Capítulo 9 - Daniel

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CAPÍTULO 9 - DANIEL

"Eu realmente não ligava se ele sentia pena de mim ou não, desde que ele sentisse alguma coisa... Qualquer coisa."

- Não precisa se levantar se não quiser – disse mamãe quando eu abri os olhos.

Estava em casa. Tudo estava silencioso demais. Não havia vozes nem no quarto, na casa ou na minha cabeça. Os homens dourados não estavam lá. Minha boca estava dormente. Mamãe beijou minha testa e o borrão branco na minha frente tomou forma assim que ela colocou os óculos no meu rosto. Ela vestia pijamas, seu cabelo estava desarrumado, os lábios sem cor e o rosto pálido. Parecia ser de manhã. Porque o quarto estava claro e o clima frio, embora alguns raios de sol invadissem a persiana do quarto.

Minha mãe continuou me fazendo carinho. Queria contar o que tinha acontecido, mas pelo seu semblante aposto que papai contou que eu tinha feito xixi na roupa. Fechei os olhos por um momento. Geralmente eu não conseguia distinguir o que era sonho (ou pesadelo). As lembranças na minha cabeça sempre eram tumultuadas demais pra que eu conseguisse associar as imagens certas com as que eu criava. E eu sentia uma enorme vontade de perguntar pra mamãe, só que eu não tinha coragem.

Me lembrei da briga dos dois ontem a noite, que se tornou uma discussão maior que levou o papai sair de casa gritando e depois dormir no sofá. E tudo isso era culpa minha, fazer meus pais gritarem um com o outro, e Jack se estressar comigo e socar a parede do quarto... culpa minha.

Sentei na cama e reparei que vestia meu habitual pijama de girafa. O que significava que mamãe havia me dado banho e me trocado antes de dormir. E eu não me lembrava nenhum pouco disso. Ela puxou minhas cobertas e me ajudou a levantar. Escovou meus dentes e penteou meus cabelos, como sempre fazia todas as manhãs. Só que hoje ela não cantou como sempre fazia, ela estava quieta, fazendo tudo roboticamente. Em um desses momentos, perguntei sobre Edward, mas mamãe continuou calada.

Aposto que ela estava triste porque eu tinha feito xixi nas calças. Ela me deu minhas pantufas e meu roupão favorito, antes de irmos à cozinha para tomar café. Queria dizer que estava sem fome, que ficaria quietinho no quarto pelo resto do dia, mas não queria magoá-la ainda mais. Só que não queria fazer outra pergunta e encarar o seu silêncio. Não gostava quando mamãe estava brava comigo.

- Não quero esse animal perto dos meus filhos – disse papai pouco antes de entrarmos na cozinha.

Ele desligou o telefone. Jack estava sentado na mesa lendo gibis, e sorriu quando eu entrei. Papai apoiou as mãos na bancada enquanto mamãe seguia para o fogão. Queria perguntar a ele que animal ele queria longe de mim e de Jack. Talvez fosse o gato que a Sra. Mumford tinha. Eu e Jack éramos alérgicos a gatos. Mas papai gostava da Sra. Mumford, e seu gato se chama Lion. E meu pai também gostava do Lion.

Ou então fosse o pequinês do fim da rua. Mas ele já estava longe demais pra poder fazer mal a Jack e a mim também. Bom, essa era umas das milhares de coisas que eu não entendia, eu até poderia fazer uma lista das coisas que eu não entendia. Provavelmente daria uma série de sete livros, todos com mais de seiscentas páginas cada um. Ouvi mamãe cochichando com o papai, pareciam nervosos, e Jack percebeu isso também, porque ele pigarreou chamando a minha atenção.

- Ryback vs Rusev – ele disse empolgado – A luta de hoje na WWE.

- Ryback – murmurei.

- Isso mesmo, Ryback! – disse Jack sorrindo – Mesmo achando que Rusev vai ganhar!

- Ryback é o cara – respondi.

- Dolph Ziggler também era e perdeu para o Heath Slater – respondeu Jack.

As Flores no Inverno [ROMANCE GAY]Onde histórias criam vida. Descubra agora