Capítulo 1

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Será que quilômetros interferem em algo que tem tudo para ser um belo romance? Essa é a minha dúvida, a maior de todas, sobre o amor. Ele vem chegando de mansinho e nos preparando para viver mais uma história de amor com direito a magia, ternura e aquele papo todo que geralmente não nos leva a lugar algum senão sofrer por amor.

Mas por que isso acontece são outros quinhentos. Graças a mim e minha mania de fazer tudo certinho prometi a mim mesma que não namoraria antes dos dezoito e cá estou eu, com dezesseis jovens anos e experiência de sobra, pronta para ajudar quem precisa e sem ideia de como ajudar a mim mesma. Ainda mais quando a distância vem estragar o que nos resta desse amor. Sábias palavras de quem disse que o amor é uma furada, e eu acredito até que me provem o contrário. Então é isso, o amor é definido como sentimento, mas prefiro acreditar que é um medo. Um belo medo. Ele sempre deixa um buraco em nós quando resolve ir embora e as consequências são as piores por um dia já nos ter feito felizes.

E eu não sei mais o porquê de se contentar com tão pouco. Meios sorrisos, meias alegrias, e quando o amor não dura eu dou risada. Sim, pelos pseudonamoros de hoje que tem motivos diversos para acabar, mais ainda pra começar e não tem amor. As pessoas finalmente descem dos tronos que só elas veem e enxergam que falta amor pra dar certo. E parecem gritar: não vai embora! Não vou me acostumar sem você! Mas só parecem porque o orgulho é o vilão de tudo isso. E os relacionamentos funcionam à base de status, porque hoje em dia temos que seguir padrões de beleza para se tornar "alguém" na vida. Acredito que nós é que deveríamos fazer nossos próprios padrões arriscar um pouco, fugir da rotina e fazer o que nos deixa feliz sem provocar a tristeza dos que estão ao nosso redor.

Acontece que o meu sentimento em relação ao Theo Campbell é antigo, ainda é recíproco e as chances de isso acontecer eram mínimas já que ele se tornou o menino mais popular da escola. Crescemos juntos, mas ao longo do tempo nossos laços afrouxaram. Sou apaixonada desde os onze anos por ele, e nossa infância dá motivos de sobra pra isso: quando a nossa poesia era a incerteza do futuro, sem nada sério. Duas crianças que nem imaginavam a complexidade de uma paixão. Brincadeiras inocentes, passeios de bicicleta e descobertas que um dia seriam fundamentais.

Tudo bem, nem todos os dias são os melhores. Mas eu estou bem, em um dos meus melhores dias de bom humor, de bem com a família e passando amor em tudo. É mais simples levar a vida com orgulho, seguindo sua melodia, vivendo à sua maneira. E eu não quero desistir de lutar, quando é difícil conseguir o que você quer se torna muito mais difícil perder. Quero viver a felicidade plena, seguir com um sorriso quer triste quer feliz, um dia eu ainda aprendo a semear afinal a gente colhe o amor que planta.

Essa é a pura realidade de uma garota de dezesseis anos; eu amo, mas ainda não aprendi o significado. Uma utilidade? Não sei. Amo quase profundamente tudo que me rodeia, mas no carrossel da vida às vezes enjoamos daquela mesma rota. E nossas fraquezas começam a incomodar, nos impulsionando a lutar e fugir da rotina. Tudo começa quando você percebe o que quer. Eu descobri que não quero meios amores, meios sorrisos, não me contento com quem não se joga de cabeça. Gosto de gente que mete a cara se arrisca e aposta tudo num amor. Gente que dá risada dos defeitos da vida, que aprende a conviver e a gostar do seu modo de pensar, de agir. De suas qualidades e seus defeitos.

Amor vem sempre de um jeito esquisito. A gente só descobre que ama quando isso começa a importar e tomar conta dos pensamentos, mas é injusto não ter tempo até lá pra se decidir, pra ter certeza que quer se apaixonar. Uns anos para eu me achar, o meu lugar no mundo requer minhas peculiaridades. Estou em fase de transição, aonde me descubro e desenvolvo meu pensamento, minhas teses e teimosias. Mudei, cresci, finalmente descobri quem sou eu. Entre as confusões da vida, meus altos e baixos, quando precisei parecer forte, me fortaleci para defender até o fim aquilo que eu acredito. É complexo falar das minhas paixões porque eu nunca acreditei que era mesmo pra valer, agora não quero mais me envolver, tanto faz. Mas agora é tarde para se preocupar, já prolonguei o fim de algo que era pra ter sido tão curto, era só uma paixão de criança.

DefeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora