Capítulo 2

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- Poderia me dar cinco minutinhos a sós com ela?

- Claro! Só quis me certificar de que está tudo bem – ele respondeu cabisbaixo.

- Menina, não desanima você é forte e não sabe por que nunca precisou de sua força. – Minha irmã tentou confortar, alisando delicadamente minhas bochechas vermelhas. - seus sentimentos são mais importantes do que você imagina. Não precisa fingir que não se importa! Vocês dois não sabem nem esconder que se amam perdidamente e não precisam se passar por dois estranhos. Todo mundo torce por vocês, e nós queremos apenas ver a felicidade de duas pessoas como qualquer outro casal. Nós presenciamos a luta diária de vocês, desde a infância pra ficar juntos. O quão bonito é, ver dois adolescentes dispostos a esquecer de si para viver de acordo com a necessidade do outro. E eu acima de todos quero a felicidade da minha irmãzinha!

- Tudo bem, é que essa história toda me confunde muito. E agora chegou à escola uma tal de Clara que me deixa louca. Está sempre tentando nos atrapalhar e aonde o Theo vai, ela o segue. Que raiva.

- Shh, vai ficar tudo bem, querida! É só uma fase, você vai ver. – ela me abraçou forte, e acariciava meu cabelo. Eu precisava dela comigo, me transmitia segurança.

- Tomara! A última coisa que eu quero na vida é o perder... Por falar nisso, poderia chamá-lo para mim?

Uma ponta de esperança surgiu e ele lacrimejou, piscando logo depois para afastar um possível choro de alegria. Nunca me vi tão feliz por fazer outra pessoa (essa em especial) feliz.

- Entra Theo.

- Tudo bem por aqui? Gostaria de saber o que aconteceu no parque. Você parecia nervosa – era perceptível preocupação no seu tom de voz, e parte de mim sentiu uma ponta de culpa. – Pode explicar?

- Sim. Primeiramente, perdão pelo showzinho, eu sei que foi ridículo. Apenas tive uma crise de ciúme!

- Não tem problema, vem aqui!

Ele pulou na cama e me deu um beijo na testa. Depois, ficamos abraçados por mais ou menos dois minutos, mas que pra mim significaram uma eternidade ao seu lado. Foi importante pra mim escutar do Theo que ele se importa comigo, que ele ainda me ama, e que não me julga por ter sido infantil.

Ele continuou:

- Bom, ainda bem! Por um instante pensei que nossa reciprocidade estivesse por um fio. Agora tenho que correr para o treino de futebol ou irei me atrasar, mas depois a gente se fala. Ah, e não esquece: eu te amo.

- Theo?

Ele hesitou. Por fim, parou perto da porta.

- Eu adoraria ir ao baile com você. – resmunguei um 'eu te amo' e o deixei desaparecer degraus abaixo. Pude ver seus olhos recuperarem o brilho que antes tomava conta dele.

Deitei e fechei os olhos. Eu só conseguia pensar em uma coisa: Reciprocidade. Será que ele faz de propósito? Ele sempre consegue me deixar derretida, e eu nunca fico com raiva dele por mais de cinco minutos. Olho pela janela e mais uma vez a cidade do sol se rende à noite, e o luar surge para encantar mais ainda minha vida. Aproveito para agradecer a Deus por estar sendo comigo.

A vida é um semáforo e nós fazemos o trânsito. Temos que saber o tempo do sinal vermelho, o alerta do sinal amarelo, e o momento certo do siga. Se desobedecermos a essa ordem, o trânsito vira um caos. Assim, temos tempo para tudo, inclusive para o amor. Deveria ser assim... Mas e se algo roubar nossa atenção?

Temos a capacidade de nos apaixonar tão facilmente! É até épico a primeira paquera, o trocar de olhares, pegar na mão "acidentalmente", o coração bate acelerado, e o medo de se apaixonar, mas não precisa ser sempre assim... Qual o melhor jeito de dizer a alguém que o ama? Qual a melhor forma de expressar os nossos sentimentos? Detalhes podem ser importantes, e as pequenas coisas trazem um significado imenso.

DefeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora