Victoria caminhava confiantemente pelo portão de entrada do prédio de Theodore. Nas mãos o celular discava um número conhecido pra ela e nos pés seus saltos batiam provocando um barulho quase característico de seu andar sempre confiante e presente. Quando o aparelho celular grudou em suas orelhas o sorriso dela logo aumentou, vitorioso.
-Olá. – Disse carinhosamente ao telefone. – Eu disse que ligaria, não precisava se preocupar. – Brincou. – Aqui continua tudo bem, tudo sob controle. – Agora seus pés a moviam em direção ao elevador. – Eu já disse várias vezes e vou dizer de novo que não há porque se preocupar ou se arrepender, sabe que foi melhor assim pra todos e eu garanto a você que está tudo bem por aqui. – Seu reflexo no espelho do elevador mostrava um sorriso que parecia aumentar ainda mais, como se pudesse saltar de seu rosto e ter vida própria. – Claro, eu entendo e você tem razão eu devia ter ligado antes pra lhe dar notícias, mas tive uma viagem de negócios e acabei ficando longe de tudo e todos, mas prometo ligar mais e lhe dar notícias de tudo, mas por favor, não se culpe mais por isso, você merecia toda essa felicidade e nunca a encontraria aqui, então coloque na sua cabeça que fez o que tinha que ser feito. – Victoria disse. – Todos merecem ser feliz, inclusive você, meu bem. – Sua voz era mais doce do que nunca. – Eu tenho que desligar agora, tenho uma reunião importantíssima com um cliente, mas prometo ligar em breve, não precisa se desesperar, tudo bem? Até mais, beijos, também sinto sua falta. – Sorriu e logo desligou o telefone já adentrando a casa de Theodore que estava sentado no sofá com um jornal em mãos. – Meu amor... – Ela o saudou com um beijo longo.
-Atarefada? – Ele perguntou encarando o telefone em suas mãos. Percebera que ela tinha acabado de desligar.
-Era um cliente, nada importante. – Victoria respondeu falsamente antes de se sentar ao seu lado. – E então você queria me ver? – Perguntou.
-Eu queria saber o que você acha de jantarmos hoje. Vou pedir a Lisa pra ficar com as crianças. – Theodore forçou um sorriso. Ele sabia bem que essa era de longe uma das coisas que realmente queria fazer, mas precisava voltar a si e deixar de lado as loucuras que sua mente teimavam em envolve-lo a respeito de Elisabeth. Era insano demais, intenso demais, insensato demais, impulsivo demais, e isso tudo ele já havia deixado de lado há muitos anos pra cair no mesmo erro por causa de um rosto bonito. Apesar de no fundo saber que ela era muito mais do que só isso.
-Claro, eu vou amar. – Victoria disse estonteante antes de beijá-lo intensamente, mas ele logo interrompeu o beijo.
-As crianças estão em casa... – Disse como se sugerisse que ela controlasse seus impulsos, mas em resposta Victoria rolou os olhos rapidamente.
-Theo, eu já disse e vou dizer mais uma vez: Precisa ser direto com as crianças e dizer que estamos num relacionamento, até parece que eles ainda não entenderam isso. – Victoria bufou.
-O Gregory entende, Victoria, mas a Annabeth e o Joshua ainda não conseguem compreender isso, tente ser a adulta da situação e esperar o tempo deles. – Theodore disse irritado fazendo-a rir irônica.
-Tem certeza de que é só por isso que você não conta pros seus filhos? – Victoria franziu o cenho.
-O que quer dizer com isso? – Ele a encarou.
-Quero dizer que estamos juntos de verdade há quase um ano e até agora você não conseguiu assumir um relacionamento pros seus filhos, até agora você sequer tentou dizer a eles, mas eu sei que estávamos caminhando pra isso antes de eu viajar e de repente quando eu voltei você tinha retornado à estaca zero. – Victoria engrossou sua voz pra mostrar seu incomodo. Ele sabia que ela estava certa, os dois sempre caminharam com passos lentos na relação racional que tinham, mas ele já estava conseguindo se soltar um pouco mais há cerca de um mês ou mais atrás, mas desde que conheceu Lisa tinha medo de seguir de verdade ao lado de Victoria. Medo de arrependimentos, medo de mais uma vez tomar escolhas erradas em sua vida.
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Behind Blue Eyes
Romance"Finalmente consegui encarar aqueles olhos azuis opacos. Eles me fitaram com intensidade, tentando adentrar o mais profundo do meu ser. Um azul tão gélido, e cheio de ressentimento, que era possível sentir um pouco da sua dor também. O Sr. Stormfiel...