"Aquele que nos combate, fortalece nossos nervos e aguça nossas habilidades. Nosso oponente é nosso colaborador."
― Edmund Burke
Era impressionante como uma simples decisão poderia mudar tanto as coisas. Não apenas algo imaterial e incerto como o destino, ou futuro, mas também coisas sólidas e reais, como a sala que Perpetua estava naquele exato momento – com suas paredes beges, móveis escuros e cromados, cadeiras de couro extremamente desconfortáveis. Tudo ali gritava dinheiro, pompa e elegância fria.
A primeira vez que a brasileira esteve na sala de recepção do Advocacy Stephanovich, ficou tão nervosa a ponto de sentir seus ossos vibrarem por sob a pele. Veja bem, não que estivesse em melhor estado no tempo presente – o medo e preocupação eram tudo que conseguia sentir, nublando seus pensamentos – no entanto, hoje, tudo era pesado com uma dose de impotência, misturada com resignação.
Era detestável.
– Você não precisava ter vindo comigo – disse para Christopher, que estava sentado ao seu lado, apesar de estar feliz por ele ter feito.
– Somos uma matilha protetora, não abandonamos nossos filhotes – sorriu quando a brasileira revirou os olhos do jeito que sabia que ela faria – além do mais, vai precisar de um advogado.
– Primeiro, filhote é a mãe – enumerou com a petulância de um criança de 5 anos – segundo, é só a assinatura de um pré-nupcial, terceiro, e mais importante – fez uma pausa dramática – você não é advogado.
– Sou quase isso.
– Deus, cursar 1 semestre de penal na faculdade não banca um diploma, e lembrando que só fez as aulas porque estava interessado no professor.
– O pior sexo da minha vida.
– Pelo amor de Beyoncé, porque você é tão promíscuo?
– Não sei, acho que é um dom, melhor, minha missão divina.
– Se continuar andando contigo, é capaz de ser condenada ao inferno só por convivência.
– Provável, no entanto – esticou a palavra para dar ênfase – você precisa de mim, delícia.
– Por exemplo?
– Para impedir que seu futuro marido lhe passe a perna.
Nesse momento, a secretária se levantou e anunciou que o Sr Stephanovich os esperava na Sala de Reunião. O mais calmamente que pode, Perpétua se levantou, alisou a saia para ganhar tempo – novamente, usava um terninho, só que dessa vez da cor vinho – e foi em direção a sala que lhe foi indicada.
Quando as portas se abriram, a negra sentiu-se entrando no território de um predador. Desejava com todas as forças voltar por onde tinha entrado. Se esconder até tudo ficar resolvido – independente das consequências – mas felizmente, de todos os seus defeitos, covardia nunca foi um deles.
A "sala de reuniões" era tudo que imaginava ser. Ampla, decoração minimalista e impessoal, uma grande mesa escura no centro com cadeiras de couro preto – aparentemente confortáveis – à sua volta. Stephanovich estava sentado à cabeceira – como um rei – muito imponente no seu terno cinza chumbo feito sob medida, cabelo penteado para trás, e postura segura. Mas sua aparente civilidade não a enganou nem por 1 segundo – não com aquele olhar fixo e direto, que parecia vasculhar sua alma a procura de um ponto fraco.
Vai ter que se esforçar mais, garotão. Pensou ao sustentar seu olhar com óbvio desafio.
Sentado ao seu lado direito, tão bonito quanto, estava um homem loiro. Sua postura era relaxada, cabelo propositadamente despenteado, um sorriso satisfeito no rosto, enquanto ele passeava – porque não existia a menor dúvida de que estava sendo apreciada, não analisada – o olhar por seu corpo.
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AMOR POR CONTRATO - DEGUSTAÇÃO
RomanceDizem que os opostos se atraem, mas não se casam. Vladimir Stephanovich, controlado e calmo - frio, alguns diriam - conseguiu uma carreira brilhante, com 37 anos, é considerado o melhor advogado da cidade de Nova York. Porém, sua competência profiss...