"O esperado nos mantém fortes, firmes e em pé. O inesperado nos torna frágeis e propõe recomeço"
- Machado de Assis
Perpétua olhou para o relógio prateado pendurado na parede pela quinta vez no espaço de um minuto.
Tinha vestido sua roupa de negócios – ou armadura, alguns diriam – que se resumia a: um terno Armani preto – que evidenciava as curvas sinuosas do seu corpo e fazia com que se sentisse totalmente no controle de qualquer situação – acompanhado de saltos agulha, altíssimos.
Ele estava lhe dando um chá de cadeira que já havia passado de uma hora. O que Perpétua não sabia dizer era se por não se importar com sua insignificante presença, ou por uma simples estratégia – coisa que já havia feito com alguns escritores egonaltas.
Para falar a verdade nem sabia por que estava ali, naquela recepção pomposa, toda decorada em preto, bege e branco, com poltronas de couro – bonitas demais para serem confortáveis – e uma recepcionista loira, que "discretamente", a encarava a cada dois segundos com desconfiança.
Elizabeth, pensou com um sorriso.
Sua melhor amiga – a mais sensata do seu estreito grupo – tinha insistido para que procurasse um advogado quando as coisas ficaram sérias demais para ignorar. Beth havia marcado um horário pessoalmente com o Dr. Stephanovich, e escreveu uma lista de palavras que não poderia pronunciar – tais como: porco, desgraçado, lambi saco de políticos, filho da puta e outros que não valia mencionar.
Segundo sua amiga, Advocacy Stephanovich era o melhor escritório de direito da cidade, com fama internacional, e que o tal Stephanovich não era só o dono, mas também o melhor advogado da empresa.
– Quase tive que negociar um dos meus rins para conseguir essa entrevista, então seja boazinha e paciente, ele pode parecer assustador, mas é o melhor advogado da cidade, por favor Perpétua, seja... educada – essas súplicas e mais um manual de bom comportamento foram suas recomendações ao entregar o cartão do advogado.
Serei um verdadeiro anjo, assim que esse babaca resolver aparecer.
Olhou para o relógio mais uma vez e percebeu que tinha uma entrevista com um cliente. Cansada de esperar, levantou-se para falar com a secretária.
– Olá, tenho uma reunião marcada com o Dr. Stephanovich, que deveria ter começado há mais de uma hora – torceu para que sua voz não deixasse transparecer a irritação que sentia.
– O Dr. Stephanovich está ocupado em uma reunião, a senhora terá que esperar mais alguns minutos – respondeu a mulher, sem nem se dar ao trabalho de tirar os olhos da tela do computador a sua frente para encará-la.
– Até esperaria, mas acontece que tenho outro compromisso – tentou manter a calma.
Seja educada, repetia a frase na cabeça como um mantra.
– Como informei, terá que esperar – respondeu a secretária, petulante – não posso fazer nada pela senhora.
E isso foi o suficiente para aflorar o temperamento explosivo de Perpétua – temperamento esse que havia lhe colocado em todo esse problema.
– Muito bem, então deixe que eu mesma resolvo o problema – rebateu e como um furacão, andou a passos decididos até as portas duplas do escritório do tão ocupado Dr. Stephanovich.
As portas de madeira polida se abriram com extrema facilidade – ou talvez tenha sido a raiva que a deixou com mais força que o normal.
O escritório era tão opulento como o resto do edifício, com mármore e madeira, peças de arte e vasos – havia até um tapete muito oriental e luxuoso.
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AMOR POR CONTRATO - DEGUSTAÇÃO
Storie d'amoreDizem que os opostos se atraem, mas não se casam. Vladimir Stephanovich, controlado e calmo - frio, alguns diriam - conseguiu uma carreira brilhante, com 37 anos, é considerado o melhor advogado da cidade de Nova York. Porém, sua competência profiss...