivesse todos os dentes faltando, seria muito ruim demais, mas se ela for bem na cama, aí pode abrir uma ecessão. Como minha mãe já dizia "Mulher é igual à uma égua, monta logo senão ela sai correndo" - disse minha vó, piscando o olho várias vezes para mim.

Eu não entendi bem essa parte da égua, mas, muito mas, tudo bem.

Eu esquecera de que tinha um encontro com Saphira, então sai correndo sem dizer nada.

Chegando na popa do navio, eu encontrei Saphira. Ansiosa, eu a vi roendo as unhas.

Cheguei até a ela é disse:

- Saphira!

- Breno! Pensava que você não vinha mais - disse ela.

Sabe, queria dar meu primeiro beijo nela, mas tenho vergonha. Muita vergonha.

Mas eu vou conseguir. EU VOU CONSEGUIR!

Eu fui de supetão

- Saphira, não fala! - Disse.

Ela olhou para mim e disse:

- Como assi...

Eu dei um beijo no rosto dela. Ela olhou para mim; eu olhei para ela. Ela olhou para mim, rindo, e foi embora. Bom, Eu nunca dei um beijo numa menina, só na minha mãe. Já que ela é minha mãe.

Andei pelo navio pensando no penúltimo dia do navio. Criei uma amizade numa menina da terceira classe, primeiro amor. Mas isso vai acabar, infelizmente. Lembro-me dos meus amigos de colegios; infelizmente eles vão ser meus amigos imaginários. Como se isso fosse uma saudade terrível, mas não é... Nunca é, é uma saudade boa, é a saudade de que eu ainda lembro deles. Ainda bem que tenho minha melhor amiga, a Saphira.
Saudade!
Amor!
Ódio!
Tristeza!
Era isso que me encorajou a ser mais feliz, para esquecer isso.

°°°
- Miguel, finalmente o encontrei! - disse Saphira - Posso lhe fazer um convite?

- Sim - falei.

- Vai ter um festa na terceira classe, você quer ir?

- Claro!

Ela me pegou pelos braços e me levou até a segunda classe, onde havia pessoas bêbadas. Eu não gostei daquilo. Vi belos instrumentos. Eles me faziam dançar. Dançar muito.

Saphira apontou para uma mesa e disse:

- Tá vendo aquela mesa, Breno?

- Sim. O que que tem? - disse.

Ela andou até uma mesa pequena, mas tinha vários homens bêbados ali. Ela pegou uma garrafa de cerveja, cuidadosamente, e levou até mim.

Ela veio com a garrafa de cerveja, e ela bebeu e disse:

- Quer um pouco, Breno?

Disse que não.

Ela ficou triste, mas ao olhar para ela aceitei. Eu bebi, era muito amargo, era muito ruim. Não sabia o que era mais ruim. Que ruim! Ela olhou para mim e riu, porque eu estava fazendo uma careta por causa da cerveja. Bom, eu também ia rir dessa careta. Então ela deu outro gole e depois riu.

°°°
Pouco tempo depois ela me levou para sua cabine. A mãe d'ela vai para alguma festa essa hora. Então ela disse:

- Gostou do meu quarto?

Disse que sim.

Nós conversarmos tanto, até na hora que ela disse:

- E que tal um beijo?

- O quê? Um beijo?! - disse

- Sim! Um beijo - ela disse piscando o olho para mim.

Bom, fiquei surpreso por ela querer um beijo meu, acho que ela está bêbada, mas aceitei. Será que estava preparado? Ela ia em direção a mim com o biquinho pronta para beijar, eu também. E por fim, ela me deu um beijo. Me senti como se uma margarida e uma rosa se beijassem e a diferença se tornasse igualdade para os dois.

O meu primeiro beijo

O Garoto No Titanic (Conto concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora