Amo-te

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- Amo-te. - sussurrava.

Tais palavras ditas num tom de voz com tanto sôfrego, que o sentimento lhe parecia palpável, parecia que o corpo sobre as mãos era o próprio sentimento se materializando depois de suas palavras.

- Amo-te tanto. - sussurrou pela milionésima vez, e descendo as mãos pelas costas nuas dele deitou a cabeça em seu peito.

Fechou os olhos e sentiu o seu cheiro. O suor impregnado na pele dos dois criava um aroma totalmente novo para ele, respirava fundo o almíscar natural e sua lucidez fugia, delirava descaradamente. O amava mesmo, disso tinha certeza e não tinha receio de admitir o seu amor.

Uma das mãos subiu pelas costas nuas dele, deslizando os dedos pelos músculos das suas costas, agarrou-lhe os cabelos, e ergueu o rosto dele de seu ombro, fazendo-o olhar fixamente para ele.

- E tu, me amas? - perguntou.

O outro sorriu.

A mão acariciou o rosto do homem que o olhava, os dedos percorreram os contornos da face dele. Observava o caminho que os dedos faziam nas curvas do rosto dele. Ele concordou com a cabeça e sorriu, abriu os lábios e exibiu o sorriso de felicidade. O dedo sentindo a textura dos lábios carnudos dele, os fios grossos do bigode roçando na ponta dos dedos.

Fechou os olhos novamente e sentiu o toque delicado e lentamente no rosto, os caminhos dos dedos formando uma teia, um emaranhado de linhas que levavam para um mesmo lugar, mas ainda sim tinham uma trilha inesperada.

Logo os lábios dos dois se tocaram, seguiram a única linha em paralelo que uniam suas bocas, e cederam à criação da humanidade que selava o amor. Sentiam-se mais unidos do que nunca, as pernas do outro se enlaçaram na cintura dele, e os braços se apertaram.

O som do beijo terminado fora como o estalar dedos num show de hipnose, tirando-os do transe. Olharam uns nos olhos do outro, respiravam o ar quente que expiravam e exibiam sorrisos lânguidos, que se contorciam para tentarem crescer mais.

O que mantinha o outro nos braços não se conteve e soltou uma doce e melodiosa gargalhada grutual, envolveu ele num abraço e riu quente e doce no ombro dele, inalou o almíscar dos corpos cheios de excitação dos dois, delirou descaradamente no abraço e percorreu as mãos sobre os cabelos e costas nuas do outro, beijou-lhe o pescoço e sentiu o coração bater forte no peito, ansioso e apressado.

- Amo-te tanto, meu amor.- sussurrou.

Aqueles DevaneiosOnde histórias criam vida. Descubra agora