Chapter 3 - Lilás.

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"Lilás simboliza respeito, dignidade, devoção, piedade, sinceridade, purificação e transformação; representa o mistério."

~·~

Bebê não era um apelido qual Louis já fora chamado um dia. Nenhuma pessoa jamais - em seu próprio julgar - seria tão cuidadosa consigo a ponto de tal ato. Além de sua mãe, é claro. E agora, Harry Styles.

Nos vagos pensamentos do jovem Tomlinson, nada que ele fizesse ou dissesse algum dia o tornaria merecedor de carinho e compreensão, ele não passaria de uma pessoa enlouquecida tentando encontrar seu caminho mais correto, que contudo, provavelmente nada de certo realmente abrangeria, afinal, ele é o único menino a usar as roupas da mãe morta. O quê de sensato havia nisto?

Louis acordou com os suaves raios de sol batendo contra seu rosto, o alarmando que já era um novo dia e frustrado ele grunhiu contra as cobertas. O menino se conteve em fechar a pequena brecha da janela qual lhe trazia luz e voltar a dormir. Mas logo se lembrou de que aquele era seu último ano no colégio e se ele quisesse passar para uma faculdade renomeada e tentar seguir pelo menos uma pequena porcentagem do que parecia uma vida normal assim ele deveria ir todos os dias para seu inferno particular estudar o máximo que pudesse e lhe garantir o final dele.

Louis encarou sua imagem no espelho, xingando a si mentalmente quando reparou os olhos inchados por tanto ter chorado na noite anterior, tal noite que ele queria esquecer pelo resto da vida mas que por seus vestígios em seu rosto o fizeram relembrar cada mísero e torturante segundo de seu desfeixo.

Ele conseguia ver ele mesmo num pequeno pânico quando fechou os olhos e se entregou a tal lembrança. O vestido de noiva se fazendo o principal ponto do alto de um telhado, reluzindo contra a pele dourada em contraste perfeito com seus cabelos rondados pela coroa prateada. E lá não podia faltar o seu intrigante e único expectador; o fitando presunsosamente com o ar de um bom e fiel cover de James Dean, engatado pela desnecessária capacidade de fazer Louis se sentir tão envergonhado porém estranhamente confortável em sua inevitável exibição.

"Deus, não me deixe trombar com ele. Pelo menos não por hoje, por favor?"

Louis segurou os cabelos com força, nervoso e, se assim posso dizer, com vergonha de Deus. Bem, ele havia o dito que o odiava na noite anterior e agora estava ali completamente desesperado por um favor. Mas se Deus o amava, certamente estaria ali para ouvi-lo e ajuda-lo. Ou... Apenas fazer as coisas como a vontade dele, e não as de Louis?

~·~

O sinal tocou estridente contra os ouvidos do menino encarando a entrada do Colégio, assustado com os inúmeros olhares presos em si em meio à o final de uma prece que durou da saída de sua casa até ali.

Ainda relutante em adentrar o Colégio sabendo de todas as encrencas que ali encontraria, o menino apenas teve em mente seus propósitos jogando para longe de sua cabeça tudo o que o faria dar meia volta, correr para casa e chorar pelo resto do dia chamando a si mesmo de uma merda de perdedor.

Louis mordeu os lábios com força e agarrou os próprios dedos em torno da blusa listrada em vários tons de lilás que lhe cobria todo o braço. Sua mãe estava ali em sua pele, nada poderia o preocupar, nada haveria força o bastante para o fazer desistir. Isto era tudo o que sobrara, sua vida acadêmica.

···

Quando Louis adentrou a sala repleta de adolescentes que falavam pelos cotovelos e se atormentavam como se estivessem no primário ele não pode deixar de se sentir um animal exótico em extinção. Todos se calaram em sua presença e suas mãos tremiam em nervosismo. Não era como ser apenas um garotinho de dezesseis anos entre jovens de 18 à 20; ele era de fato uma peça única e memorável. Mas que de modo algum era lembrada por seu lado positivo.

After Mamma's Death | l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora