Capítulo 7

2.3K 185 86
                                    

Saímos da consulta e o Kevin diz que vai me levar para almoçar, aceito sem hesitar, estou morrendo de fome e já passa dá uma da tarde, meu estômago está quase colando nas costas por ficar mais de oito horas em jejum. Maldito exame. Seguimos para o restaurante do Bernard, o sócio do Kevin, no caminho tento puxar assunto com o ele.

— Sei que deveria ter ido para casa descansar, mas obrigado por me trazer para almoçar. Mesmo com o estomago revirado, estou faminto — digo quase débil.

— Não se preocupa. Depois de almoçar você descansa, eu garanto.

"Garante? Mais olha só!"

Arrumando-me na cadeira lembro do episódio desconcertante com a recepcionista do consultório.

— Precisava ficar tão irritado com a recepcionista? — Pergunto ainda meio grogue, por conta do anestésico que me deram.

— Ela não foi profissional, estava desatenta ao trabalho que tinha que exercer naquele momento. — Sério, ele diz com um tom de irritação.

— Não precisava Kevin, ela pediu desculpas e nos atendeu bem — sou interrompido.

— E você disse que eu estava "estressado." — Seu tom é uma mistura de ironia e irritação.

— E não está? — indago.

— Não Pablo, eu não estou estressado como você acha. Só não suporto pessoas lentas e incompetentes.

"Que mal humor do cão esse cara tem."

— Ainda bem que não trabalho para você ou com você diretamente, acho que nos mataríamos. — Me viro para janela e fico olhando o transito.

Depois da minha afirmação o Kevin fica calado e assim foi por todo trajeto até o restaurante.

Quando chegamos, o Bernard já está nos esperando e prontamente indica a mesa onde ficaremos. Após os cumprimentos, respondo a uma rodada de perguntas sobre minha saúde e se estou bem e tudo mais, coisas que se perguntam quando alguém sai do hospital.

Sentamos e pedimos a entrada. Peço uma salada com atum e uma taça de água. O Kevin regula meu almoço, me diz que seguirá todas as recomendações que o Pedro passou para ele a respeito da minha alimentação.

"Dupla dinâmica esses dois. Affe!"

— Cara, acho que como prato principal vou pedir um creme de camarão com batata. Humm! Deve ser uma delícia! — digo empolgado olhando o cardápio.

— Não, nada disso. — Ele retruca. — Você vai ficar só na salada e depois vou pensar em liberar uma sobremesa light que o Bernard preparou especialmente para você.

"Sobremesa exclusiva! Tá podendo, hein Pablo! O que vai ser depois? Uma sessão de massagem erótica?"

— Porra, você tá pior que o meu irmão! — bufo de raiva.

— Pode xingar rapaz, não estou nem aí. Agora vamos comer que estou com fome e quanto a você — me encara e aponta o indicador. — Vai se alimentar corretamente. Sem exageros ou aquelas porcarias que você gostava de comer. E tenho dito. — Fecha a cara.

Eu reviro os olhos de ódio por causa dessa proteção toda. Não sou mais criança posso muito bem pedir o que gosto, mas como estou doente, e parecendo um débil mental por conta do maldito anestésico, não quero discutir. Deixarei passar dessa vez, mas só dessa vez.

Olhar o Kevin tomar conta de mim é até bonitinho, chega até ser fofo se ele não fosse tão chato. Primeiro foi o estresse com a recepcionista do consultório e agora quer regular o que eu como. Poupe-me!

Manhã de Domingo (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora