Capítulo 5: Cada vez mais estranho...

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Depois do que aconteceu entre mim e Miguel terça feira, mal nos falamos no colégio. A semana passou rápido e logo o fim de semana estava aí, como era inverno eu já sabia que a opção de sair da maioria dos adolescentes seria o cinema, então quando levantei naquela nublada manhã de sábado resolvi ir até meu café predileto o Monk's.
Por mais pequena que fosse nossa cidade tinha até um Starbucks, mas ele estava sempre cheio de adolescentes que por acaso eu conhecia, se fosse à 6 meses atrás eu e meu irmão estaríamos indo direto pra lá, e depois em seguida para uma festa em alguma casa de algum adolescente que provavelmente não conhecíamos mas que havia convidado à todos.
Balancei a cabeça procurando afastar essas lembranças, caminhei pelo calçadão vendo as ondas quebrar na areia, sentindo a leve brisa marítima..
Eu estava tão distraída que não percebi quando Victor passou por mim de skate.

-Opaaaa! - diz ele quase passando por cima de mim. - O que tem de tão interessante na água que sempre te deixa distraída assim Mayzinha?

-O que você quer Victor ? - perguntei de forma irritada.

-Ah, nada. Só te encher mesmo.

- Da um tempo muleke! Vai arranjar algo pra fazer e me deixa em paz! - a essa altura eu já estava quase aos berros.

-Ow! Calma ae, já to indo, estressadinha. - e saiu rindo de mim.

Depois desse showzinho fui um pouco mais rápido até o Monk's, e chegando lá fui direto até a mesa em que eu sempre sento atrás de uma prateleira decorativa de livros, perto de uma parede de vidro. Eu gostava dali justamente por ter uma das minhas combinações prediletas: café com livros. E no inverno ficava ainda melhor: café + livros + dias nublados ou chuvosos. Era perfeito pra mim.

-Ah meu Deus! Quanto tempo May! - surgiu uma vozinha e logo em seguida uma figura baixa e morena veio em minha direção: Lisa. A filha da dona do Monk's, e uma das balconistas. Afinal não era porque sua mãe era a dona que ela não gostasse de trabalhar ali, e eu admito parecia ser bom. - Como você está?

-Ah, oi Lisa. Estou bem e você? - eu disse fingindo um sorriso meigo no rosto.

-Estou bem. Senti sua falta aqui. Então o que vai querer? O mesmo de sempre?

-Hoje não, hoje quero aquele frapê de chocolate com café e canela maravilhoso que você faz.

-Ah, é pra já! Temos livros novos, estão na prateleira de cima, tem um que você irá amar! - ela se virou para a prateleira e pegou um livro grosso, de capa dura lindo. - Aqui. Já volto c seu frapê.

-Ah, obrigada.

Peguei o livro e me sentei novamente, comecei a reparar na capa, era feita com detalhes de prata de verdade, e os mosaicos formavam vários símbolos, entre eles o mesmo que havia no colar de Miguel. No meio havia uma pequena pedrinha encrustada exatamente igual à que minha mãe me deu no meu aniversário de 15 anos, uma Âmbar, a pedra que, segundo minha mãe, era a minha pedra dos olhos. Uma das mais raras do mundo.
Abro o livro e logo de início há uma mensagem "Para todos os puros que se perderam, somente quem tem o sangue encontrará a verdadeira história nas páginas deste livro."
Então na segunda filha havia uma escrita em latim "Aurae Aspirent Ubi tueor, ibi adeo.". Peguei meu celular e só por curiosidade fui pesquisar uma tradução, e consegui o seguinte " Que o vento sopre Aonde eu vejo que vou.".
Fiquei sem entender muito bem, mas prossegui, mal comecei a ler o primeiro capítulo e fui interrompida por Lisa novamente.

-Prontinho, seu frapê. Boa leitura flor. - ela disse toda animada.

-Obrigada Lisa. - respondi de forma mais doce que consegui.

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