Capítulo 7: Lagrimas e sangue.

41 2 0
                                    

Acordo assustada e sem fôlego. Olho no relógio: 2:38 da manhã. Afasto as cobertas e vou até o banheiro.
Quando me olho no espelho percebo que minhas pupilas estão dilatadas de uma forma bizarra, eu estou muito mais pálida que o normal e meus cabelos estão encharcados de suor. Ligo o chuveiro e enquanto a água esquenta tiro a roupa. Entro debaixo da água quente e tento entender o que acabou de acontecer...
Eu nunca havia tido aquele sonho inteiro, sempre foram as mesmas cenas repetidas: olhar preocupado, 4° raio, dor, flecha, braços me envolvendo. Nunca havia sido mais que isso...até essa noite.
Ao menos  agora tinha certeza que eu estava ficando louca, afinal como Miguel poderia ser o garoto misterioso se eu nunca havia visto ele na minha vida até semana passada?
Saio do banho, me seco e ponho uma camisola limpa. Ao sair para o quarto percebo o quanto está frio, ligo o aquecedor e vou até minha escrivaninha. Não estou com sono, não adiantaria eu tentar dormir de novo.
Penso em ligar meu notebook mas desisto, penso em procurar pelo livro mas essa ideia também não me agrada muito. Então só me levanto e vou até a sacada, olho para o céu que, por incrível que pareça está estrelado, depois olho para o jardim e avisto uma figura preta olhando para mim. Aperto o olhar afim de enxergá lá melhor, mas há algumas nuvens cinzas tampando a lua. Ass que as nuvens se dissipam, um contorno surgi no rosto do indivíduo, é Victor.
Ele está olhando para mim com um sorriso malicioso no canto da boca. Eu pisco uma, duas, três, até quatro vezes, e então ele some. Assim mesmo, do nada.
Pisco mais algumas vezes, mas ele não está mais lá. Volto para dentro e decido que vou tentar dormir, tomo dois calmantes para ajudar, ponho meus fones e deito na cama. Assim que fecho os olhos sinto um frio na espinha como se tivesse alguém me observando. Abro os olhos e vejo apenas algumas réstias de luz da lua iluminando meu quarto, eu estou sozinha. Decido fechar a porta da sacada, coisa que nunca faço. Volto para cama com os calmantes já começando a fazer efeito.

Acordo atrasada. Não podia acreditar que perdi o horário assim em plena na segunda feira. Me arrumo mãos rápido que um raio e desço. Encontro minha tia na mesa.

- Ei, ei, ei..! Caminha aí apressada! - ela chama minha atenção.

- To atrasada tia, preciso ir.

- Ir pra onde?

- Pra escola. Pra onde mais eu iria a essa hora? - pergunto irônica. Ela ri. - Qual a graça?

- Não viu as notícias locais de ontem a noite?

- Não. Não assisto TV.

- Cancelaram as aulas por tempo indeterminado. Olhe lá pra fora, quer sair como com quase 1m de neve tapando as ruas?

Então era isso. Estava nevando. Eu não conseguia acreditar na minha sorte.

- Agora, eu vou dar um jeito de ir pro escritório. Sílvia não vem hoje, tem problema em ficar sozinha?

- Não. - Eu até acho melhor. Mas deixei essa última frase em off.

- Tudo bem. Qualquer coisa me ligue. Ah! Falando nisso... - disse ela se voltando pra mim uma última vez antes de sair - Vic acabou de ligar e disse que virá mais tarde já que as aulas foram canceladas.

- Ah, okay. - parece que minha ideia de ficar sozinha em paz pelo resto do dia não ia dar certo.

- Tchauzinho. - ela me deu um beijo má bochecha e saiu.

Voltei para o quarto e olhei o celular, havia duas mensagens:

*Vic*
"Acorda bela-adormecida. Estarei aí às 10:00 em ponto. Esteja pronta, iremos ao Starbucks. Sem desculpas."

Revirei os olhos ao ler aquilo, eu não tinha como escalar dela. Abri a outra, de um número desconhecido:

*Desconhecido*
"Você fica linda à luz da lua."

Paraíso Sombrio...Onde histórias criam vida. Descubra agora