Capítulo 10

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Toda vez em que tento qualquer tipo de diálogo com Tony ele desconversa, aquele dia no quarto ele disse que estaríamos juntos. Evita falar e olhar pra mim, como se estivesse algo a esconder. Tony não parece o mesmo, está mais maduro, sua pele branca e seus cabelos negros transparecem sua maior experiência, mas ele esconde algo, há um mistério nisso tudo. Sou interrompida dos meus pensamentos com a chamada de recolher dos quartos. Ainda não faço ideia de onde estou e muito menos o porque de estar aqui. A sala onde ficam os programadores ampliados são completamente restritos a membros da segurança, o que impossibilita a facilidade de pesquisa. É como uma peça no quebra cabeça. Eu sou uma peça, Klaus é a seguinte e então ela se estende, até um número incontáveis de indivíduos. Até hoje o maior número que observei fora o 31, mas acredito haver mais, um quebra cabeças infinito na qual fazemos parte. Não há como saber se existem outras áreas como essa.

O quarto é bastante monótono. Não é branco, é pintado em um lilás bem suave e com o mesmo símbolo na parede. Encaro pensando em Judy, desde aquele dia em que conversara com Klaus, não consigo parar de pensar em minha amiga e onde ela deve estar. Nesse momento sinto a porta do quarto se abrir e percebo seus cabelos ruivos e sua aparência atlética. É Judy.

- Olá Charlotte. - Sua expressão é totalmente diferente da que eu conheci, ela possui uma postura de uma líder. Suas roupas brancas e seu crachá indicando seu nome como Charceler Judy comprova o que passa pela minha cabeça, ela sabia de tudo que estava acontecendo.

- Judy ? - Não consigo dizer mais nada e sinto meu rosto gelar. Meus olhos saltam ao presenciar aquilo.

- Chanceler, por favor. - Ela se aproximou da pequena mesa que tinha o quarto, onde estavam alguns papeis e lápis de cores, sentou-se sobre a cadeira e fez sinal para que eu me senta-se de frente para ela.

- O que é isso ? Você sempre soube de tudo então ? Esteve com eles o tempo todo ? - Eu não parava de querer saber a verdade, se ela era uma Chanceler, Klaus também poderia ser. Eles eram amigos desde a infância, ele pode saber de tudo e nunca ter me contado.

- Charlotte, precisamos conversar sobre algumas coisas. - Suas mãos se entrelaçam sobre a minha pequena mesa de cabeceira. - Tenho algumas respostas para você, mas outras você terá que descobrir sozinha.

Fecho os olhos durante um segundo e tento lembrar aquela menina forte e bonita que eu conheci. Aquela que era minha amiga e totalmente o contrário do que a que eu via agora.

- Eu não quero ouvir uma palavra da sua boca, por favor, retire-se do meu quarto. - Ela agiu como se eu não tivesse direito a essa autoridade e logo me dou conta de que realmente não tenho. É ela quem manda aqui, ela é uma Chanceler, eu sou alguém que faz parte de alguma experiência científica ou algo do tipo.

- Bom, suponho que você já deve ter notado que não existe autoridade alguma concedida a você, portanto vamos começar de novo. Vou te explicar algumas coisas. - Ela era exatamente como a Chanceler Sarah, porém parecia ser ainda mais determinada. - Você está na superfície. Mais especificamente no comando número 3, você e seus amigos desenvolveram uma mutação a partir das células embrionárias de suas mães e com isso desenvolveram a habilidade de ser imúneis a algumas doenças acusadas pelo efeito da explosão solar. O planeta ainda é inabitável, e testaremos vocês a fim de retirar a população subterrânea para a superfície.

- Como é ? - Eu não acreditei no que estava ouvindo, eu era imude aos danos que a explosão solar causava. Eu e meus amigos. Mas eu não entendi o objetivo de tudo aquilo, se estamos na unidade número 3 é porque existem outras mais. - Se for pra ajudar a população eu aceito, aceito a ser uma cobaia.

-É ótimo que queira colaborar Charlotte, fico muito feliz com isso e tenho certeza de que seus pais também ficarão. - Ela levantou-se e antes que eu pudesse dizer algo a porta se fechou.

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