How So? Pregnant?

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O noticiário mostrava apenas as tragédias do dia anterior, a TV amanheceu ligada. Meu rosto havia ganhado a forma dos quadradinhos do teclado do notebook, mas o relatório havia sido enviado.

Se eu continuar dormindo assim, meu salário vai ser todo para pagar as contas de energia, pensei alto.

Tomei um banho e o rosto foi ganhando a forma de sempre, a de uma sobrevivente em Chicago, coloquei a farda, que não era farda, era apenas um traje executivo que eu apelidei de farda pela quantidade de vezes que eu tenho que vesti-lo em um mês. Uma blusa de manga cumprida vermelha e uma saia na altura do joelho preta, como as pernas não podiam ficar dançando no ar desnudas, era necessário a velha meia calça preta, cansada de guerra. Tomei o velho café à la Friedman, ovos mexidos e bacon com uma xícara de café forte, que deveria ser repetida pelo menos umas cinco vezes ao dia e saí.

-Bom dia! - Cumprimentei a todos assim que cheguei, desde a portaria ao segundo andar, o que fez com que eles me olhassem estranho.

-Isso é febre? - A Clarie checou a minha temperatura com o dorso da mão - mostra a língua - fiz o que ela pediu sem hesitar - você fumou?

-Não. - Respondi rápido.

-Bebeu?

-Não.

-Um granizo caiu em cima da sua cabeça e atingiu uma parte letal? - Franzi a testa.

-Acho que... - Dei uma breve pausa - não.

-Mandou o relatório?

-Sim.

-Dormiu com alguém? - O ritmo das perguntas era acelerado, mal me deixava tempo para pensar.

-Sim - ela arregalou os olhos me fazendo temer que eles caíssem - com o Bob.

-Bob? - Foi a sua vez de franzir a testa. - Você nunca me falou de nenhum Bob.

-Bob, meu cão.

-Ah - ela respirou mais levemente, como se estivesse aliviada - eu achei que o nome dele fosse Fred - ela voltou a ficar confusa.

-Lembra-se do dia que você e o Peter foram até o meu apartamento?! Você disse que ele sabia mexer num aspirador de pó e o mesmo sugou o Fred, lembra? - Em minha testa surgiu uma linha de raiva enorme - então saímos para beber alguma coisa, eu achei que estivesse tudo feito, quando voltei ouvi o ultimo gemido dele e rasguei o saco com uma tesoura, ele estava dentro.

-Ah foi... - Ela parecia não dar importância ainda. - Até hoje eu não entendi o que ele estava fazendo por perto.

-Ele era um filhote, tinha dois meses, o que esperava?! - Foi logo depois que eu ganhei o emprego e precisei me mudar, foi tudo de repente, meus pais me deram ele para eu não me sentir tão sozinha num lugar diferente, com gente que eu nem conhecia.

-Sinto muito - ela ergueu a mão e alisou o meu ombro, demonstrando estar arrependida. - O Bob está bem?

-Sim, obrigada!

O dia não foi tão agitado como de costume e eu pude largar às duas horas, se tem algo de positivo na Ketman é que eles te deixam fazer seus próprios horários, desde que você esteja a quantidade de horas estipuladas durante um mês por eles, está tudo bem.

Resolvi tirar o resto do dia só para mim e fui ao shopping fazer umas comprinhas, o que eu não faço desde que cheguei aqui. Estava disposta a comprar algumas coisas para o Bob brincar, acredito que os dias dele devem ser tão solitários quanto a minha vida amorosa.

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