Quando eu acordei pude enfim sentir meu coração aliviado de novo, como se o medo que eu estivesse sentindo por dentro (mesmo não sabendo ao certo o porquê ou do que) tivesse cessado. E com uma leve sensação de que meus níveis de dopamina foram parar no céu.
Sentei na cama, com os olhos ainda fechados desliguei tudo por alguns segundos para entender que, não foi um sonho e que tudo tinha terminado bem com o Adam. Tentei me arrumar do melhor jeito, usando um blazer salmão que o Matt adora. Mas antes me vi com uma necessidade gigantesca de escrever para o Charlie, principalmente para agradecer.
"Querido, Charlie
Queria te agradecer pelos conselhos e pela força ontem. Fiz o que me mandou e tudo terminou bem. Estou com o coração leve e te agradeço de todo o meu coração.
Espero poder fazer algo por você um dia. Em alguns poucos dias você já fez muito por mim... Obrigada!
Que teu dia seja doce!
Com amor, Sophia."
Desci as escadas rapidamente para não me atrasar ainda mais para aula. Terminando o ultimo gole de café e com os livros quase caindo dos braços, fui interrompida por minha mãe:
— Sophia?! — pelo tom da voz sabia que ia escutar alguma bronca e antes que ela já pudesse começar a cafangar, respondi: — Oi mãe! Bom dia!
— Onde você foi ontem à noite, sem me avisa? — disse enquanto me fuzilava com os olhos.
— Mãe, desculpa! Fui na casa do Adam, a gente brigou ontem. Na verdade, não brigamos apropriadamente, mas estava um clima chato entre nós dois e não podia, de forma alguma, ir dormir sabendo que não estávamos bem.
— Não é porque é o Adam que você pode sair de casa dez horas da noite e voltar de madrugada, Sophia! — exclamou ainda mais irritada.— Eu sei mãe! Eu sei! Mas foi no impulso...
— Vá para aula! — me interrompeu — Se não vai se atrasar mais ainda. — continuou apertando as sobrancelhas.
— Certo mãe!
— Quando voltar vamos conversar! — finalizou.Minha mãe sempre foi excessivamente rigorosa comigo, e mesmo sendo pouca coisa para outros olhos, ela realmente ficou chateada comigo e sabia que teria consequência. A última vez que fugir de madrugada para ir para casa do Adam, fiquei de castigo e foi uma semana sem poder vê-lo. E não é porque vou fazer dezoito anos em poucas semanas que isso vai mudar. Depois da separação dos meus pais, minha mãe se tornou mãe e pai: com muitos extremos e regras. Não culpo e entendo, no fundo ela tem medo d'eu me desencontrar ou fugir do caminho que ela cuida com tanto zelo para mim.
Já estava dobrando a rua quando vi o Adam sentado no paralelepípedo da calçada. Cabisbaixo, com os braços em cima da perna, uma cena que nunca tinha presenciado. Meu coração palpitava avassaladoramente e o medo já começou a consumir meu corpo, sabia que algo estava acontecendo ali.
— Adam? O que você ainda está fazendo aqui? — disse enquanto o abraçava
— Estava te esperando! Queria passar o dia com minha melhor amiga. — respondeu com um ar ainda triste
— Na escola né? — completei enquanto soltava meus braços — Porque não vou perder aula, Adam.
—Eu só quero passar um tempo contigo, é tudo o que eu peço. — segurou forte a minha mão. — Por favor, vem comigo!
— Mas, não posso perder aula... ainda mais que minha mãe está chateada por ter ido ontem na sua casa sem falar nada.
— Por favor, só vem comigo... preciso da minha melhor amiga! — seus olhos brilhavam de uma maneira suplicante e eu faria de tudo pra fazer aquele brilho doloroso sumir dali.
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Querido Charlie
Romance"Não sou nada especial; disso estou certa. Sou uma mulher comum, com pensamentos confusos e uma vida de extremos. Não tenho superpoderes e não toco nenhum instrumento musical, mas amei uma pessoa com toda a minha alma e coração e, para mim, isso sem...