'Dizendo o que precisa ser dito'

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— Como é que vamos resolver isso agora! – Gritava Kelly no banheiro feminino – Parece que isso só a uniu com ele. Aquela...

— Acalme-se – Sophia a segurou pelos ombros e a sacudiu – precisamos fazer alguma coisa.

— Como o que? O Nick 'ta cheio de peninha dela – reclamou Kelly.

— Vamos resolver isso.

— Ah é... vamos... – Kelly ia até o cartaz do banheiro que estava uma foto de Lia no chão com a cara mais sem graça depois de ter tropeçado. – Quero ver se fosse o Jake, o que você faria.

— Estaria como estou ago...

— Não – interrompeu Kelly – você não estaria. Você queria acabar com a raça dela – Kelly rasgou o cartaz cortando Lia ao meio. – E é isso que eu quero fazer com ela. Vai ser isso que vamos fazer.

— Acredite ou não, Kelly, mais eu tenho mais motivos do que você para querer fazer isso.

Jake ainda morria de ciúmes vendo Lia com Nick. Ele ter chegado com ela o tirou do sério, o fez acreditar cada vez mais que ele e ela tinham sim alguma coisa. Mas ele também se sentia preocupado com ela, aquilo era muita maldade e tinha uma ideia de quem deveria ter feito aquilo, sabia quem tinha feito antes com outras pessoas, por motivos egoístas. Tinha pegado pesado, isso era demais! Cartazes humilhantes pela escola? Mensagens ofensivas?

Quando o sinal tocou anunciando o recreio, ele mandou uma mensagem para Lia, mesmo tendo sido ignorado em todas as outras que mandara, ele tinha esperança que aquela ela responderia. Precisavam conversar, ele precisava esclarecer coisas. Não queria magoá-la e se isso significasse ter que ver Nick abraçado com ela e se ele for realmente apenas amigo dela, ele aceitaria numa boa, afinal, foi por essa pressão que resolveu terminar com Sophia, bom... foi um dos motivos.

Só que ela não leu.

Não sabe o que aconteceu, ou como isso aconteceu. Ela só ficou sozinha na sala depois que todo mundo saiu. Bateu uma sensação de desespero. Parou de escrever e guardou as coisas. Maldita hora que se distraiu terminando o dever da próxima aula! Quando terminou de juntar tudo e saiu da sala, algumas meninas do time de futebol feminino da escola estavam lá. Ela se sentiu mais assustada do que deveria.

E tudo começou.

Ela não queria ouvir nada do que ouviu. As risadas, as ofensas, o ódio gratuito... ela só se perguntava o porquê daquilo tudo. Aonde aquilo era divertido, porque não fazia uma graça.

Ignorou.

Segurando o choro e se fazendo de forte ela saiu da sala e foi para o pátio. Alguns alunos viram o que aconteceu. Alguns alunos se sentiram incomodados com aquilo. Ninguém fez nada.

Já com o choro preso e a máscara posta, Lia foi onde as amigas dela estavam, deixou as coisas e foi buscar a bandeja de lanches. Continuou comendo suas frutas e seus sucos, que de repente deixaram de ser a escolha de alguns alunos. Em vez de comerem, como a maioria, passaram a comprar seus lanches com o argumento de que eles não precisam daquilo, eles têm grana. "Isso é para os menos afortunados...", "Tão legal o trabalho de dar educação para os pobres, essa deve ser a única comida que ela come" eram o que diziam.

— Lia – disse uma menina que pegou uma Pêra ao lado da menina – não liga para eles, tá? Papai é CEO e nem por isso 'to comprando lanches na cantina.

— A questão não é... CEO? Mel! – Lia mal acreditava – você 'ta brincando!

— Não vejo motivos, é todo mundo rico nessa escola! – Se explicou.

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