A encruzilhada

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           Estava ficando preocupado com minha situação, demorei demais para entender o que se passava e o que havia passado em minha vida, tive a impressão de ser um imprestável, mas não era isso, tentava ainda fazer o bem para a humanidade antes de me tornar o que imprescidivelmente me tornaria, não cairia, me mantinha firme no meu caminho, minha situação surreal acabava de uma vez por todas naquele dia, definitivamente teria que tomar uma atitude mesmo tendo uma idade avançada, teria que me tornar um predador antes que virasse apenas mais uma presa fácil nas mãos do mundo, iria começar naquele momento, naquela hora, naquele dia, sem mais me prolongar nas idéias de paz e compaixão que o mundo me trouxe enquanto fui um idiota, agora entendia o preço que pagaria, mas muitos pagariam comigo, não achavam que eu era o único?  Pois iria continuar sendo.
          A raiva já  estava me consumindo devido ao sinismo que as pessoas me demonstravam, e o intelecto limitado de alguns não compreendiam que a franqueza tem momentos árduos e dificeis para quem está caminhando na frente e não atrás dos muros, mas esses muros estavam baixando e os rostos iriam começar a aparecer, a fraqueza deles estava agonizante enquanto eu crescia e me mantinha sem demostrar isso para não assustar os que se julgavam mais fortes do que eu, já não podia conviver com o amor, nem com a vida antiga que um dia me cercou, podia sentir que alho seria tirado de mim, mas não era a vida, eram meus princípios que seriam retirados, a humanidade forçava demais para o fim minha integridade e humildade, parecia que torcia para que fossem jogadas no lixo, não seria tão facil, e certamente morreria tentando mantê- la, se existiu ou existe alguma lei que faça alguém pagar por isso, gostaria que fosse usada, ou ao menos uma parte dela cumprida para que sirva de exemplo mostrando que não se pode fazer o que se quer com as pessoas, e que o fascismo ja se foi a muitos anos e não há mais espaço para esse tipo de poder no mundo atual, não me sinto tiranizado, muito menos acuado por esse segmento de poder, a luta do certo e o errado ainda persistem, nada pode ser mudado? Nada pode evoluir? Os seres tem que se matar uns aos outros por isso, pois se é essa a visão? Eu iria mostrar que posso ser o pior deles, e a tristeza que seria expelida as outras almas que no mundo habitam não se compararia há nenhuma outra antes vista, chegaria a devastação total do que há,  a instinção da raça humana, que sendo assim reiniciaria sua existência sabendo que sua inconsciência talvez tenha sido o principal motivo de tal desfecho.
          Lá onde estava encontrei uma estalagem que parecia ser mistica, algo relacionado a procura de metais e pedras que tinham valor de mercado, a noite era fria como sempre, como todo as outras que eu sempre enfrentei, uma penumbra densa e estranha pairava pelo ar, era visivelque a nuvem branca que descera dificultava a visibilidade dos que chegavam, e despertava a apreensão dos que partiam, eu estava perdido, meu cavalo exausto e com sede, certamente que morreria se eu não lhe desse um pouco de água, o que as vezes era uma íguaria nessas estalagens, bati na porta com o ferro central e demoraram a atender, pedi o que precisava e fui atendido, estava retornando de uma expedição que garimpava mais ao norte daquela capitânia, consegui uma cadeira e um guisado ainda quente, pra quem está com fome e com sede era o suficiente, comprei comida e água para o animal, e sentei calmamente com minha viola no canto daquela ampla sala, as luzes eram fracas, e pouco se podia enxergar dos que lá estavam, algumas mulheres dormiam sobre a mesa, e outras ainda circulavam por entre as mesas, fiquei observando e tentei descansar um pouco do corpo, pois a mente ali ficaria, um dos homens que estava visivelmente embriagado perguntou se eu poderia tocar um pouco de música para alegrar o ambiente, disse que claramente que precisava de algumas providências para aquele momento, e que seriam bem vindas em troca da pequena alegria no lugar, me deram o que eu precisava, e então principei alhumas cantigas que levava em minha memória, sorriam, cantaram, beberam mais do que podiam beber, de tudo fizeram até que o sono os arrastou para o mais profundo limbo, o dono da estalagem após todos estarem resonando nas mesas, retirou sua espada apontando para mim dizendo que  naquele momento só haviam nos dois acordados, eu já sabia que iria morrer ali, mas por algum motivo ele apenas disse para eu me retirar de lá, tomado pela febre de ver o ouro facil dos homens conrive minha ambição pois não podia lutar com o homem ali, nem matá - lo, pedi que poupasse meu instrumento, e segui com as providências que havia ali conseguido, me retirei sem dar as costas, montei em meu cavalo dentro da noite escura e segui viagem. Cavalguei por toda a noite por uma trilha que dava a volta por uma montanha, cheguei a outro vilarejo, as pessoas me olhavam de forma estranha, como se me conhecessem, fui até a estalagem e comprei o de sempre, um pouco de água para meu cavalo, o dono de pronto me perguntou de onde vinha, e repondi a ele que de outro vilarejo onde havia estado e alegrando mais uma noite vespertina, ele entendeu o que havia acontecido, porém me deu a notícia que aquela estalagem da noite anterior havia pegado fogo, que os homens que la estavam eram refugiados da guerra contra el-rei, e que foram roubados pelo dono estalagem, que ao acordarem nao estava mais lá, disse a ele o que o homem havia feito comigo, as pessoas foram compreendendo o que havia acontecido, pois decerto  que haviam me acusado, ali a história foi desmentida, pediram música,  dei a eles o que queriam, e eles me deram o que solicitei, segui viagem, dentro da densa nuvem branca que dificultava a visibilidade dos que chegavam, e despertava o medo dos que partiam.

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