'Alternativas'

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— Será que ela vai gostar? - Nick perguntou a Joe enquanto embrulhava um pacote.

— Claro que ela vai gostar! Ela disse que gostava disso, então...

— Verdade! - Nick colocou um sorriso no rosto e prendeu a última parte do papel - sei lá, tô nervoso.

— Calma cara, parece que nunca gostou de alguém! - Joe foi até a geladeira e pegou uma jarra de suco.

— Não como eu gosto dela, sabe... Com ela é diferente. - Nick colocou o embrulho em uma sacola e colocou-a sobre a cadeira.

— Você falou isso da Molly!

— Não. Eu disse que a Molly valia a pena, e eu me enganei terrivelmente!

— Normal cara, você é novo ainda, tem muita coisa para acontecer! - Joe deu dois tapinhas nos ombros do amigo.

— Sim, tem ela! - Nick roubou o suco do amigo e tomou um gole.

— Hey!

No fim de semana, Lia recebeu uma visita que sempre esperava em alguns sábados. Ela já estava pronta, como era de costume. Seu pai tocou a campainha e ela foi correndo atender.

— Pai! - Ela o abraçou assim que o viu com um sorriso no rosto.

— Minha princesa! - Ele a tomou em seus braços matando a saudade que sentia da filha. Ele olhou para a sala e viu a mãe a menina escorada no batente da porta - Joana.

— Alfredo. - Ele ainda olhava com compaixão. No fundo Alfredo ainda amava a ex-esposa, e ela ainda ficava mexida com a presença dele, mas depois do que aconteceu no passado...

— Então, - Lia cortou o clima - vamos à praia?

— Claro! Coloca sua mala no carro, quero trocar duas palavrinhas com sua mãe. - Lia olhou para o pai, depois para a mãe.

— Tudo bem, só espero que vocês continuem vivos quando eu voltar. - os dois olharam pra ela com um olhar nada bom — 'Tô indo!

Alfredo se aproximou de Joana a olhando nos olhos, seu coração doía no peito. Ele tentava algum tipo de aproximação, mas ela continuava imóvel. Os anos se passaram e ela continuava linda, talvez até mais bonita do que antes, talvez mais bonita do que a 30 segundos atrás.

E só damos valor quando perdemos...

— Jô eu...

— Pode indo. - ela o interrompeu - O que? Não eram duas palavrinhas? foram-se as duas palavrinhas! Sem baboseiras, Alfredo.

— Joana, Você continua chateada comigo?

— Chateada? Não, não estou. Só não quero mais te ver, simples assim.

— Eu estou arrependido! Eu queria que você me entendesse, que me perdoasse.

— É difícil te entender, sabia? Te perdoar... Mas você tem meu perdão faz 2 anos, eu só não sei o que você ainda quer comigo.

— O jeito que tudo acabou foi tão ruim, eu mal vejo a nossa filha e...

— Foi o jeito certo, Fredo. Foi a melhor maneira de resolver as coisas. - Joana deu as costas à Alfredo e seguiu até a cozinha, ele foi atrás dela. Ele a queria de volta, precisava dela, ele percebeu como a vida dele era sem ela.

— Eu acho que pra você foi o único jeito, - ele indagou irritando-se - mas eu acho que você se precipitou de mais, que você não buscou outras alternativas, porque, Joana, eu pensei em outras alternativas! Eu quis novas alternativas, mas você não pensou nisso! Não quis isso!

— Você acha que eu não pensei?  Que não quis? - desabafava Joana - Não tentei voltar atrás? Acreditar naquilo que um dia você tinha dito pra mim, Alfredo? Você acha que foi fácil pra mim? Pois fique sabendo que não! Eu te amava, Fredo. Pra mim a vida sem você era uma vida vazia, e eu tive essa vida vazia por muito tempo, até o momento que me cansei. Eu fiz uma escolha, e preferi ficar longe de você.

— Jô...

— Fredo...

— Gente? - A filha do casal chamou-os na porta da sala e eles se recompram.  - Pai, Vamos?

— Minha filha te espera. - Joana disse firme - Eu só espero que você não quebre o coração da...

—... nossa filha? - ele a interrompeu - Não cometerei o mesmo erro sabendo que as consequências doem e muito segundo seu ponto de vista.

Lia pigarreou chamando de volta a atenção dos pais.

— Muito surf para nós! - Lia disse na tentativa de mostrar ansiedade para que aquilo logo acabasse.

— Sim, minha linda! 

Já no carro em direção ao litoral, Lia pensava nos meninos. Nick e Jake. Em tudo o que as amigas diziam, no ciúme desnecessário do Jake com o Nick, e isso a fez lembrar do jeito gentil que Nick a tratava toda vez que o via, que estava com ele. 

— Por onde anda essa cabecinha, minha pequena? - Perguntou Fredo.

Já que ele tinha perguntado, não custava nada tentar pedir um conselho, mesmo que seu pai não seja lá uma das melhores pessoas em relação esse assunto, mas não custava nada tentar.

— Pai, suponhamos uma situação. Uma garota conquista o coração de dois garotos - disse, sem ter ainda muita certeza no que dizia - e ela fica, de alguma forma balançada por eles e como se não bastasse essa confusão de sentimentos, ela ainda tem duas garotas que gostam, ou melhor dizem que gostam deles e fazem sempre coisas para atingir essa menina. O que essa menina poderia fazer para se livrar disso?

— Bom... - o pai da menina deu um sorriso pensando naquela desculpa boba de "suponhamos" - O que eu posso dizer é que essa menina deveria seguir seu coração, pode ser que um dos dois meninos sejam "o cara" e pode ser que não. O ruim é que nessa história toda alguém vai sair magoado, pode ser a menina ou um dos garotos. 

"Meu pai está me surpreendendo", pensou Lia.

— E as garotas? - perguntou ela.

— Essas meninas estão apenas inconformadas, sentindo falta de atenção, precisam de análise. Com certeza deve ser ex querendo voltar - ele respirou e continuou sem pensar muito na sua vida - o melhor a se fazer é ignorar deixar elas de lado, não dar bolas para o que elas fazem ou dizem. Elas só implicam mesmo, não é?

— Sim, pai - ela concordou - não tem nenhum bullying, só isso mesmo.

— Que bom. Então é só dar uma resposta e jogar o cabelo! - ele fez um movimento com a cabeça e arrancou risadas da menina.

— Resposta? De que tipo? - ela perguntou já rindo.

— Olha só, querida - ela segurava a risada da voz fina e do jeito que o pai falava - não tenho culpa que meu brilho atinge seu recalque, tá bom, monamú!

A garota caiu na gargalhada junto com o pai.





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