Capítulo 10 - Covil

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*... Daric... *

Logo que chegamos ao covil dos Trevas, já me sinto mal. Uma alma de Luz não sobrevive por muito tempo em lugares que transbordam raiva, rancor e maldade.
Eu sinto minhas forças indo embora e então em pensamento faço uma oração para que Deus me dê forças.

"Deus me dê forças para escapar daqui. Toque em alguma alma que tenha algo de bom aqui dentro para que eu possa concluir o meu planos".

- Está se sentindo mal, não está anjinho? Desdenhou um dos Trevas que vinha andando e parou ao lado de Breno.
Eu não falo nada. Prefiro guardar toda a minha força para realizar meu plano. Meu plano é arriscado. Eu preciso achar uma pessoa aqui dentro desse covil que tenha um pedaço de sua alma de Luz e ele/ela precisa estar disposto a mudar. Resta-me saber se há alguém assim por aqui. Não. Digo a mim mesmo. Preciso ter fé.

Pois o único jeito de sair de uma armadilha como essa criada pelos Trevas é salvar um alma. Resgatá-la das trevas e levá-la para a luz.
Seguimos em um lugar que parecia um túnel, muito escuro, úmido e que cheirava a mofo. Aposto que se eu passar as mãos por essas paredes elas estarão cheias de musgo. Penso comigo mesmo.
Lugar perfeito para os Travas.
Breno e Henry me levaram até um quarto escuro. Apenas havia uma cama, um criado mudo e uma porta a qual deduzi que havia um banheiro naquele local.
Breno me empurra com o ombro e eu quase caio no chão devido a sua força e porque eu também não estou em perfeitas condições no momento.
Os dois começam a rir. Debochando da minha cara.
Eu me limito a ficar de cara fechada, pois qualquer atitude errada que eu tomar, poderá arruinar minha fuga.
- Se prepare anjinho, amanhã faremos o ritual.

Eles saem batendo a porta, eu vou até a cama e deito pois estou exausto. Fico ali pensando, o que será que Lúcifer está aprontando? Que ritual é esse? O que farão comigo?
Eu tremo, deixo lágrimas silenciosas escorrerem pelo meu rosto. Faz muito tempo que não choro, mas depois de tudo o que passei hoje, não consigo mais ser forte. Depois de pensar que teria alguma pista sobre ela, depois de Lilith me enganar e depois dessa armadilha e da estranha revelação de que amanhã terei que pagar por um ritual satânico. Eu apenas choro.
Esse lugar está tirando cada vez mais as minhas forças.
Após alguns minutos, o que me pareceu, eu finalmente durmo e apesar de onde estou, eu sonho.

O sonho começa em um jardim com as mais variadas flores como orquídeas; rosas vermelhas, cor de rosa, amarelas ; tulipas, margaridas etc. A uns bons 30 metros de onde estou há um rio muito largo.
Na outra margem havia prados que um pouco mais a frente se fundiam a arbustos.
Eu dou um giro de 180° para ver melhor o local.
Eu paro e fico observando as alamedas de árvores de frutos e mais distantes as campinas verdejantes.
De repente escuto passos e quando olho para trás, eu a vejo. Agora não é um ilusão criada por Lilith. É ela mesmo.
Ayla está com um vestido branco longo, seus cabelos castanhos estão soltos e balançando com o vento, seus olhos verdes estão brilhando e ela vem em minha direito .
Nós dois não falamos nada, apenas nos abraçamos. Após alguns minutos nos soltamos do abraço e ficamos apenas de mãos dadas.
Nos sentamos em um banco branco e eu sinto algo no bolso da minha calça.
Levo minha mão até o local e vejo que há uma protuberância. Coloco a mão no bolso e pego uma pequena caixinha. A caixa é cor de vinho com algumas flores brancas desenhadas e no centro da caixa está escrito "Para Ayla". Pego a caixinha e a entrego para Ayla.
- Para você minha princesa.
- O que é?
- Abra e você verá rsrs.
Ela me olha por um longo momento e abre a caixinha. Ela tira de lá, uma pulseira de pérolas brancas.
- Ah! Obrigada Daric! Diz ela.

De repente alguma coisa nos interrompe e uma névoa negra cobre todo o lugar. Algo começa a puxar ela para longe de mim e eu não consigo segurá-la. Algo ou alguém puxa os meus braços e segura-os atrás das minhas costas, enquanto uma espada com uma lâmina vermelha é colocada em meu pescoço.
Mas como tudo veio, logo desaparece. Em uns instante.
Me vejo sozinho agora em meio a escuridão e não sei por onde devo ir. Não sei para onde levaram a Ayla, não sei o que fazer.
...
E então eu acordo.
...

Eu acordo suado e trêmulo. Sei que esse sonho pode ser uma espécie de visão, pois sonhos de anjos quase sempre são revelações.
Fico a fitar o teto e a pensar no sonho.
Eu conheço aquele jardim. Sim! É claro, foi onde eu a conheci.
O lugar do sonho era o jardim do Éden, seria impossível não reconhecer! Toda aquela beleza esplêndida não poderia pertencer a outra lugar, se não a um lugar cheio de Luz!
Fico atônito por alguns instantes e me mecho na cama para melhorar a minha posição.
Eu me arrependo no ato de ter feito isso.
Ai, ai, ai. Começo a arfar.

Eu mal consigo mecher minhas pernas e braços, cada músculo do meu corpo está dolorido. É um dor parecida com o dia após o seu primeiro dia de academia pesada,mais a dor está três vezes pior. É claro que eu sendo um anjo não sentiria quase nada após uma academia, pois o treino que tive quando fui criado, nenhum mortal comum aguentaria. Mas o fato é que agora eu estou fraco devido ao local onde me encontro. Eu estou vulnerável.
Tentando me mecher o mínimo possível, me endireito .
Eu não sei se já é dia, ou madrugada ou talvez eu tenha dormido muito e já é tarde. Eu não sei e isso me estressa!
Calma, calma. Repito mentalmente. Se eu quiser sair daqui tenho que começar a botar em prática o meu plano e pretendo fazer isso antes de o ritual começar....

Sou intetrompido em meus pensamentos quando a porta do quarto é escancarada e o garoto que vi quando cheguei aqui, aparece na porta.
- Espero que tenha descansado anjinho. Diz ele debochado.
- Como a bela adormecida. Digo irônico.
Sua expresso muda de divertido para irritado.
- Você se acha engraçado não é Daric?
- Eu? Que isso!
Ele não responde a minha pergunta e fala irritado:
- Vamos anjinho.
Minha expresso deve revelar medo, porque o Trevas sorri. Um
E então eu o sigo pelos túneis escuros.

Almas Entrelaçadas - Destinos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora