Segundo - Noah

9 2 0
                                    

- Ah Eve, minha gatinha arisca, porque se esconde tanto assim de mim? - digo a mim mesmo, olhando para o nada, tentando me conter. Já foi besteira demais enviar um e-mail para Ofélia às 2 da manhã tentando saber notícias sobre Maeve, mas eu não pude me segurar... eu não entendo, é insano! Há algo naquela garota que me faz rastejar de desejo. E já não era fácil dormir com ela apenas a poucos metros de mim, agora a quilômetros.. Eu rolo na cama com meus pensamentos sujos lembrando a sensação de tocá-la, de seus olhos derretendo-se para mim, de suas curvas que.. oh céus, que curvas! O que eu não faria para tê-las ao alcance das mãos agora!
- DiCostri, falando com o vento de novo? Sabe que ele não leva recados, não é? - Jonah sorri com puro divertimento para mim, e eu semicerro os olhos para ele, uma ameaça velada.
- Pare de falar de minhas insanidades e me diga como está a plantação hoje. - esfrego as têmporas com os dedos tentando afastar essa dorzinha incômoda que me tira o foco.
- Bonita e intocada, Noah. Foi uma ótima sacada investir em soja nesses campos, vamos lucrar muito. Isso, claro, se a previsão de chuvas estiver certa. - ele faz aquela cara de sabichão das colheitas.
- Então temos com o que nos preocupar, afinal.
- O que quer dizer com isso?
- Ora, mas parece que você veio de outro planeta! - já estou a ponto de fazer embaixadinhas com a cabeça dele. - É óbvio que estou falando de Hernández e seus capangas!
- Mas não entendo! Você não tinha conversado com ele?
- E você crê que Hernández é homem de conversas? Ele quer lucrar! Tem os sinais de cifrão gravado nas pupilas dos olhos. - eu grito, alterado pelas noites mal dormidas. Meu humor está péssimo, sei disso, mas ele só piora com Jonah.
Olho pela janela e suspiro.
- Teremos que reforçar a vigília das alas sul e leste, pois o solo é bem irrigado naturalmente nesse lado onde corre o rio. Na ala oeste, podemos colocar um ou dois a mais, e aqui perto da casa monte uma guarda de seis, em revezamento. Anuncie aos que ajudam na colheita que se puderem e quiserem participar da proteção, que acresceremos no pagamento, é proteção dobrada por pouco mais da metade do preço. Não serão loucos de descuidar do próprio sustento.
- Puxa, muito bem pensado! - ele coça o queixo e sorri, satisfeito. - Até que papai não foi tão maluco ao te deixar no comando.
- Agradeço por seu sincero comentário sobre o quanto sou confiável, mas preciso de um analgésico, por favor.
- Logo você se acostuma com a galhada, irmão. - ele coloca as mãos na cabeça formando chifres.
- Como se eu tivesse alguém para fazê-las crescer.
- Mas é o que mamãe sempre disse, se o seu pensamento está casado, o corpo sente a traição. - e então ele sai correndo enquanto minha cafeteira voa na direção dele.
Fico com essa ideia na cabeça, imaginando se Maeve está "me traindo" com alguém agora que está longe. Não pode ser possível que ela esteja sozinha há duas semanas, sendo tão... ela. Se bem que ela nunca foi uma garota fácil de se conquistar, e pra mim a tarefa parecia nunca ter um fim. Eu sei que ela se sente atraída por mim, mas eu me arrasto tanto por ela que nunca será possível eu me gabar dessa façanha.
Mas o que posso fazer? Perto de Maeve eu volto a me sentir com 15 anos, quando era louco de amores por Lori Spencer. E sim, ela me trocou por Billy Galdez só por ele dirigir a caminhonete do pai. Não que eu espere de Maeve um comportamento assim, mas eu estou a ponto de cometer uma loucura. Já tentei me entreter com diversas companhias, todas lindas e sexies, furacões na cama. Mas logo depois de me sentir satisfeito eu desejava aquelas curvas, aquele corpo que nunca experimentei, aquela pele morena e aqueles olhos verdes, coisas que ninguém poderia me oferecer, ninguém além dela.
Já fui louco de tentar fazê-lá ficar no dia que ela se foi...
***
E lá estava ela, arrumada para uma viagem que me afastaria de vez, mas não se eu pudesse impedir. Assim que ela pagou o rapaz que iria levar sua bagagem e caminhou para a moto que se orgulhava de ter comprado com seu próprio esforço, eu a puxei pelo braço.
- Como você é boba assim para estacionar na sombra de uma árvore? É tão fácil ser alvo de desavergonhados, não acha? - eu disse, levantando uma sombrancelha. Ela fechou a cara, realmente irritada, e se soltou de minha mão.
- Gente como você? Como soube que eu estava aqui? Perseguição é um crime, e eu posso te denunciar.
- Ofélia disse, mas não creio que ela queria que eu ouvisse. - realmente, a amiga dela não queria entregá-la assim como se fosse algo corriqueiro. Aconteceu de eu estar na porta da sala enquanto ela conversava sobre isso com Betsy, irmã mais nova de Maeve. Enfim, lugar certo na hora certa, pelo menos para mim. Uma sombra passou por seus olhos, e de repente seu olhar ficou como o de um touro na tourada. Me afasto e discretamente protejo minhas partes "sensíveis". - Você está com aquele olhar assassino de novo.
- E estou a ponto de matar Ofélia e você! - ela grita, e eu sei que está furiosa. Mal podendo me conter, chego perto dela e a agarro bem junto de mim, e com isso ela suspira, surpresa. Toco seus lábios com o indicador.
- Shhh, não se altere agora, você fica sexy demais quando está furiosa, e não sou de ferro.
- Me solte, tenho que pegar estrada agora, e se Deus permitir, ficar bem longe de você! - o seu semblante mescla a fúria e o desejo. Céus, como ela é sexy! Junto mais nossos corpos e sussurro em seu ouvido.
- Não achou que ia se livrar de mim tão fácil, não é, minha doce Maeve? - beijo seu pescoço deslizando minhas mãos por seu corpo e continuo: - Você não vai ficar naquela cidade, sei que vai voltar pra mim, doçura. - e então eu a beijo, sabendo que me arrependerei amargamente em breve. Ela tinha sabor de canela e aqueles lábios macios se abriram pra mim tão docemente que senti algo pulsando em minha virilha. Soltei-a bruscamente, sabendo que não pararia se prosseguisse. Eu a arrastaria para o meio do matagal e a possuiria ali mesmo. Esta visão me deixou ainda mais excitado, mas eu já tinha feito o que queria por enquanto.
- Faça uma boa viagem, gatinha. Sonhe comigo. - e então me virei em direção ao meu carro e a deixei, atordoada demais para reagir. Somente quando eu passei por ela e pisquei, ela me encarou e gritou a plenos pulmões.
- Maldito!

Doce InsôniaOnde histórias criam vida. Descubra agora