'Surpresa'

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Quando as meninas entraram na escola, perceberam que os olhares para cima de Lia não estavam ali. Não porque ninguém mais olhava, mas porque não tinha as pessoas ali. Elas chegaram perto de Joe e Logan, que conversavam e se cumprimentaram.

— E cadê aquele povinho chato? – Pergunto Jess olhando em volta.

— A única coisa que posso te dizer – falava Joe – é que a sala da Dona Ângela 'tá lotada essa manhã, ela quis conversar com alguns alunos referente a umas gravações das novas câmeras de segurança.

— A coisa 'ta ficando séria na Buggard... – Disse Mel se aproximando do pessoal entrando na conversa, enquanto esperava os colegas da sala dela.

— Eu tinha campeonato, Sophia! – Laura, capitã do time de vôlei discutia com Sophia no banheiro.

— E eu tenho culpa? – Respondeu dando de ombros passando o rímel nos olhos

— Tô começando a achar que essa merda toda não valeu de nada!

— Eu não faço nada atoa, Laura, e você me devia essa. Ou você queria que eu contasse a todo mundo que você...

— Tudo bem, Sophia. JMel!ntendi. Só sei que eu e parte da minha equipe está toda prejudicada, e a gente só pode jogar no mês que vem, isso quer dizer que vamos perder 3 jogos do interescolar!

— Riscos da vida! – Sophia terminou de retocar o gloss – mantenha sua boca caladinha.

— 'Ta tudo tão melhor... – relaxando, Lia colocou a caixinha de suco de uva sobre a toalha que usavam para comer.

— De nada – Disseram as meninas sem sincronismo.

— Vocês são as melhores, sério... Não é todo mundo que faz isso pelos amigos.

— Lia, você é do bando e o bando é sempre unido! – disse Jasmine. Elas se abraçaram. – E gente, eu preciso da ajuda de vocês...

— Fale, Mine! – Lia virou-se para a amiga pondo o canudo do suco na boca.

— Tem um cara...

O coro de 'AAAAAAAHHH'. Todas deram sua atenção a menina cheia de sardas na frente delas, com os olhos esbugalhados e ansiosas por notícias.

— Ele é legal... a gente anda conversando... ele é lá do condomínio!

— A-M-I-G-A pega ele! – Dizia Lia.

— Menos, Lia – repreendeu Anne – Já pegou?

— A gente se beijou ontem à noite – confessou, tímida.

Gritos se juntaram com o sinal do final do intervalo e Jasmine ria com a empolgação das meninas.

— Nome?! – Perguntou Jess.

— Ícaro... – Respondeu tímida. Mais gritos.

Ângela e Joana conversavam fazia já 15 minutos sobre o assunto bullying, esclarecendo que os alunos que insultaram a Lia vão ter acompanhamento da psicóloga da escola e que já foi enviado um e-mail para os pais e entrarão em contato por telefone também.

— Isso é ótimo! Eu passei pelo o que a Lia está passando. Eu não queria que minha filha vivesse isso. Que amadurecesse por esse caminho.

— Entendo-te e compreendo que tua filha não merece, nenhuma de nós. Conversastes com Lia?

— Sim, e ela me contou o que fizeram, do jeito dela, claro. Não quis dizer tudo por medo de me magoar, de falar o que está acontecendo.

— Já estivemos do lado dela, Sra. Sanches. Ela é uma menina maravilhosa, ela não fizera isso porque não confia em ti.

— Lia antes de ser minha filha, é minha amiga, Dona Ângela!

Quando a reunião acabou, acabou junto a as aulas das meninas. Esse era o plano: Lia e Joana iriam aproveitar o restante do dia juntas, já que ela recebeu a folga para comparecer a escola da filha.

Joana encontrou a filha conversando com uma linda menina loirinha que estava de braços dados com ela. Quando Lia a viu, sorriu e não saiu correndo como fazia como quando era menor, mesmo que Joana desejasse muito isso.

— Pai! – Isso saiu da loirinha que largou o braço de Lia e correu ao encontro do homem que a abraçou forte.

— A Mel é tão espontânea. – Comentava Lia olhando a cena.

— Deus te abençoe, Lia Maria. – Joana riu e beijou o rosto da filha.

— Lia! – Chamou Mel – deixa eu te apresentar meu pai!

Joana virou-se em direção a quem a menina chamava de pai e tomou um susto. Um susto bom.

— Oi! - Ele a cumprimentou sem graça e ela deu um aceno com um sorriso.

— Pai, essa é a minha amiga Lia. Lia esse é meu pai, Tulio Orlandini.

— Prazer – respondeu Lia apertando a mão dele – Essa é a minha mãe, Joana Sanches.

— Como vai, Sra. Sanches? - Mel apertou a mão da Joana.

— Muito bem...?

— Mel – respondeu Lia.

— ... Mel!

As meninas notaram os olhares entre Joana e Tulio. Se olharam e entenderam tudo, eles já se conheciam. Ela era a mulher que o pai havia desabafado na hora do jantar e ele era o homem que a mãe contava confidências no café da manhã.

— Vocês já se conhecem, não é? – Soltou Mel.

— Sim, ela trabalha no jornal em frente ao escritório.

— Tomamos café algumas vezes.

— Eu acho, - dizia Lia – que podíamos todos tomar um café, o que acham? Nós iriamos no shopping, não é mãe? – A mulher balançou a cabeça afirmando. – Ótimo!

— Mas nós iríamos de ônibus, se não for um problema... – Joana olhou para ele com um olhar desafiador.

— Ótimo! – Mel estranhou a decisão do pai, nunca imaginou que ele largaria o amado carro para pegar um transporte público.

— Então, vamos! – Disse as meninas animadas dando o braço e andando até o ponto de ônibus.

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