(Narrador autor)
O telefone gritou pela terceira vez naquela manhã. A terceira e a última vez porque Deena logo atendeu. -Alô? É da casa da Dana, Demi... -É Deena! -Ah, sim claro Deena... Aqui quem fala é a Amanda. Lembra de mim né? Da livraria aquele dia... Então, eu vou dar uma festa hoje aqui em casa. É o aniversário de três anos do meu cachorrinho e... Bem achei que como você acabou de chegar na cidade queira conhecer gente nova. -Não, obrigada. -Não, espera! Por favor, eu sei que a gente não se deu muito bem, mas é que a galera toda da escola vai estar aqui e tem gente que quer te conhecer. Deena murmurou algum palavrão antes de concordar e desligar rapidamente o telefone. Com o tempo Deena desenvolveu uma dificuldade muito grande de socializar, de confiar em alguém. Ela continuou arrumando seu enorme guarda roupa. Quando terminou a última parte foi conferir seu segredo. Abaixou-se até a última gaveta e conferiu o fundo falso que continha a 38 . Aquela arma de alguma forma a tranquilizava, a separava de qualquer perigo que pudesse surgir e isso incluía si mesma. No final da tarde ela foi se arrumar para a tão exagerada festa de Amanda e depois de estar pronta pediu um táxi. Todo mundo estava indo pra festa dela pois a quantidade absurda de carros estacionados no bairro parecia exceder o total de carros da própria cidade. Deena entrou e ouviu a gritaria, havia meninas dançando em cima de mesas e jovens já muito bêbados caindo de rir na piscina. Ela até cogitou a ideia de estar atrasada pela quantidade de bagunça que já havia na casa, mas não estava. As festas de Amanda eram sempre assim. Deena achou uma poltrona no andar de cima onde havia menos pessoas. Sentou e olhou pela sacada a sua frente o luar. A lua sempre a lembrava de Dylan. Ela roçou o seio com as mãos procurando seu colar que ele lhe dera muitos aniversários atrás. Uma mão encostou em seu ombro a fazendo estremecer de susto, ela logo levantou e empurrou a pessoa. -Quem é você? Ela perguntou ofegante e assustada. -Calma, eu sou o Andrew...- Ele se levantou do empurrão e olhou pra ela. -Eu só... Vim falar com você, quer dizer a festa está insana demais pra mim e eu vi você sozinha achei que a gente talvez pudesse conversar um pouco. Eu não quis te assustar assim. Deena se recompôs. -Me desculpe. Meu nome é.. -Deena! Eu sei. A cidade é pequena e qualquer coisa que se fala para a Amanda é fácil de espalhar, principalmente se for sobre a garota ruiva, bonita e misteriosa. O olhar deles se encontrou um pouco antes de ela sentar-se de novo sem nada. Ele se sentou no parapeito de costas para o vazio e frente para Deena. -E então Deena... De onde você vem? -Pergunta errada.- Ele franziu a testa - Como assim pergunta errada? -Você me disse que pensou que a gente poderia conversar e para conversar é preciso um assunto em comum. Perguntando sobre o meu passado induz um monólogo no qual eu seria a única a falar. -Wow, eu achei que era apenas uma pergunta mas... Então tá. O que traz você, Deena, a esta festa? -O táxi. -Ele riu, ela não.-A Amanda me convocou... -É tão difícil para você vir a uma festa? -Difícil é sair da cama de manhã... Vir a essa festa foi muito mais do que difícil. -Parece que você não gosta de festas. -Eu não gosto das pessoas bêbadas das festas. -Acho que você precisa relaxar um pouco. -Como assim? -Quer beber alguma coisa? -Que parte de "eu não gosto das pessoas bêbadas das festas" você não entendeu? -Acho que você está bem estressada... Ele se inclinou chegando o rosto bem perto do dela. Depois subiu a mão pela coxa dela até a barriga. Quando Deena compreendeu a situação e empurrou pelo ombro e o jogou no chão. Começou a chutá-lo e era tarde demais para tentar interromper sua crisa de agressividade. Ele bateu no garoto até que todos estavam em volta a separando e então ela olhou em volta e viu a expressão de medo das pessoas. Olhou para Andrew no chão, escorria sangue de sua boca. Deena se sentiu um monstro, se sentiu perigosa, se sentiu como... Como Amber. Ela precisava sair dali. Desceu correndo as escadas e correu rua abaixo.
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Quem é Deena?
Mystery / Thriller-Talvez ela seja uma daquelas pessoas que precisam viver aos empurrões... Aquelas que precisam de um motivo a mais para descer a rua além da própria gravidade.