No lugar errado

Capitulo 8

Ela acordou ao som de gritos. Gritos esses que a lembraram do sonho que acabara de ter.
Alguém a matar a sua mãe e a levá-la a ela e há irmã. A mesma rapariga de sempre a gritar com ela por algo que ela tinha feito no labirinto e a rapariga cujos gritos ainda ecoavam nas profundezas da sua mente como se lá longe de onde quer que ela tivesse vindo, esta ainda continuasse a gritar.
Ana. O nome fluiu-lhe na cabeça. Ela lembrava-se de alguém.
Pegou na almofada e usou-a para abafar o som dos gritos de Ben no quarto ao lado. Bastaram apenas uns 2 minutos até ele se calar e ela pode adormecer e ter o descanso que lhe faltava.

Algumas horas depois
Abriu os olhos e sentou-se. Sentia-se revigorada e quase que feliz até que as recordações a assombraram de novo. Ben a bater-lhe e o sonho. Sabia que devia contá-lo a alguém mas não sabia a quem. Talvez a Thomas, mas mal o conhecia. Alby é que não de certeza. Minho! Era a ele que ela ia contar assim que ele voltasse do labirinto.
Newt entrou quarto a dentro com um olhar preocupado.
- Boa já acordaste levanta-te. Estas sempre a desmaiar tens queda para o drama.
Ela olhou-o de cima a baixo
- Pelo menos tenho queda para alguma coisa.
- Uh essa doeu - respondeu ele, o sarcasmo bem perceptível na sua voz.
- Pareces preocupado o que aconteceu?
- O Ben quase matou o Tommy e o Alby quase matou o Ben. Decidimos que o Ben vai ser expulso hoje. Daqui a umas horas para ser exato. Dormiste bastante.
Expulso. Por muito má que fosse a ação, continuava a ser demasiado cruel deixá-lo à mercê das criaturas horríveis que haviam para lá dos muros.
- Então e o Alby já sabe se me faz o mesmo?
- Ele disse que não. Por agora. Sugiro que te portes bem para ele não mudar de ideias.

Ela suspirou de alívio. Tinha de admitir que se sentia assustada e que o que Newt lhe acabara de dizer lhe havia tirado um grande peso das costas.
- Amanhã vais andar a tentar o raio dos vários trabalhos. Aqui todos fazem a sua parte.
- OK - limitou-se a dizer.

Newt levou-a para fora da cabana dos remediqueiros e deixou-a com Chuck que, por sua vez teve que ir fazer o seu trabalho deixando-a sozinha.
Ela vagueou por aí até ir dar há entrada da floresta onde acabou por subir a uma árvore a tentar interiorizar aquilo em que a sua vida se havia tornado.
Quando tentou lembrar-se do sonho que havia tido falhou-lhe algo. Já não se lembrava do nome da rapariga. O sonho começava a desvanecer-se e ela precisava de o deitar cá para fora antes que desaparece-se por completo e se não ficasse na memória dela ficaria na de outra pessoa. Precisava de alguém que a ajudasse a ligar os pontos.
- Pensativa? - Perguntou alguém por baixo dela. Obviamente o cuscu do Newt.
-Agora andas armado em stalker é?
- É um hobby
Ele começou a subir a árvore para se sentar ao lado dela.
Aí ela lembrou-se do sonho. Era agora ou nunca.
- Preciso de te contar uma coisa.
Ele olhou para ela preocupado.
- Força
Ela respirou fundo e começou.
Contou-lhe sobre os sonhos um por um. Tendo o cuidado de não deixar de fora nenhum pormenor.
Quando terminou. Olhou para ele há espera da sua reação. Este simplesmente olhava para baixo pensativo.
- Pensativo? - perguntou imitando-o
Momentos depois a sua expressão mudou para uma de choque e ele olhou-lhe diretamente nos olhos.
- E se há outra clareira?
Era estúpido essa ideia nunca lhe ter ocorrido. Fazia sentido.
- Talvez mas só o tempo o pode confirmar.
- Se tiveres mais sonhos assim diz-me logo combinado? Este pode ser o nosso segredo.
Ela acenou com a cabeça e ambos ficaram ali a olhar para o infinito num silêncio reconfortante.
Até que chegou a hora de Ben ser expulso e foram forçados a sair dali. Ela ajudando-o a descer por causa da perna e ele a ela por causa do braço. Mas a sensação de irritação continuava bem presente na mente de ambos.
Seguiram lado a lado sem proferirem uma palavra. Quando finalmente chegaram junto da porta esta encontrava-se apinhada de clareirenses.
Ao longe viam-se 3 rapazes a transportar Ben que chorava e implorava. Essa visão deu um arrepio a Joana e por momentos sentiu-se feliz por Newt estar ao pé dela.
- Newt traz a vara- Newt afastou-se dando um pequeno ataque a Joana. Olhou para os lados e viu Thomas e Chuck o que a deixou mais descansada.
Respirou fundo lentamente tentando acalmar-se. Fechou os olhos durante uns segundos e ao abri-los desejou nunca o ter feito. Ben encontrava-se agora mais perto e a visão era pior. Ele gritava por piedade. Infelizmente os olhos dele encontraram os dela o que a fez perder o fôlego.
- Tu não pertences aqui traidora- Disse ele cuspindo cada palavra. Traidora?? Pensou ela indignada. A situação deixará-a mais incomodada do que outra coisa. Todos os olhares estavam nela.
O rapaz estava a enlouquecer, provavelmente não sabia o que dizia.
Alby pareceu ignorar o comentário de Ben.
Newt voltou com algo que parecia uma vara de alumínio comprida com uma coleira na ponta. Prenderam-na a Ben.
Alby falou por fim.
- Ben, do grupo dos construtores, foste condenado à expulsão pela tentativa de homicídio de Thomas, o caloiro. Os guardiães chegaram a uma decisão e a palavra deles é definitiva. Tu não vais regressar. Nunca mais. - seguiu-se uma longa pausa- Guardiães assumam as vossas posições.
Os guardiães começaram a empurrar a vara. Ben gritava implorando a todos.
Ela só queria que aquilo acabasse. Que pará-se. Fechou os olhos com força para não ver. Sentiu o chão a tremer. As portas haviam começado a fechar-se.
Tapou os ouvidos e fechou-se daquilo que a rodeava. Estava em plena escuridão apenas ouvindo barulhos abafados do exterior. O tempo passou ela não sabia quanto.
Sentiu alguém a abaná-la.  E ouvia o seu nome abafado.
Umas mãos agarraram nas suas afastando-as dos ouvidos.
-Joana! Abre o raio dos olhos! Olha para mim! - era Newt
Ela abriu os olhos sentindo que se não o fizesse naquele momento nunca mais o faria.
Mesmo em frente aos seus olhos viam-se os de Newt. E por uns breves momentos desejou ficar assim para sempre mas esses momentos não duraram, pois ele decidiu armar-se (como de costume) em parvo:
- Já acabou! Para de te armar em bebé!
Esse comentário magoou-a. Partindo e esmagando a pequena parte dela que gostava do Newt, que acreditava que ele era boa pessoa.
Consumida pela raiva sacudiu as mãos dele e afastou-se sem mais uma palavra.