A você

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Eu não consigo suportar
Suas batidas na porta
Me giram os estômago
Me cria cólica
Faz a minha cabeça girar

Antes você tivesse partido
Nunca mais voltasse
Tudo voltaria a fazer sentido
Se ficasse,
Talvez tudo isso me matasse

Não conseguiria me portar
Diante dessas vontades
Do seu desespero
De me manter sendo seu
E meu você nunca sendo por inteiro

Mas as saudades seriam certezas
Várias lembranças
Nossos momentos, as andanças
Sexo sobre a mesa
Eu e você, de sobremesa

Mas a vida é feita de escolhas
Você escolheu certo
Pra um futuro errado
Tirou dos bourbons as rolhas
Talvez esse tenha sido o seu adeus antecipado

Sem palavras, sem conversas
Eu não desistia, queria você
E você às avessas
Eu te amava, ficávamos juntos
Víamos tevê

Eu e você, eu podia até ver
Um futuro promissor
Eu esperto, você amante da arte
Mas pelo medo de te perder
O amor era mais uma amizade

Colorida, pintada de aquarela
Lápis de cor, giz, nossas piadas internas
Minha sutileza
Seu toque de safadeza
Eu o amante, você o pintor sem tela

Era uma coisa diferente
Éramos só nós
Mas tinha gente entre a gente
Eu era livre, você ciumento
Os papéis se invertiam, um tormento

Nunca te entendi
Esse ciúmes, seu jeito
Seu desejo de sair, revolucionário
Eu cheio de idéias
E você de sagitário

Super diferentes, mas tão grudados
Você vivia na fantasia
Depois fomos enamorados
Começo rápido, fim tortuoso
Mesmo assim, foi tão gostoso

E agora você volta
Bate na porta
Me espera lá fora
Não quero que vá embora
Entra, agora!

Não diga nada, não faça barulho
Só deixa eu te abraçar
Engolir o orgulho
Dizer o que eu preciso
Uma dúzia de palavras e um sorriso

Aqueles DevaneiosOnde histórias criam vida. Descubra agora