Era uma vez... Na pracinha do Casal de São Tomé, havia uma igreja. Do lado da igreja ficava o adro e, ao fundo, o cemitério. As ruas da praça e as casas em volta compunham aquele lindo cenário de um vilarejo tipicamente português.Já havia passado da meia noite, quando a menina chamou sua mãe dizendo que queria fazer xixi. Elas moravam na rua da igreja ao lado do cemitério.
Quando mãe e filha se levantaram, elas viram um clarão na rua que lhes chamou a atenção. Apesar de ser uma noite de luar, no lugar não havia nenhum tipo de luz que ficasse acesa durante a noite. Instintivamente, as duas se dirigiram para a janela. E o que elas viram foi uma procissão de anjinhos. À frente ia uma mulher que parecia a Nossa Senhora. E os anjinhos iam atrás, todos com velas acesas.
A procissão andava em volta do cemitério. Mas o que chamou a atenção da menina, foi um anjinho que andava sempre atrás. Ele corria o mais que podia, mas nunca conseguia alcançar os anjinhos que iam à sua frente. E a menina perguntou à sua mãe:
- Mãezinha, por que aquele anjinho fica correndo atrás dos outros e não consegue alcançá-los? Ele não é mais pequenino que eles?
E sua mãe respondeu:
- É que quando ele morreu, sua mãezinha derramou muitas lágrimas sobre seu corpo. Por isso ele anda carregado com as lágrimas de sua mãe. Quando morre uma criança, a mãe não pode derramar suas lágrimas sobre ela, porque irá sobrecarregá-la com seus pecados.
- Mãezinha - disse a menina - quando eu morrer não quero que a senhora chore por mim. Eu quero andar na procissão, bem pertinho de Nossa Senhora.
Moral: "Tudo que é desconhecido é tido por magnífico".
"Enquanto houver uma criança, os anjos vão existir"".