Capítulo 11 - Daniel

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CAPÍTULO 11 - DANIEL

"Sorri porque eu gostava do som que minha voz fazia quando eu pronunciava seu nome. Edward."

Eu queria muito voltar de ônibus da escola, mas minha mãe foi me buscar mais cedo do que o habitual. Teríamos que ir visitar algumas pessoas. Como a Sra. Montgomery. Eu não gostava dessas visitas, mas mamãe dizia que era bom pra mim que eu me mantivesse bem psicologicamente. Ela trabalhava no centro da cidade, e sempre tomávamos sorvetes depois. O escritório dela era bonito e grande, geralmente ela me atendia em uma sala colorida com muitas, mas muitas almofadas.

Já estava sentado quando ela chegou. Estava só de meias porque o carpete parecia um animalzinho de tão fofo e felpudo. Ela se sentou em uma das almofadas e me cumprimentou com um aperto firme de mão. Eu queria contar alguma coisa boa pra ela, mas acho que não tinha feito nada de tão interessante nesses quinze dias. Nada que eu quisesse desesperadamente contar. Eu gostava da Sra. Montgomery. Sua pele negra combinava perfeitamente com os cabelos crespos volumosos. Era magra e alta. Mamãe costumava dizer que bonita assim ela deveria ser modelo. Mas eu discordo. A Sra. Montgomery era muito boa no que fazia.

- Como foi essas duas semanas Daniel? - ela perguntou cruzando os braços, curvando-se lentamente para trás. Eu queria dizer para que ela tivesse cuidado, pois homens dourados se escondiam atrás de sua poltrona. Eu me deitei no pufe, estava um pouco cansado da viagem, e ela sempre dizia pra ficar a vontade, do jeito que eu quisesse. E naquele instante eu queria ficar deitado.

- A sala está a uma temperatura agradável - comentei.

- Sim, está – ela disse me dando um belo sorriso – Quer falar um pouco sobre suas duas semanas? Sua mãe disse que foram... Intensas – disse a Sra. Montgomery.

Eu a olhei por muitos segundos. Queria saber o que ela quis dizer como "intensas". Foram duas semanas atípicas. Então eu passei a pensar. Talvez mamãe tenha contado sobre Edward, ou ela tenha dito sobre como Ethan tinha sido mal comigo. Ou talvez mamãe só tivesse dito sobre como eu gostava dos biscoitos. Sei lá, mamãe poderia ter dito muitas coisas. Refleti como foram as duas semanas e se talvez eu tenha feito alguma coisa que pudesse me mandar com uma passagem só de ida para uma colônia de férias na Pensilvânia. Cruzei os braços. Fiquei imediatamente tenso.

A Sra. Montgomery percebeu de imediato, porque ela era uma pessoa muito inteligente e eu tinha dúvidas sobre seus poderes de ler mentes. Mamãe sempre dizia para o papai que ela era a melhor pessoa na cidade que tratava de pessoas especiais como eu, e que era a única que podia me ajudar a ser feliz. Papai discordava e achava que tinha que me tratar como os outros. Bom, isso rendia muitas discussões que faziam o papai dormir no sofá.

- Tudo bem Daniel, vou falar como foram as minhas semanas – ela disse cruzando as pernas e relaxando os corpo – Meu namorado, Derek, me pediu em casamento e me deu esse anel, olha – então a Sra. Montgomery mostrou um lindo anel dourado com uma pedra verde e eu sorri, porque me sentia feliz por ela.

- Belo anel – elogiei.

- Depois ele me levou a um ótimo restaurante, aposto que gostaria de comer lá! Qualquer dia eu posso te levar para comer! Eles fazem doces maravilhosos – comentou com os olhos belos e alegres.

- E eu posso levar alguém? – perguntei um pouco esperançoso.

- Claro! Quem seria?

- Edward – murmurei.

Disse seu nome e sorri. Sorri porque eu gostava do som que minha voz fazia quando eu pronunciava seu nome. Edward. E eu me sentia feliz em me lembrar dele. Eu queria de fato levá-lo para comer doces. Ele parecia gostar de doces tanto quanto eu. a Sra. Montgomery sorriu e mexeu nos cabelos. Parecia satisfeita com a minha resposta. Talvez eu devesse falar a ela sobre Edward. Minha mãe sempre dizia que eu poderia falar sobre qualquer coisa a Sra. Montgomery porque ela poderia me ajudar de formas que nem ela e nem o papai conseguiam. Eu queria que ela me ajudasse a ser uma pessoa melhor, queria que ela me ajudasse a tirar Edward da minha cabeça o tempo todo. Eu tapei meu rosto porque me senti envergonhado. Podia jurar que meu rosto ficaria vermelho por pensar assim. Não queria jamais esquecer de como eu fiquei feliz por saber que Edward estava por aí.

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